Vicara. Empresa de arte e design reabre amanhã no Bairro Azul

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Paulo Sellmayer no novo espaço da Vicara que abre amanhã ao público

Tem nova sede e abre ao público amanhã, 6 de maio. Empresa de design deixou os Silos e dá a conhecer as suas coleções e propostas de Brunno Jahara

A Vicara, que se dedica ao design, está a dar um novo passo. A empresa, que já assinalou a primeira década de trabalho e se dedica ao design e aos saberes tradicionais aliados à contemporaneidade, deixou os Silos e reabre, a 6 de maio, num espaço comercial no Bairro Azul, na cidade das Caldas da Rainha, onde se junta espaço de trabalho, armazém, loja, showroom e galeria.
“Estamos agora mais próximos da comunidade e temos mais espaço para apresentações e exposições de design de produto, de uma forma mais condigna”, explicou o designer Paulo Sellmayer, responsável pela empresa que passa agora para a Rua Francisco Sá Carneiro, nº 10.

Corticeira Amorim é um dos clientes da empresa que tem sede nas Caldas

A abertura da loja contará com uma exposição de novas peças do designer brasileiro Brunno Jahara. Para assinalar a abertura oficial da nova sede da empresa haverá rifas que possibilitam ganhar algumas peças das coleções Vicara. Haverá comes e bebes, dando continuidade ao espírito de convívio que sempre marcou as iniciativas. Esta empresa festejará esta nova fase proporcionando descontos especiais de loja. “Temos peças de autor, colecionáveis e temos projetos nesse sentido”, referiu o responsável.
“Este espaço também servirá para dar a conhecer os projetos que desenvolvemos noutras localidades”, disse o diretor criativo, exemplificando com o facto das peças que a Vicara desenvolveu em Viana do Alentejo e que envolveu vários autores que dão cartas na área da ilustração e que trabalharam em parceria com oleiros daquela localidade. “Esta foi a última residência criativa que organizámos”, referiu o coordenador, relembrando que as propostas que casam a olaria tradicional com a ilustração contemporânea estiveram em exposição no Porto, na Galeria Senhora Presidenta que resultaram desta iniciativa. Agora, estas peças podem ser vistas nas montras da nova sede. A Vicara foi convidada a desenvolver nova residência artística em Loulé e, por isso, vai trabalhar em parceria com a empresa Loulé Criativa. “Serão quatro designers que vão experimentar trabalhar com empreita de palma e com recurso à técnica de caldeiraria (trabalho em cobre)”, referiu o responsável. Os autores viajarão para o Algarve em final de maio para criar uma coleção que tenha raízes em Loulé e que sejam trabalhados em parceria com os artesãos.

Algumas das propostas arrojadas da Vicara

O design neste tipo de projetos surge enquanto criador de novas formas e novos processos para poder ser produzidos por estes autores. Posteriormente as novas propostas que surgem desta parceria que une a tradição à inovação serão comercializados pela empresa.
A Vicara está ainda a consolidar-se como agência de design, pois trabalha para clientes nacionais, como a Fundação Oriente e também para estrangeiros que se instalam em Portugal. É também consultora de produção de ateliês de arquitetura e de empresas que pertencem à Corticeira Amorim.
“A nossa relação iniciou em finais de 2020 com o departamento de design e tínhamos que desenhar uma coleção-cápsula e para pensar padrões para chão de cortiça”, disse o designer, formado na ESAD, assim como a maioria dos autores colaboradores da Vicara.
Uma grande empresa que vende para 70 países fez uma encomenda: queria cores para a cortiça que vai ser aplicada ao chão. A Vicara desenvolveu a coleção “Origem” e presta homenagem ao Montado. “Fomos buscar o laranja da casca, os verdes das copas, o amarelo das ervas e do sol”, referiu o designer acrescentando que esta coleção trouxesse “boa energia aos espaços”. Também coube à Vicara fazer a direção de arte desta coleção e agora já estão a dirigir outras campanhas relativas a outros produtos da corticeira Amorim.
“É bom trabalhar com uma grande empresa, disponível para apostar na inovação e interessada em manter uma pegada carbónica negativa”, referiu Paulo Sellmayer.
Em relação a este produto, a cortiça que reveste o chão tem algumas vantagens. O designer destacou que é “acústica e termicamente isolante, repelente à água e bestialmente silencioso”. A aplicação deste produto de gama média-alta é similar à que se faz com o parquet.
“A Vicara tem trabalhado o design como agente cultural e agente de mudança cultural e também na vertente comercial”, disse Paulo Sellmayer, acrescentando que a empresa aposta em momentos especiais com vários autores e dos quais depois resultam peças que a empresa comercializa.
“Estamos a fazer uma experimentação que envolve vidrados de sal”, disse o diretor criativo, explicando que a empresa se aliou à Fábrica de Cerâmica Torreense. “Convidámos ceramistas locais a integrar esta iniciativa e da qual resultarão peças únicas”, frisa.
Na coleção “Sal” estão a participar Álvaro Nogueira, Miguel Neto, Mamoma Ceramics, Pedro Lobo, Eneida Tavares e Mariana Duarte que vão à unidade industrial de Torres Vedras. Todos os autores convidados possuem o seu espaço de trabalho nas Caldas. A coleção, que já tem uma peça da autoria de Vítor Agostinho, será posteriormente apresentada na nova galeria.

Novo espaço acolhe peças icónicas de autor feitas em cerâmica, cimento e vidro

Segundo Paulo Sellmayer, o período pós-pandemia parecia sorridente aos negócios mas “a guerra e a inflação formam um cocktail explosivo que traz alguma incerteza…”.
No início do ano voltaram as encomendas dos clientes habituais, não só a nível nacional como internacional. “Acabaram de nos encomendar peças da coleção Tasco em Viana para Paris”, sublinhou o designer, que considera que esta “é uma coleção do caraças!”. E isto porque esta alia a ilustração com a olaria e revela que ajunção está de acordo com o gosto do cliente contemporâneo.
“Estamos em conversações com Vila do Conde para fazer um trabalho similar com as rendas de bilros”, salientou Paulo Sellmeyer, acrescentando que a Vicara está aberta a novos desafios e muito interessada em continuar a aplicar o design como agente de mudança socio-cultural e económica. “Temos experiência em desenhar estes momentos especiais de criação”, referiu o coordenador destas iniciativas sublinhando que a marca tem vontade em servir de ponte entre autores e associações, centros de formação e autarquias. Com a Vicara colaboram, no total, duas dezenas de autores, designers e artistas, que se dedicam a trabalhar com os mais variados tipos de materiais.
O núcleo duro da empresa inclui, neste momento, quatro pessoas.
“Esperemos também que o Bairro Azul possa ficar mais animado com a nossa presença”, afirmou o designer, que sabe que, além da nova sede da Vicara, se irão instalar naquele bairro novos projetos criativos e que, em conjunto, poderão contribuir para reanimar aquela zona da cidade.
Em mostra permanente no novo espaço estão outras peças das coleções da Vicara, feitas em cerâmica, vidro e também em cimento. Todas têm sido comercializadas não só no mercado nacional como internacional, marcando presença regular em certames do setor. Nos últimos anos, as peças desenvolvidas e comercializadas pela empresa de design têm sido adquiridas para decoração de interiores e são requisitadas para a decoração de vários hotéis. n