
Fica na Travessa da Cova da Onça e está a celebrar o seu 50º aniversário. O restaurante Zé do Barrete é uma empresa familiar que começou com o casal de Alvorninha, Raul Santos e Maria Gracinda Correia, que veio viver para as Caldas nos idos anos 60.
Hoje são dois dos seus três filhos que gerem a casa apostando em produtos de qualidade e mantendo clientes do tempo dos seus progenitores.
O restaurante Zé do Barrete celebra este ano meio século. Motivo para uma conversa com Gazeta das Caldas, recordando como se tem mantido esta casa que se dedica à comida tradicional portuguesa. Sob a responsabilidade dos irmãos César e José Luís Santos.
O primeiro está na cozinha e o segundo serve e recebe os clientes. Estes dão continuidade ao negócio iniciado pelos pais, Raul Santos e Gracinda Maria Correia, como casa de pasto e taberna. Naturais de Alvorninha, o casal veio, nos anos 60, viver para as Caldas, tendo trazido os seus três filhos: César, José Luís e Armando. Este último, encontra-se a viver nos EUA.
Em 1984 os irmãos César e José Luís tomaram as rédeas do negócio, tendo feito pequenas obras. No ano seguinte acabaram com a taberna e decidem, na altura, abrir como Churrasqueira Zé do Barrete. Em 1989, o espaço era agora dividido entre snack-bar e sala de refeições. Esta última é agora um pouco maior do que no tempo da gestão dos pais. E foi em 2005, após novas obras, que o espaço passa a designar-se apenas Restaurante Zé do Barrete.
“Servimos almoços e jantares todos os dias, excepto aos domingos e feriados”, explicou José Luís Santos que com a sua mulher, se ocupa de servir os clientes. O espaço tem agora 80 lugares e quem conhece o restaurante, sabe que há sempre bons pratos de típica comida portuguesa.
Em média, servem cinco a seis pratos do dia. Na carta estão mais sete ou oito propostas de carne e cinco de peixe. E há alguns pratos fixos: à segunda-feira reina o bacalhau, enquanto à quarta é o dia do cozido à portuguesa e à quinta os reis são os filetes. Há outros pratos que são muito apreciados como o arroz de tamboril, massinha de robalo, medalhões de maruca com camarão, caril de gambas ou o leitão assado.
Apesar de muitas casas congéneres terem apostado em preços fixos com tudo incluído os irmãos César e José Luís preferem fazer tudo como antes, “apostando fortemente na comida tradicional portuguesa, sem nada de gourmets”. Refere também que o restaurante desde sempre está atento ao que é da região pois “temos peixe fresco todos os dias e apostamos muito nos grelhados”.
O sábado é o dia mais forte em relação aos almoços. “Vale por dois ou três dias, durante a semana”, contou José Luís. Há clientes certos que vêm de Lisboa, Cartaxo ou Santarém para fazer compras na cidade e almoçar no Zé do Barrete, que chega a renovar a sala duas vezes.
Quanto às novidades na ementa, o responsável explica que se vai introduzindo um prato de longe a longe sem nunca se afastarem muito do bacalhau à lagareiro ou dos carapaus fritos com arroz de tomate. “São estes pratos que, na verdade, as pessoas mais procuram…”, diz José Luís, acrescentando que no Verão, sai muita sardinha assada. Ao longo de todo o ano, nunca falham os pratos de peixe grelhado e estes são sempre os primeiros a acabar.
A retoma, depois da crise
Dos tempos áureos do comércio, José Luís recorda que os comerciantes caldenses trabalhavam de manhã à noite e não tinham tempo para ir a casa almoçar. O pai dos actuais responsáveis da Túnica, Carlos Tomás, “tinha aqui conta aberta”, exemplificou. “Vinham os empregados primeiro e ele vinha mais tarde, às 14h30, 15h00 para comer e fazer contas”. Várias lojas tinham este hábito. E quando abriu o centro comercial da Rua das Montras houve festa graúda. Lojistas e músicos animaram a hora de almoço que naquele dia decorreu entre o meio-dia e as quatro da tarde.
Segundo José Luís, 2016 já foi um bom ano, invertendo uma tendência de crise que se fazia sentir desde 2008. Nessa altura os caldenses também sentiram a descida do poder de compra e, claro, os primeiros cortes foram nas idas aos restaurantes, dado não se tratar de um bem de primeira necessidade. “Sentimos um pouco mas lá nos aguentámos…”, disse o empresário, acrescentando que houve outros espaços da rua que não resistiram e fecharam portas. “A pouco e pouco fomos sentindo a retoma, ainda que periclitante…”, disse, explicando que tenta servir o melhor possível e vai tentando inovar sem exageros.
A filha tem 32 anos e o neto, cinco. Ela é educadora de infância e “quando é preciso vem ajudar”, contou José Luís acrescentando que a vida ligada à restauração não é fácil pois não há horários.
“Devíamos conseguir sobreviver de um negócio destes, sem ter que trabalhar tantas horas”, desabafa o empresário que tenta fazer os seus clientes sentirem-se como se estivessem em casa.