Talassoterapia na Nazaré “vai ajudar Portugal a ser um destino de saúde e bem estar” diz administrador do grupo Miramar

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A Barra Talasso deverá abrir no próximo Verão, envolvendo um investimento de 2,2 milhões de euros

A Barra Talasso, o centro de talassoterapia que o Grupo Miramar vai abrir no próximo Verão na Nazaré, quer contribuir para o desenvolvimento daquela vila e de toda a região, mas também ser “uma rampa de lançamento de outros projectos similares a nível nacional” que permitam “transformar Portugal num destino de saúde e bem-estar”. A meta foi traçada por Serafim Silva, administrador do Grupo Miramar, no seminário “Turismo de Saúde na Nazaré: dos Banhos Quentes à Talassoterapia”, que no passado dia 24 de Março lotou o auditório da Biblioteca Municipal da Nazaré.
Perante uma plateia composta por mais de 100 pessoas, o empresário salientou que “é desígnio nacional a economia virada para o mar”, tal como tem sido defendido por muitos dos que governam o país. E neste desígnio tem um peso acrescido “o cluster da saúde e bem-estar, aproveitando a nossa maravilhosa costa atlântica”. Mas para que isso seja uma realidade, é preciso criar a legislação necessária para que os empreendimentos tenham a localização ideal “por forma a credibilizar os mesmos cá dentro e lá fora”, alertou Serafim Silva.

Cerca de uma centena de pessoas assistiu ao seminário, lotando o auditório da Biblioteca da Nazaré

É que nem todos os locais servem para instalar equipamentos de talassoterapia, dado que estes “têm de funcionar em circuito fechado com o mar com o mínimo de depósito de água, por forma a não alterar as características da água salgada”, apontou.
“Procuramos novos produtos fora quando temos dentro aquilo que precisamos, bastando tão só inovar e qualificar”, lamentou o responsável pelo grupo económico nazareno, defendendo que “sendo a saúde e o bem-estar físico e psíquico o bem mais precioso do homem, é nela que temos que apostar”. E é precisamente isto que leva o Grupo Miramar a investir mais de 2 milhões de euros na Barra Talasso, recuperando a tradição dos banhos quentes que atraíram tantas pessoas à Nazaré a partir de 1883, e durante cerca de um século.
“O esforço financeiro do Grupo Miramar é grande e o risco mesmo que devidamente calculado nas actuais circunstâncias não é menor”, afiançou Serafim Silva, acreditando que este é um projecto que vai contribuir “para ajudar o país a sair desta crise, criando riqueza e postos de trabalho”.

Serafim Silva, o administrador do grupo Miramar, aproveitou a ocasião para anunciar o investimento em residências assistidas

A equipa do Barra Talasso é constituída na sua esmagadora maioria por jovens licenciados, muitos dos quais nazarenos, salientou o responsável. Além disso, o Grupo Miramar não esquece a responsabilidade social, pelo que “decidiu doar 10% dos lucros à Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, destinados a apoio social”.

Residências assistidas é investimento que se segue

Associado à talassoterapia, o Grupo Miramar vai investir em residências assistidas para aposentados, sobretudo os que vêm de outros países da Europa. Há que “aproveitar o clima nem demasiado quente nem demasiado frio e o bem receber que faz parte da sabedoria do povo português”, defendeu o empressário.
Para breve está prevista a apresentação da Miramar Residence, um projecto sobre o qual Serafim Silva pouco adiantou, mas que surgirá em convénio com a Barra Talasso, “esperando que outros na região façam o mesmo”.
O centro de talassoterapia está disponível para estabelecer parcerias com outras entidades. “Quantos mais formos, melhor seremos”, defendeu o empresário. Prometidos ficaram também “descontos especiais” na utilização da Barra Talasso para os clientes do alojamento particular da Nazaré e dos operadores turísticos locais, regionais e nacionais com os quais será estabelecido protocolo.
Para o presidente da autarquia nazarena, Jorge Barroso, no que diz respeito aos banhos quentes iniciados em finais do século XIX, “a Nazaré sempre esteve na linha da frente da inovação”, conseguindo entrar no imaginário colectivo de tanta gente, aquém e além-fronteiras. “Respeitaremos a tradição se continuarmos a inovar”, defendeu, salientando o importante papel que a Barra Talasso vai desempenhar neste contexto.
Para o autarca, apesar das críticas – nomeadamente quanto à localização do empreendimento no areal, que a Associação de Defesa da Nazaré diz ser um “crime ambiental” – o projecto do Grupo Miramar não esquece o mais importante, aliando o conhecimento, e a tradição dos banhos quentes da Nazaré a preocupações sociais e ambientais. Por isso, acredita que este projecto “será de sucesso para a Nazaré, para a região e para o país, trazendo, numa altura particularmente sensível, desenvolvimento, inovação e trabalho”.

A ministra é “muito jovem”

O contributo da Barra Talasso para a região foi também salientada por António Carneiro, presidente do Turismo do Oeste, que elogiou Serafim Silva pelo facto de este ser “o mais irrequieto empresário da região”. O responsável referiu que para a Entidade Regional de Turismo “este é o projecto mais determinante da região” e não resistiu a deixar um lamento quanto à possibilidade de o Oeste deixar de ter uma entidade turística própria e vir a ser integrado na região de Lisboa. “A senhora é muito jovem e há coisas que ainda não foi capaz de entender”, disse, referindo-se a Cecília Meireles, secretária de Estado do Turismo (que apesar de convidada, não esteve presente no encontro). “Que se desça mais aos territórios e se conheça mais os territórios”, desejou António Carneiro.
O seminário dedicado à Talassoterapia decorreu no âmbito das comemorações do centenário do Turismo em Portugal, cuja comissão é presidida por Jorge Mangorrinha. O arquitecto caldense salientou que a Nazaré é “terra de coragem e aventura”, características que revê na “atitude empreendedora do grupo Miramar na construção do mais moderno centro de talassoterapia do país”. Mangorrinha entende que “o turismo terapêutico em Portugal sairá reforçado com este novo investimento”, que diz ser “uma nova oportunidade para a Nazaré”.
Ao longo de todo o dia foram ainda vários os especialistas que abordaram as características do mar da Nazaré, a tradição dos banhos quentes, o turismo de saúde e bem-estar (que em 2011 representou 42% do total de procura turística registada no país) e o enquadramento legal e regulamentar da talassoterapia em vigor.
Um dos pontos altos do dia foi a exibição de um filme onde Lúcia Meco e José Maria dos Santos recordaram como era trabalhar nos banhos quentes, por onde passavam todos os anos milhares de pessoas. Num testemunho que arrancou valentes gargalhadas à plateia, os nazarenos garantiram que “muita gente se curou nos banhos quentes”, onde havia gente que “entrava de muletas e saía a andar”.
Os participantes tiveram ainda a oportunidade de visitar as obras da Barra Talasso, em pleno areal da praia da Nazaré, cuja abertura está prevista para Junho.

Joana Fialho

jfialho@gazetadascaldas.pt