O futuro do Hospital e património termal foram o tema central dos discursos na sessão solene de 15 de Maio. O presidente da Câmara, Tinta Ferreira, disse que a autarquia está empenhada na resolução deste problema e que nos próximos dias irá encomendar uma avaliação dos Pavilhões do Parque, para saber quanto custa mantê-los de pé.
O presidente da Assembleia Municipal, Luís Ribeiro, apelou ao consenso entre todas as forças políticas em torno de uma solução para o termal.
Na cerimónia, que decorreu no CCC e que durou mais de duas horas, foram homenageadas 22 pessoas e entidades, que se destacaram nas áreas social, cultural, educativa, empresarial e dedicação pública.
O Hospital Termal é um dos “problemas crónicos” das Caldas da Rainha, disse Tinta Ferreira, que reconheceu que a Câmara fracassou no objectivo de convencer o Ministério da Saúde a investir e manter aquele equipamento sob a sua alçada. O autarca lembrou que já no mandato anterior houve uma proposta de passagem do património termal para a autarquia, mas que foi recusada. Chegou recentemente uma segunda proposta, que agora será analisada em sessão de Câmara e Assembleia Municipal, que prevê a cedência do património por 50 anos e que a renda apenas seja paga a partir do 25º ano.
A Câmara, caso aceite a proposta, pretende requalificar o Hospital Termal e tê-lo a funcionar através de uma parceria com uma IPSS (Instituição Pública de Solidariedade Social). Para isso, prevê fazer uma candidatura de três milhões de euros no âmbito do Mais Centro, a fundos comunitários. “Será possível, nesse contexto, que a designação Hospital Termal se mantenha e que os trabalhadores permaneçam com o vínculo ao Ministério da Saúde”, disse o autarca, acrescentando que manter-se-á também a funcionar o Serviço de Medicina Física e Reabilitação, inserido no SNS.
No caso dos Pavilhões do Parque, Tinta Ferreira considera que o melhor destino que podem ter será como hotel termal e spa, mas concessionado a privados, através de concurso internacional. No entanto, e para a eventualidade de não conseguirem investidores a curto prazo, a autarquia irá avançar brevemente com a proposta de adjudicação de uma avaliação dos edifícios para ver o que é necessário para os manter de pé. “É possível ao município assegurar a verba necessária para segurar os Pavilhões do Parque, por mais 20 ou 30 anos enquanto continuaríamos à procura de investidores”, garantiu.
Também o presidente da Assembleia Municipal, Luís Ribeiro, elegeu o tema da saúde para o seu discurso, defendendo que o Hospital Termal é talvez um dos maiores desafios que hoje se põe à cidade e ao concelho. O responsável considera que o desinteresse do Estado pelo património termal abre uma “janela de oportunidade que os caldenses têm que agarrar”.
Luís Ribeiro falou da necessidade de apostar num projecto em que o Hospital Termal continue a funcionar enquanto tal, a par do desenvolvimento do termalismo nas áreas de lazer e turismo. Para que isso aconteça é necessário “o consenso” dos partidos, movimentos e cidadãos, defendeu, apelando à união de todos.
Outros dois problemas crónicos das Caldas são a Lagoa de Óbidos e a Linha do Oeste. Relativamente à lagoa, as “expectativas são boas”, disse o autarca, acrescentando que existem condições para, no final deste ano ou inícios de 2015, ser feita uma grande intervenção de dragagens. Tinta Ferreira lembrou ainda que as autarquias das Caldas e Óbidos conseguiram convencer a administração central a não colocar um muro guia na aberta que iria “perturbar o ecossistema natural da Lagoa”.
Nos anos seguintes a intervenção terá continuidade, nos respectivos braços da Barrosa e Bom Sucesso. “Estamos certos que concretizando-se estas iniciativas, até ao final da década teremos este problema do assoreamento e requalificação resolvido”, disse.
Referindo-se à Linha do Oeste, recordou o estudo pago pela autarquia caldense, no mandato anterior, que convenceu o governo a não fechar a linha férrea das Caldas para norte. As reivindicações continuam e, de acordo com Tinta Ferreira, os autarcas do Oeste terão uma reunião com o ministério da Economia, ainda durante o mês de Maio, para debater o assunto.
O edil disse ainda que as Caldas está num momento de afirmação no contexto regional, destacando-se nos “melhores índices de poder de compra na região, numa educação de excelência, numa cultura viva e actuante e um conjunto de resultados desportivos fantástico”. Contudo, reconheceu que a cidade, com uma grande predominância no comércio e serviços, se tem ressentido com a crise que o país atravessa.
A quem vive numa cidade em obras pediu desculpa pelo transtorno e justificou a necessidade desta intervenção, que permite a substituição das canalizações e a reordenação e embelezamento do espaço público. E, apesar de não ter a autonomia de outros tempos, devido à Lei dos Compromissos, Tinta Ferreira garantiu que “estão a fazer os possíveis para facilitar a vida às pessoas”.
Luís Ribeiro pede medalha para
Fernando Costa
A cerimónia começou ao som de “Acordai”, uma das heróicas de Fernando Lopes Graça, interpretada pelo Coral das Caldas (e que se tornou há dois anos um autêntico hino numa grande manifestação espontânea organizada contra o actual governo e contra a troika). O grupo, dirigido por Joaquim António Silva, interpretou ainda mais sete músicas deste compositor, acompanhado ao piano por Maria Rodrigues.
A assistir à sessão estiveram o vereador da Câmara de Óbidos, José Carlos Capinha, o presidente do Conselho de Administração do CHO, Carlos Sá, e três ex-presidentes da Câmara das Caldas, José Monroy, Lalanda Ribeiro e Fernando Costa. Referindo-se ao último, Tinta Ferreira disse ter sido “uma honra” trabalhar com ele e agradeceu tudo quanto fez por este concelho.
Também o presidente da Assembleia Municipal, Luís Ribeiro, agradeceu o trabalho feito pelo ex-edil caldense e espera que, brevemente, os “28 anos que mereceram a confiança do povo das Caldas, se traduzam na mais alta distinção deste concelho”.
Fátima Ferreira
fferreira@gazetadascaldas.pt
Atribuídas 22 medalhas
Este ano foram homenageados 22 individualidades e instituições, tendo a medalha de mérito cívico e humanitário sido atribuída ao empresário Rogério Caiado (a título póstumo). A Liga dos Amigos do Hospital e a secretária da Liga dos Amigos do Hospital, Manuela Paula, receberam a medalha de mérito humanitário e arrancaram fortes aplausos do público, que se levantou para homenagear o seu trabalho.
As medalhas de mérito cultural foram entregues a Adelino Mota (maestro), a João Carlos (fotógrafo internacional) e a Tiago Norte (DJ Stereossauro, que faz dupla com o DJ Ride, também caldense).
Manuel Duarte, que foi resistente político à ditadura e esteve preso antes do 25 de Abril, foi distinguido com a medalha de mérito cívico (a título póstumo). Nesta categoria foram também homenageados vários ex-presidentes de juntas de freguesia, como Fernando Horta (Foz do Arelho), César Pereira (Nadadouro), Justino Sobreiro (A-dos-Francos), César Tempero (Vidais), Virgílio dos Santos (Alvorninha), Hélder Nunes (Santa Catarina) e Filipe de Sousa e João Silva (ambos de S. Gregório).
A cooperativa agrícola Coagrical recebeu a medalha de mérito económico e o ex-professor de Educação Física, João Silva Bastos, foi distinguido com a de mérito desportivo, assim como o Grupo Desportivo de A-dos-Francos.
A Escola Secundária Raul Proença foi agraciada com a medalha de mérito educativo.
Foram ainda homenageados o Centro Cultural e Recreativo dos Cabreiros (Salir de Matos), o Rancho Folclórico e Etnográfico Vale Choupinho e a Associação de Defesa do Paul e Tornada (PATO) que comemoram este ano o seu 25º aniversário. Estas entidades foram condecoradas com a medalha de dedicação pública.
F.F.