Vítimas de violência doméstica poupadas à repetição desnecessária da sua história

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Cristina Pinho, advogada e docente universitária, deu a conhecer aspectos processuais do crime de violência doméstica

Está a ser preparada uma ferramenta informática que vai ajudar a gerir os processos de violência doméstica. O objectivo é que a vítima não tenha que contar o que lhe aconteceu a cada entidade a que se dirige, revivendo os actos traumáticos da sua situação.
Esta foi uma das novidades reveladas numa conferência promovida pela delegação caldense da Ordem dos Advogados, a 30 de Abril nas Caldas e que reuniu 70 participantes.
“Se houver uma vítima nas Caldas que vai para uma casa de acolhimento no Porto, os técnicos portuenses não terão que voltar a interrogá-la”, disse Marta Silva, coordenadora do Núcleo de Violência Doméstica da Comissão para a Cidadania e Igualdade de Género.
A responsável disse que cada região tem que perceber qual é a melhor forma de trabalhar em relação aos casos de violência doméstica e que é fundamental o trabalho de interligação entre as entidades que tratam desses casos.
Na sua intervenção, o psicólogo António Castanho explicou que o homicídio em violência doméstica “não é, tipicamente, um crime súbito e inesperado”, mas sim o clímax de uma história de violência, “de um padrão de abuso e de controlo coercivo por parte de um sujeito com personalidade controladora”. Esse pico de violência surge após a separação ou o distanciamento emocional, real ou percebido, por parte do agressor.
Na sua opinião, quem lida com casos de violência doméstica tem que “ser capaz de ligar pontos e identificar padrões de comportamento em vez de se deter apenas em incidentes isolados ou marcadores individuais”.
Por ano, em Portugal há 27 mil queixas de violência doméstica.