Ainda com um programa de animação reduzido, um dos grandes eventos do concelho regressou após a pandemia, numa organização que envolve cerca de um milhar de voluntários
Foi um clima de festa e de reencontro que se viveu no passado domingo, 3 de abril, no pavilhão mulitusos de Rio Maior. No último de dez dias da 36ª edição das tasquinhas, que regressaram após a pandemia, a afluência demonstrava que o regresso do evento era muito aguardado, tanto pelas coletividades, que nele encontram uma fonte de receita importante para os seus orçamentos, mas também pelas pessoas, que sentem necessidade de sair, de se encontrar, de viver.
As iguarias típicas de cada aldeia ou freguesia do concelho são sempre um importante motivo para ir às tasquinhas, mas também o clima de reencontro tem peso na vinda ao evento. Cada tasquinha, decorada de forma rústica ou com elementos alusivas à história de cada freguesia, é um representante do movimento associativo do concelho. No total são cerca de mil voluntários, que assumem durante o certame os papéis de cozinheiros, ajudantes de cozinha ou empregados de balcão, apresentando, em cada tasquinha os pratos mais típicos da sua terra.
Pedro Guedes “atravessou” a sua primeira edição das tasquinhas como presidente da Associação Recreativa e Cultural de Arrouquelas. “Sempre trabalhei aqui como voluntário”, explicou o dirigente, fazendo um balanço positivo desta edição. “Sinto que a maior parte da juventude estava com fome e sede deste tipo de eventos”, referiu, precisando que este ano conseguiram superar os números de faturação de anos antes da pandemia.
Nesta tasquinha cerca de 30 voluntários asseguraram o serviço. A mais nova tinha 17 anos e o mais velho já contava mais de 70 primaveras. Há até quem tire férias para trabalhar nas tasquinhas, outros encaixam o trabalho na sua tasquinha nas folgas ou tempos livres.
“Este evento é uma lufada de ar fresco para as contas da associação”, referiu Pedro Guedes.
No último ano, a coletividade participou na FRIMOR e celebrou o Carnaval. Além disso, tem um grupo de teatro na terra e desenvolvem atividades para os jovens e idosos da aldeia.
Lino Nunes, presidente da Associação de Festas e Melhoramentos da Azinheira desde 2013, também fez um balanço positivo desta edição das Tasquinhas de Rio Maior.
“Creio que ficou próximo dos números antes da pandemia, durante os fins de semana teve muita afluência e durante a semana também teve muita gente”, referiu, atestando a importância deste evento para as contas da associação. “Os únicos eventos que a associação faz são a festa anual da terra e também uma festa de sopas que começámos a organizar antes da pandemia”, frisou.
Nesta tasquinha trabalharam mais de 20 voluntários de várias idades. “Este evento é importante para conseguirmos angariar receitas”, explicou, notando que nas tasquinhas conseguem faturar quase 40% da receita anual da coletividade. “É uma mais-valia, porque estivemos dois anos na situação em que estávamos”, observou.
A passear pelo multiusos encontramos António Fialho, que veio da Benedita com a esposa, o filho e os sobrinhos. À Gazeta das Caldas este beneditense salientou a importância do evento.
“Era algo que fazia falta e é uma pena não haver mais diversão, pode ser que para o ano volte a ser o que eram os tasquinhas, porque é muito importante”, referiu. O filho, Lucas Loureiro, de dez anos, nunca tinha vindo às tasquinhas. “Achei fixe, diverti-me!”, exclamou o jovem. “O jantar, que era pota, estava bom e antes tinha estado a brincar nos carrosséis”, resumiu, o jovem.
Além da gastronomia, o evento alia também a doçaria, os licores, o artesanato e uma exposição das atividades económicas.
Carlos Coelho, que vende chapéus, diz que a pandemia e também a guerra tiveram impacto ao nível da faturação. “Este é o segundo ano em que venho às tasquinhas de Rio Maior, vim no ano em que começou a pandemia e vim neste, mas no outro, apesar de serem menos dias, foi melhor em termos de vendas, porque não havia receios”, disse.
Já Tito Serrazina, beneditense que vende calçado e costuma participar no evento, fez um balanço “péssimo” desta edição, corroborando que os medos se fizeram sentir ao nível das vendas.