“Para encontrarmos um emprego do nosso interesse, devemos fazer um projecto de vida e ver onde podemos melhorar as nossas qualificações para atingir esse fim”. O conselho foi dado por Adolfo Pereira, do Gabinete de Inserção Profissional (GIP) do Bombarral, aos desempregados presentes no debate com o tema “Quero Trabalhar! Dicas, conselhos e estratégias” que decorreu a 14 de Abril, no âmbito da Feira de Ensino, Formação e Emprego.
Acompanhado de Cláudia Leitão (GIP das Caldas da Rainha) e Vanessa Rolim (GIP de Óbidos), o técnico deu vários conselhos sobre a forma como conseguir arranjar um emprego.
Os três técnicos quiseram aproveitar a sessão para “trabalhar com as pessoas”, no sentido de desenvolver uma estratégia para a sua situação. “Não vamos aqui arranjar milagres para resolver o desemprego, nem dizer que é rápido”, comentou Adolfo Pereira.
O técnico bombarralense deu o exemplo dos antigos funcionários da Secla que se viram confrontados com o desemprego e aparentemente sem habilitações para trabalhar noutras áreas. A aposta foi na validação de competências que tinham adquirido ao longo dos anos e na formação profissional.
Adolfo Pereira aconselhou ainda os desempregados a recorrerem à sua rede de contactos, a consultarem os jornais nacionais e regionais e a visitarem regularmente os centros de emprego para estarem sempre actualizados sobre as ofertas existentes. Em alternativa podem também consultar as ofertas de emprego na Internet (www.netemprego.gov.pt).
A Vanessa Rolim coube a tarefa de dar conselhos para a elaboração de currículos e cartas de apresentação para candidaturas, um serviço que pode ser feito pessoalmente nos GIP (no caso das Caldas funciona na Expoeste, na sede da AIRO, e os outros dois nos paços do concelho de Óbidos e Bombarral). “Preparem-se para uma verdadeira campanha de promoção”, afirmou.
A técnica das Caldas, Cláudia Leitão, apresentou as diferentes formas de apoio disponíveis para a criação de emprego, especialmente o novo programa Estímulo 2012.
Em vigor desde Março, a medida tem como objectivo apoiar a contratação de desempregados, mas ao mesmo tempo promover e aumentar a sua empregabilidade, através de formação profissional. Dirigida aos inscritos nos Centros de
Emprego há pelo menos seis meses, o programa concede um apoio financeiro às entidades empregadoras, nomeadamente 50% da retribuição mensal paga ao desempregado contratado, durante um período máximo de seis meses.
A sessão de discussão serviu para alguns desempregados conhecerem algumas opções das quais não tinham sido informados nos centros de emprego, às vezes porque é confusa a forma como estes funcionam.
Andreia Enxuto, de 23 anos, está desempregada há dois meses, depois de ter terminado o terceiro contrato de trabalho numa empresa de vinhos, onde era responsável pelo controlo comercial. “Como tinha de passar a efectiva fui dispensada e o cargo foi extinto”, contou. “Eu acho que era uma mais-valia para a empresa, mas eu tenho que respeitar a decisão”, disse.
Na sua opinião, é normal que nos centros de emprego nem sempre seja fácil conseguir toda a informação, principalmente numa altura em que há tantos desempregados.
Numa situação mais complicada está Teresa Proença, de 49 anos, que arriscou, com o seu marido, emigrar para Inglaterra, mas acabou por ter que voltar e, por ter saído de Portugal, está sem subsídio de desemprego. “Agora ainda estou pior do que estava porque estou desempregada e perdi o subsídio de desemprego”, explicou.
Para além disso, teve que fazer uma nova inscrição no Centro de Emprego, o que não lhe permite recorrer a determinados apoios.
Teresa Proença trabalhava numa empresa de cerâmica que foi à falência e ainda esteve empregada num resort turístico, até que há dois anos ficou desempregada. “Somos presos por ‘ter cão e por não ter’. Se estamos desempregados há muito tempo, é porque é demasiado tempo e se for há pouco tempo não nos podemos candidatar a algumas oportunidades”, disse.
“No Centro de Emprego disseram-me directamente que não havia nada para mim”, por isso sai sempre de lá muito desmotivada. “Emigrar também foi uma decepção. Estamos ainda pior do que quando fomos”, concluiu.
Emprega 2012 com mais oferta de formação e poucas propostas de emprego
A feira dedicada ao emprego e ao ensino, que decorreu de 12 a 15 de Abril na Expoeste, terá sido a última actividade promovida pelo Ponto de Ajuda das Caldas da Rainha.
Este ano o Ponto de Ajuda juntou-se ao Centro da Juventude para a realização da terceira Feira de Ensino, Formação e Emprego (Emprega 2012), integrada na sétima edição da Semana da Juventude.
Durante quatro dias a Emprega 2012 teve como objectivos centrais a divulgação de todos os serviços de ensino, formação e emprego existentes no concelho caldense.
Na cerimónia de inauguração, a 12 de Abril, esteve presente a directora do Centro Regional de Segurança Social de Leiria, Maria do Céu Mendes, que elogiou a forma como o certame foi organizado. “Nesta altura difícil em que nos encontramos, todas estas iniciativas são importantes para dar uma palavra de estímulo para as pessoas que andam à procura de emprego e apresentar-lhes novas oportunidades”, referiu no final da visita que fez à feira.
Segundo Sónia Almeida, responsável pela organização do certame, a maior parte das entidades que tinham estado presentes na edição do ano passado estiveram presentes em 2012.
Estiveram representadas principalmente entidades ligadas à formação, mas também ao voluntariado e ao empreendedorismo. Este ano houve menos centros de formação presentes, porque alguns ainda estão à espera de resposta sobre os cursos que vão dinamizar e por isso optaram por não participarem.
Uma das poucas empresas presentes na feira com ofertas de emprego foi a Manomagic, uma empresa de prestação de serviços na área da limpeza com sede nas Caldas da Rainha. Durante o certame estiveram a recolher inscrições para futuras contratações, mas ao mesmo tempo divulgando os serviços da empresa.
“A divulgação dos nossos serviços permite que haja mais trabalho e assim podermos contratar mais pessoas”, referiu Florbela Pereira, gerente da Manomagic, que actualmente emprega 10 funcionários. Para além disso, também contratam pessoas para trabalho temporário, quando há mais limpezas a fazer.
Segundo Florbela Pereira, dá para notar “que as pessoas estão necessitadas” e não há qualquer pejo em trabalhar nesta área. “Ultimamente tenho notado que temos aceitado inscrições de pessoas mais jovens, porque realmente não têm outras oportunidades de emprego”, afirmou.
A fazer recrutamento estiveram também a Remax (agentes imolbiários) e a Kelly Services (trabalho temporário). “Actualmente é muito mais difícil conseguir ofertas de emprego”, comentou Sónia Almeida.
O Centro de Emprego das Caldas também esteve representado, mas o stand era principalmente decorado com cartazes alusivos à formação. Quantos às ofertas de emprego, podiam ser consultados através da Internet num portátil colocado numa mesa.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt
Ponto de Ajuda encerrou portas
Desde 16 de Abril que o Ponto de Ajuda das Caldas da Rainha deixou de funcionar oficialmente, depois de terem terminado os três anos do Contrato Local de Desenvolvimento Social, assinado em 2009 pela autarquia, o Instituto da Segurança Social e a Misericórdia caldense (a entidade coordenadora local). O processo de nova candidatura está a ser avaliado, mas os serviços foram suspensos enquanto não há resposta.
“O que nós sabemos é que, por enquanto, não vamos continuar. Dia 16 fazemos três anos e é o último dia em que o projecto funciona”, afirmou Cláudia Almeida, coordenadora do Ponto de Ajuda. “Estão a ser estudadas propostas de renovação, mas não sabemos quando irá haver uma resposta”, adiantou.
Na mesma situação estão 56 CLDS em todo o país. “Vamos encerrar as portas, mas eu estarei por lá até 7 de Maio para ajudar algum utente”, informou ainda Cláudia Almeida.
Dos cinco funcionários que trabalhavam a tempo inteiro no Ponto de Ajuda, apenas Cláudia Almeida não irá para o desemprego porque antes de entrar neste projecto já trabalhava na Misericórdia das Caldas. “O contrato destes funcionários terminou no dia 16”, referiu.
Colaboravam ainda a tempo parcial um psicólogo, um assistente administrativo e uma funcionária da limpeza, que fazem parte da equipa da Misericórdia. Dos 501 mil euros que o projecto recebeu na totalidade de 2009 a 2012, cerca de 120 mil euros eram gastos anualmente em vencimentos.
A loja social, que funciona às quintas-feiras na rua Cidade de Abrantes, vai continuar, a cargo da Misericórdia das Caldas. Esta loja, que conta com 360 utentes, pretende responder às necessidades das famílias ou indivíduos mais necessitados, tendo sido criado um espaço integrado que dispõe de diversos bens, com destaque para o vestuário.
Entre as actividades promovidas ao longo destes três anos, Cláudia Almeida destaca o trabalho efectuado pelos gabinetes de atendimento, por onde terão passado anualmente cerca de 300 pessoas. “Fazíamos formação gratuita e ajudávamos os nossos utentes na área do emprego”, explicou. Os técnicos davam conselhos sobre necessidades como a preparação de uma entrevista de emprego ou gestão doméstica. “Há casos em que as pessoas se sentiam muitos sós e tinham ali um suporte e aconselhamento”, comentou Sónia Almeida.
Para além disso, organizaram eventos como a feira do Emprego, a Snowparade e apoio à associação Nariz Vermelho, no âmbito do marketing social. “Por causa dessa divulgação do projecto é que a nossa loja social funciona tão bem. Todos os dias entregam-nos roupas”, afirmou Cláudia Almeida.
O silêncio da directora da Segurança Social
Questionada durante a inauguração da Emprega, a directora do Centro Regional de Segurança Social de Leiria, Maria do Céu Mendes, referiu aos jornalistas que não poderia “adiantar nada em relação a esse assunto”.
A directora fez largos elogios ao trabalho do Ponto de Ajuda, referindo que fizeram “um trabalho notável no terreno, em parceria com a Câmara Municipal das Caldas, que também tem uma grande preocupação social”.
No entanto, quando questionada por exemplos do trabalho feito pela instituição, a directora da Segurança Social de Leiria não soube responder com casos específicos. “No global, a todos os níveis, daquilo que se propuseram fazer, tem sido notável o trabalho desenvolvido”, disse. Passado alguns minutos, e depois de uma breve conversa com a responsável do Ponto de Ajuda, Maria do Céu Mendes abordou de novo os jornalistas para dar exemplos. Quando confrontada com o facto de ter necessitado de pedir informações sobre o projecto que tinha elogiado, a directora da SS de Leiria ficou visivelmente perturbada e acabou por não dar mais esclarecimentos, ficando em silêncio.
Pedro Antunes
pantunes@gazetadascaldas.pt