Uma obra várias vezes adiada que avança aos soluços

0
601
Gazeta das Caldas

obrasAs obras na Rainha e na Rua Luís de Camões, por onde em 2011 se previa começar a regeneração urbana nas Caldas, ainda estão por acabar. A falência de uma das empresas e a decisão de estender a intervenção ao colector residual, obrigaram a prolongar os trabalhos que podem, finalmente, ter um términus à vista no final do mês de Março.
Há quatro anos, a 18 de Março de 2011, na apresentação pública do projecto de regeneração urbana previa-se que as obras na Rainha (Largo Conde Fontalva) e Rua de Camões fossem as primeiras do projecto de regeneração urbana a implantar nas Caldas da Rainha e vaticinava-se ainda que o trabalho iria começar no terceiro trimestre desse ano.
Mas em Setembro, a previsão para o eixo compreendido entre a Praça da Fruta, a Rainha e a Rua de Camões era de que arrancassem em Janeiro de 2012, justificando que não seria conveniente começar antes, para não prejudicar os comerciantes na época natalícia.
O certo é que as obras não começaram na data prevista. Mas sobre esses tempos, o actual presidente, Tinta Ferreira, não quis pronunciar-se, visto que em 2011 o assunto não era da sua responsabilidade, mas do seu antecessor, Fernando Costa.
Gazeta das Caldas apurou, contudo, que nessa altura esta empreitada estava inserida numa candidatura conjunta da Câmara e do Centro Hospitalar, no âmbito do projecto Provere – Programa de Valorização das Estâncias Termais da Região Centro. Só que o Hospital não apresentou a sua candidatura e a Câmara teve de fazer um novo projecto e candidatar-se novamente a fundos comunitários.
Mais tarde, em Dezembro de 2013, e já sob a tutela do actual presidente, a previsão era de que as obras decorressem durante quatro meses, entre Fevereiro e Junho de 2014.
Assim não aconteceu. As obras só arrancariam realmente em Outubro desse ano, oito meses depois, e a previsão actual do edil caldense para a sua conclusão fixa-se, segundo o mesmo, “em finais de Março, primeira quinzena de Abril”, durando, portanto, seis meses.
Isto explica-se porque, inicialmente, a obra estava ao encargo do consórcio formado pelas empresas Constradas e Mário Pereira Cartaxo, sendo que a área 1 (que inclui a Praça da Fruta, a Rainha e a Rua de Camões) era da responsabilidade da Mário Pereira Cartaxo.
Mas a empresa faliu, passando a responsabilidade da empreitada para a Constradas. Este processo terá atrasado o início dos trabalhos.
“Trata-se de um processo formal, lento, demorado e com regras difíceis de concretizar”, explicou Tinta Ferreira. “Perante um cenário anormal, que foi a falência de uma empresa, houve um conjunto de procedimentos que atrasaram o timing da obra, mas quanto a isso não podíamos fazer nada”, prosseguiu.
Para além disso, o projecto apenas albergava a substituição da conduta termal, mas a Câmara considerou que “não fazia sentido requalificar a rua sem renovar a conduta residual” e decidiu abrir concurso para esta obra (no qual ficou definido que fosse a firma Paulo Jorge Carreira Bento quem iria realizar a empreitada de substituição dos ramais de esgoto e da conduta residual). Este facto terá levado a que a duração da obra fosse alargada para os seis meses.
O edil caldense explicou ainda a sua opinião em relação aos timings desta empreitada: “andar à procura de prazos neste contexto é andar a fugir à realidade”, afirmou.
Ao dia de fecho desta edição (24 de Fevereiro) a obra, que terá um custo de 295 mil euros, já se encontrava a “pouco mais de metade”, segundo palavras do presidente da Câmara, que explicou ainda que não haverá lugar a pedidos de indemnização à empresa Mário Pereira Cartaxo, visto que esta “está falida”.
Quem também não receberá indemnizações são os comerciantes, visto que “só quando, por razões imputáveis ao dono da obra ou quando os benefícios que depois se retiram da execução da obra, não são suficientes para os eventuais prejuízos que possam ter causado, é que essa questão se coloca”. E como “o dono de obra não é aqui responsável pelo facto de uma das empresas ter falido”, não haverá lugar a ressarcimento da parte da Câmara.

“Uma obra de precisão”

Actualmente está a ser feita a substituição do colector residual por parte da Paulo Jorge Carreira Bento. Henrique Cruz, encarregado desta empresa, contou à Gazeta que os trabalhos desta firma começaram em Dezembro, “já atrasados, devido ao mau tempo e à construção do colector termal”.
Depois disso, os trabalhos foram interrompidos porque os comerciantes sentiam que as obras poderiam arrasar os seus negócios na época natalícia.
O mesmo responsável explicou que esta é uma obra muito difícil de realizar porque está a ser feita com o trânsito e o parqueamento aberto. Para além disso, o facto de esta ser uma conduta com um grande caudal, que vem desde o hospital, também não facilita os trabalhos.
E há a acrescentar o facto de existirem cabos eléctricos e outras infra-estruturas não cadastradas e de as condutas de gás ficarem muito próximas do colector termal, que obriga a que o trabalho seja manual e não mecânico. “É um trabalho de precisão”, afirmou o encarregado desta empresa.
Em relação às críticas de que a empresa destacou poucos trabalhadores (apenas três) para esta empreitada, o encarregado explicou que a obra tem de ser feita de forma faseada. “Não se pode trabalhar com mais gente ali, tem de se garantir o acesso aos moradores”.
Da parte da Paulo Jorge Carreira Bento, 75% do trabalho está feito. O responsável diz que a previsão para um dia de trabalho é sempre incerta “porque tanto pode ser seis metros, como dez ou vinte… Depende do que encontramos, já que muita coisa não está cadastrada”. O encarregado aponta a conclusão dos trabalhos para a segunda semana de Março.
Já Serafim Lourinho, encarregado da Constradas, disse à Gazeta das Caldas que da parte da obra que competia à sua empresa (colector termal e arruamento), “correu muito bem”.
As obras de substituição do colector termal implicaram a abertura de uma vala de quatro metros de profundidade, o que, por razões de segurança, obrigou a que a substituição do colector residual não fosse feita em simultâneo.
Actualmente esta empresa está apenas à espera que a que lá está (Paulo Jorge Carreira Bento) termine o seu trabalho, para poder avançar com o resto da obra que ali irá realizar e que passa pelo passeio esquerdo, o estacionamento e o arruamento e que deverá durar ainda mais um mês.

O estacionamento do Termal
No estacionamento do Hospital Termal irão ser instalados pilaretes amovíveis (um deles retraído automaticamente quando accionado através de um comando que um funcionário do Hospital Termal terá em sua posse) que impeçam o estacionamento anárquico que hoje se verifica, mas permitam a circulação para a Rua Rafael Bordalo Pinheiro e Largo João de Deus.
Estes pilaretes são mais altos e visíveis que os anteriores e são retrácteis (o que permite que as ambulâncias ali possam estacionar), mas também que possam ser retirados para a organização de eventos.