Rede de Cuidados Continuados proporciona cuidados médicos em casa dos utentes

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2016-05-06 Primeira.inddHá a funcionar no Oeste várias unidades de Cuidados Continuados que pertencem à rede nacional e que proporcionam cuidados médicos a vários níveis. Há desde o internamento com durações variadas até ao apoio domiciliário para aqueles utentes que sofreram de alguma doença e foram operados mas não necessitam de estar nos hospitais. Esta é uma prestação de cuidados mais próxima do doente e que tem tendência a continuar pois “com a população cada vez mais envelhecida faz sentido avançar neste sentido” Ana Pisco, directora do ACES Oeste Norte, uma das entidades que também faz parte desta rede.

Natacha Narciso

nnarciso@gazetadascaldas.pt

O que fazer quando um familiar nosso sofre um AVC, é operado e que ainda precisa de cuidados médicos para recuperar? “A família do doente deve dirigir-se ao seu médico e enfermeiro de família e é feita a referenciação na sua USF e o doente será encaminhado para a unidade que mais se adequa”, disse Lúcia Mota, enfermeira que é vogal do Conselho Clínico e de Saúde do ACES Oeste Norte. As primeiras unidades foram criadas em 2006 e prestam serviços de saúde aos utentes nas modalidades de apoio domiciliário ou internamento. Cada ARS do país possui uma equipa coordenadora que gere todas as vagas disponíveis da sua região. O Oeste pertence à de Lisboa e Vale do Tejo e em cada ACES há uma unidade coordenadora local que com uma equipa multidisciplinar com enfermeiro, um médico e ainda uma técnica de serviço social que coordenam as vagas e tipo de unidade que deve receber o utente. Se a opção for apoio domiciliários, este receberá apoio das designadas Equipas de Cuidados Continuados Integrados. Além desta unidade, também o CHO referencia utentes para este tipo de cuidados, através da sua unidade de gestão de altas. No concelho de Alcobaça há 20 camas e na Nazaré há 15 camas. Todos estes utentes são acompanhados pela mesma equipa de ECCI que integra oito enfermeiros e que se distribuem por dois turnos durante os dias de semana.
Nas Caldas da Rainha e em Óbidos (equipa que possui seis enfermeiros) têm 24 camas e Peniche (cinco enfermeiros) tem 15 camas. Nas Caldas e Óbidos a taxa de ocupação é na ordem dos 84% enquanto que as restantes estão todas acima dos 50%. “Estes são utentes que estão nas suas casas e que são acompanhados por estas equipas que funcionam todos os dias da semana – das 8h00 às 20h00 – e outras também ao sábado (só um turno)”, explicou a enfermeira, acrescentando que integram nesta rede doentes com necessidades de cuidados de saúde intensos. Mas nem só do bem estar do doente se ocupam estas equipas. Há também a preocupação de proporcionar algum descanso ao cuidador. É-lhes facultado um período de descanso de 90 dias por ano, divididos por três vezes, sendo o doente internado noutras unidades. Estas equipas também têm feito formação para os cuidadores informais nos vários concelhos. “Tem sido muito útil pois os participantes partilham experiências. Acabam por ser grupos de auto-ajuda e aprende-se a lidar melhor com os problemas dos seus familiares doentes”, disse Lúcia Mota. Quase metade dos doentes que recebem as ECCIs têm mais de 80 anos. Seguemse os doentes com idades entre os 75 e 79 anos e que representam 37% do total.
Muitos sofrem com feridas e outros necessitam de acções paliativas, ou seja, “estão a ser seguido em consultas da especialidade e precisam de uma gestão terapêutica cuidada, além do apoio ao cuidador”, afi rmou a enfermeira. São, por exemplo, os casos de quem sofre de problemas oncológicos. “Gostaríamos de ter mais recursos para poder diversifi car o número de serviços para a população”, disse Lúcia Mota, especifi cando que seria bom fazer aumentar as equipas com mais profi ssionais noutras áreas da saúde como no apoio psicológico, da nutrição e mais na área da reabilitação, da fi sioterapia e até da terapia ocupacional. “Temos tantos utentes a precisar de intervenção especifi ca!…” lamenta-se Lúcia Mota, que referiu também a necessidade de formar equipas domiciliárias na área dos cuidados paliativos. “Estas teriam que funcionar 24 sobre 24 horas, o que era o uma mais valia para a população”, comentou a enfermeira. Neste caso, uma pessoa que está disponível para ter o seu familiar em fase terminal em casa poderia contar com o apoio destes profi ssionais. “Também seria útil ter mais camas”, acrescentou Lúcia Mota.

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BOMBARRAL SEM ECCI
Segundo a directora executiva do ACES Oeste Norte, Ana Maria Pisco, o Oeste tem estado a investir na rede de cuidados continuados da região. “Este ano, em termos de contratualização, vamos tentar obter maior estabilidade em Peniche, já que tem sido uma unidade que tem sofrido falta de recursos”, disse. Agora que a equipa está mais estabilizada “preocupa-nos que é a única unidade sem ECCI seja o Bombarral”, disse Ana Pisco, acrescentando que ainda gostaria de ter mais um elemento na área da reabilitação, assim como na unidade de Peniche. “Sem dúvida nenhuma que foi um avanço. Estamos o mais próximo possível para prestar os cuidados ao utente dado que a população é cada vez mais envelhecida e por isso faz sentido avançar neste sentido”, disse. Na sua opinião, faltam algumas áreas especifi cas de cuidados, como é o caso da higiene oral.

Unidades oestinas que integram a rede de cuidados continuados

A Unidade de Convalescença do Montepio Rainha D. Leonor foi protocolada com a ARSLVT em 2008 e tem 12 camas, as quais têm uma taxa de ocupação média de 85%. Na sua maioria recebem utentes que sofreram AVC (Acidentes Vasculares Cerebrais), pós  cirurgias  (como por exemplo à anca ou ao joelho), ou síndromas de imobilidade por hospitalização prolongada. Os utentes são geralmente oriundos desta área geográfi ca (Oeste, Lisboa e Santarém). Segundo José Netas, do Montepio, trata-se de um serviço imprescindível na Rede de Cuidados, “permitindo libertar camas nos hospitais de agudos, garantindo-se, com elevados níveis de sucesso, a continuidade do acompanhamento clínico e social dos utentes, restituindo-lhes um máximo de autonomia física”. No caso da Unidade de Convalescença, os encargos são suportados pela ARSLVT (Ministério da Saúde) ou sub-sistemas com responsabilidades de fi nanciamento, não havendo encargos para o utente. O Hospital da Misericórdia do Bombarral possui unidade de cuidados continuados, aberto em Dezembro de 2007. A Convalescença possui 10 camas, a média duração e reabilitação 14 e a longa duração e manutenção conta com 16 camas. Possui uma taxa de ocupação muito próxima dos 100%. Recebem utentes a recuperar de fracturas, AVC, enfartes, problemas respiratórios e que vêm de Região de Lisboa e Vale do Tejo, Leiria, Setúbal e Santarém. Já a Confraria de Nossa Senhora da Nazaré, pertence à Rede Nacional de Cuidados Continuados Integrados desde Novembro de 2007. Integrou esta Rede com uma Unidade de Longa Duração e Manutenção (18 camas), Unidade de Média Duração e Reabilitação (8 camas) e tem uma taxa ocupação das camas de 100%. Os diagnósticos incidem em doenças crónicas, neurológicas, demências, Alzheimer, Parkinson, diabetes, AVCs, hipertensão e fracturas. A maioria dos utentes vêm da Região de Lisboa e Vale do Tejo, cujos concelhos limítrofes são a Nazaré e Setúbal. Segundo Verónica Tocha, directora técnica destas unidades, esta é uma resposta n ecessária e é importante apostar na criação de mais unidades integradas nesta rede. Desta forma “evitam-se permanências desnecessárias em hospitais de agudos e, o mais importante, possibilitam ao utente uma qualidade de vida numa fase por vezes já muito debilitada”, disse. Os custos destas unidades são suportados pelo Ministério da Saúde, Ministério do Trabalho e Solidariedade Social e ainda por comparticipações dos utentes.

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