
Foi com a ajuda de um pescador que uma Tartaruga de Couro, uma espécie comum nas águas costeiras de Portugal, saiu das águas ao largo da Nazaré e ‘atracou’ no porto de abrigo da vila. Quando foi encontrado, o animal mostrava sinais de desorientação, pelo que o pescador decidiu ‘dar-lhe um empurrão’ e alertar a Polícia Marítima.
Pouco depois estavam na Nazaré técnicos do Centro de Reabilitação de Animais Marinhos (CRAM), de Quiaios, na Figueira da Foz, para onde a tartaruga foi transportada e onde à hora de fecho desta edição se mantinha em recuperação. Na tarde da passada segunda-feira, mais de 24 horas depois de ter sido descoberta, a coordenadora do CRAM, Marisa Ferreira, explicou à Gazeta das Caldas que a tartaruga, com 1,7 metros de comprimento, estava a tomar antibiótico e se encontrava “melhor, com mais força e mais activa”, estando também a alimentar-se normalmente. “Para já, tudo indica que vai correr bem”, dizia, esperançada, a bióloga, que aguardava resultados de análises efectuadas ao animal, do qual ainda desconhecia o género.De acordo com a responsável, quando foi encontrada a tartaruga “estava bastante debilitada e tinha bastantes percebes agarrados a ela. Quando têm esses animais presos ao corpo, significa que já há muito tempo se deslocam com dificuldade”. Marisa Ferreira salienta ainda que a tartaruga tinha alguns ferimentos, embora não muito graves, na boca e num olho.
Para alimentar o animal, a equipa do CRAM fez “uns pudins de gelatina com peixe e mariscos”, a solução mais parecida com a habitual ‘dieta alimentar’ desta espécie, que “come normalmente animais de corpo mole, como medusas”.
Marisa Ferreira diz que, se tudo correr bem, a tartaruga não estará no CRAM mais do que uma semana. E a confirmarem-se as expectativas da bióloga, a tartaruga deverá brevemente ser devolvida à água. A libertação do animal deverá idealmente ser feita de barco, em alto mar. Mas para isso é necessária uma embarcação com grua. Se não for possível, os técnicos do CRAM vão libertar a tartaruga a partir da praia, na zona da Figueira da Foz, para evitar transportes a grandes distâncias.
O aparecimento de tartarugas de couro na costa portuguesa não é raro, mas são mais os casos em que os animais já estão mortos, ou acabam por não resistir aos ferimentos. Só na área onde os arrojamentos (vivos ou mortos) são acompanhados pelo CRAM, que se estende entre Peniche e Caminha, apareceu uma dezena de tartarugas mortas no ano passado. Mas houve também um caso com final feliz.
Já se juntarmos tartarugas, mamíferos e aves marinhas, o CRAM recolheu 303 animais vivos em 2011.
Joana Fialho
jfialho@gazetadascaldas.pt