Houve pregões, desgarradas, uma malha de milho, desfiles, danças e um casamento que mostraram como se vivia noutros tempos. A cidade serviu de cenário aos mais variados quadros típicos. Os primeiros tiveram lugar no Largo Frederico Pinto Basto, onde foi representada uma cena de namoro, seguida por uma dança colectiva.
O desfile etnográfico veio depois para a Rua Miguel Bombarda onde foram mostrados como eram feitos os pregões e em seguida houve desgarradas na Rua das Montras. Antes do almoço, ainda se viveu a recriação de mais um quadro popular, desta vez no Chafariz das Cinco Bicas, com lavadeiras e aguadeiras. Estas últimas recolhiam água para consumo próprio e também para vender. O cortejo desceu ao cimo da Praça da Fruta, para tocar e dançar. Em seguida, o desfile dirigiu-se ao Largo do Hospital para realizar uma malha do milho. Enquanto os homens batem nas maçarocas para libertar os grãos, as mulheres joeiram os grãos, sacudindo as impurezas.
Às 13h00 viveu-se um casamento da época na igreja de Nª Sra. do Pópulo, onde os convivas tiveram a oportunidade de conhecer melhor a capela, segundo as explicações da responsável do Museu do Hospital e das Caldas, Dora Mendes.
Depois da celebração realizou-se um almoço saloio no Parque D. Carlos I e, durante a tarde, mostraram-se vários ofícios como o do ferreiro, o sapateiro e o cutileiro. Foram recriados ambientes domésticos, danças, brincadeiras e jogos tradicionais que tiveram lugar junto ao lago do parque. Também foi cozido pão com chouriço e modeladas peças de cerâmica.
“Este ano, recriámos a Serração da Velha, uma prática social que dizem que já vem da idade medieval”, disse Sérgio Pereira, responsável pelas Ceifeiras da Fanadia, explicando que se tratava de uma espécie de julgamento popular que era feito “às pessoas mais cínicas e antipáticas, na época da Quaresma”. As senhoras eram acordadas à noite para que o povo “dissesse meias verdades sobre heranças ou até sobre as suas vidas amorosas”. As ditas senhoras respondiam aos desmandos do alto das suas janelas “normalmente entornando os penicos sobre os maledicentes”, afirmou o organizador sobre a recriação que teve lugar na Rua das Montras, junto à sede da União de Freguesias de N. Sra. Pópulo.
Pela primeira vez, vieram também das aldeias caldenses, os limpa-chaminés que se deslocavam à cidade para trabalhar.
Transeuntes e turistas acabaram por se juntar a esta celebração, designada Tradições da Vila que já se realiza há quatro anos e que contou com a participação dos ranchos do concelho: Ceifeiras da Fanadia, os Oleiros, os Azeitoneiros, Flores da Primavera e Associação de Barrantes. Este ano participaram também como convidados o Rancho Folclórico do Arco da Memória, Rancho Folclórico e recreativo Os Ceifeiros de Liteiros (Torres Novas), Rancho Folclórico e Etnográfico Estrelas do Arnóia (Sancheira Grande, Óbidos), assim como a Banda Comércio e Industria e o Conjunto Típicos Caldenses que encerrou o evento, actuando no coreto, no Parque D. Carlos I.

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