Vírus Sincicial Respiratório

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Maria Inês Brito, com Joana Antunes Pereira, Andreia Morais
Pediatria do Centro Hospitalar do Oeste

O VSR é um vírus respiratório, que predomina entre novembro e abril. 90% das crianças vão ter, pelo menos, um episódio de infeção até aos 2 anos de idade e esta é a principal causa de hospitalização em crianças até 1 ano. Em 75% dos casos, é o vírus responsável pelas bronquiolites agudas.
A bronquiolite é uma inflamação dos bronquíolos, que ficam obstruídos e dificultam a entrada do ar nos pulmões, geralmente em crianças abaixo dos 2 anos. A transmissão faz-se pelo contacto com secreções respiratórias contaminadas, mas o principal veículo de transmissão são as mãos.
Em crianças com menos de 1 ano, associa-se a maior gravidade, conferindo dificuldade em respirar e na alimentação. Após o 1º ano de vida, os sintomas assemelham-se a uma constipação normal, com sintomas respiratórios menos graves (tosse, nariz entupido e febre), e, por vezes, falta de ar. A infeção pode ser assintomática em adolescentes e adultos.
A duração média é de 3 a 7 dias, com sintomas mais intensos entre o 3º e 5º dia. A grande maioria das crianças, não necessita de ser referenciada ao Hospital, mas em cerca de 3% pode ser necessário internamento.
A medida mais eficaz de prevenção é a lavagem frequente das mãos de crianças, familiares e conviventes. O aleitamento materno reduz o risco de gravidade e, consequentemente, de internamento. Devemos usar máscara na presença de sintomas respiratórios, ensinar às crianças maiores medidas de etiqueta respiratória (tapar a boca quando tossem ou espirram) e evitar o contato com outras crianças e/ou adultos doentes, assim como locais fechados e mal ventilados, como centros comerciais ou transportes públicos.
A bronquiolite não tem tratamento específico. Como é uma infeção viral, não estão indicados antibióticos, nem xaropes para a tosse. Deve criar-se um ambiente calmo em casa; evicção do tabaco; elevar a cabeceira da cama; controlar a febre; manter o nariz limpo; fazer refeições mais pequenas e com intervalos mais curtos e vigiar regularmente a respiração, sobretudo nos lactentes.
Deve contactar a Linha SNS 24 em caso de agravamento da dificuldade respiratória; ingerir menos de metade da quantidade habitual em 2 ou mais refeições; vómitos abundantes; recusar alimentação/mamadas por mais de 4/6 horas; urinar menos. Chamar o 112 se pausas respiratórias ou muita dificuldade em respirar; palidez ou lábios azuis ou cinzentos e muita sonolência.
Depois de uma bronquiolite, o bebé pode ficar com alguma tosse e pieira, sobretudo quando voltar a ter alguma infeção respiratória. Não há risco aumentado de desenvolvimento de asma ou patologias crónicas. ■

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