Socialistas caldenses criticam localização em carta aberta

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A construção do novo equipamento está prevista para o concelho do Bombarral, no Casal do Urmal

Manuel Pizarro foi “condicionado” a anunciar no Casal do Urmal, “um local ermo, sem infraestruturas de apoio, com características morfológicas desadequadas”, dizem na missiva

“Hospital do Oeste do Casal do Urmal” é o título da carta aberta que quatro cidadãos caldenses, militantes do PS, enviaram a 13 de setembro, a vários membros do governo, incluindo primeiro-ministro e ministros da saúde, ambiente e da coesão territorial, sobre o novo hospital do Oeste. Na missiva referem que a decisão de Manuel Pizarro sobre a construção do novo hospital no Bombarral, mais concretamente no Casal do Urmal, “a cerca de 3 Km da saída mais próxima A8 e a 4 Km da estação dos caminhos de ferro do Bombarral”, implicará o encerramento das atuais instalações nas cidades das Caldas da Rainha, Peniche e Torres Vedras . “De uma só vez, o ministro da Saúde, encerra 500 anos de história de saúde em Caldas da Rainha, bem como os serviços de proximidade prestados em Peniche e Torres Vedras”, referem. Os signatários da carta lembram o processo e, referindo-se ao grupo de trabalho criado para definir o perfil técnico, financiamento e localização, revelam que este “falhou ao não avaliar as várias alternativas, apenas caracterizando o terreno proposto pela Câmara do Bombarral”. Para além disso, consideram que o grupo, liderado pela ex-ministra, Ana Jorge, “ultrapassou a sua competência”, ao redefinir uma nova área de influência deste novo Hospital, “reorganizando a região Oeste, tornando-a diferente de todos os restantes planos de organização do território”. Consideram-na “desadequada para a realidade da região” e sustentam que esta apenas serve para justificar o Hospital do Casal do Urmal, apoiando-se basicamente no critério tempo/distância.
Na opinião de Delfim Azevedo, Luís André, Nuno Anjos e José Ribeiro, o terreno escolhido “reprova em diversos dos critérios técnicos, aspetos que o grupo não releva, visto estar focado apenas na defesa deste local”. E exemplificam com a desvalorização da existência ou não de redes de água, saneamento, telecomunicações e gás natural, e a apresentação de uma avaliação “absurda e desajustada” da realidade da inclinação do terreno. Para além disso, “não é ponderado o efeito de ter um curso de água a dividir o terreno”, tudo questões que uma visita ao local pode comprovar, salientam.
Os signatários dão nota do isolamento do local, para além das dificuldades de acesso, dando como exemplo que não é possível aos bombeiros responderem nos tempos referidos no relatório, e que nem a distância à estação de caminhos de ferro ou à estação de camionagem respondem às necessidades dos utentes. Entendem que o ministro da Saúde foi “condicionado” a anunciar um hospital com uma dimensão regional e nacional relevante, no Casal do Urmal, “um local ermo, sem infraestruturas de apoio, com características morfológicas desadequadas”. Para os militantes do PS caldense esta decisão compromete a imagem do governo, por “ser infundada, tecnicamente débil, demonstrando falta de planeamento e comunicação entre ministérios e demais instituições com competências técnicas”. Também “desvaloriza” os Planos de Desenvolvimento Regionais e demais documentos de planeamento do território, abandonando as áreas mais densamente povoadas. “É socialmente insensível, ignorando completamente o impacto da nova estrutura na vida das populações abrangidas e atuais funcionários”, dizem os signatários que ainda acreditam que haja uma reversão na decisão. Defendem uma saúde que considere a “realidade objetiva da região, mas que também valorize o impacto de uma decisão como esta na vida daqueles que mais dependem destes serviços”, concluem. ■