Empresário Eurico Santos esteve na génese de um projecto que visa atrair turistas e potenciar muitos recantos da vila de Óbidos
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“Os segredos de Óbidos” é o novo projecto que está a ser dinamizado na vila para atrair visitantes aos lugares menos conhecidos nas ruas pouco frequentadas e que se revelam seguros para os acolher. A ideia partiu do empresário Eurico Santos e contou com uma adesão massiva de outros empresários, comerciantes e particulares de Óbidos, que abrem as portas das suas casas. Actualmente já estão implementados mais de 50 projectos e outros estão na forja, com o objectivo de possibilitar várias experiências em simultâneo

“Olhei para Óbidos, para as pessoas que conhecia e os empresários que sabia que eram activos dentro da vila e convidei-os para uma reunião”. A história é contada na primeira pessoa. Eurico Santos nascido dentro da vila e empresário com dois espaços também em Óbidos, apercebeu-se, em inícios de Junho, do medo que se estava a instalar, face à redução do numero de turistas e da capacidade de funcionamento dos espaços comerciais, e convidou todos a serem parte da solução, que pretendia mostrar este destino como seguro para quem o quisesse visitar.
A resposta superou as expectativas, com vários empresários, comerciantes, empreendedores e habitantes da vila a participarem, pensando em projectos conjuntos que juntam livros, gastronomia, música, comércio, teatro, leitura, performance e serviços.
Estas iniciativas poderiam realizar-se em pátios, miradouros, recantos ou mesmo terraços de casas particulares, mas não na Rua Direita, para não fazer concorrência directa a quem tem portas abertas.
“A ideia passou por reaproveitarmos toda a vila, também para levar as pessoas a sair desta artéria e conhecerem outros espaços”, explicou o empresário à Gazeta das Caldas.
O processo, que começou em inicios de Junho, culminou com a apresentação dos projectos e a aprovação pela Autoridade de Saúde, em inícios de Agosto. Dos cerca de 60 projectos submetidos, mais de meia centena tiveram luz verde para avançar e, muitos deles já estão no terreno.
Um desses casos são as “Quintas-feiras mágicas”, da empresa Worldbeliever, que juntam música, animação e serviço de gin ao pôr do sol.
A primeira foi realizada junto ao miradouro do castelo e tinha uma capacidade de 10 casais. “Quando nos apercebemos tínhamos, provavelmente, 100 pessoas na escadaria, a querer entrar, o que não foi possível, mas ficaram a assistir com o distanciamento assegurado. Foi fabuloso”, recorda o empresário.
“Coma com História” é outro dos projectos implementados, que junta a Tasca Torta com a ceramista Ana Todo Bom e a loja Artesanato Português, e que consiste num percurso gastronómico e pela história de Óbidos. Há também jantares românticos em jardins que lembram o sul de Itália, um roteiro de passaporte de ginja, visitas guiadas por elementos da Associação de Defesa do Património de Óbidos, e Conversas à Mesa com as Rainhas de Portugal, que junta a história com a gastronomia e a cerâmica local.
As livrarias de Óbidos propõem um roteiro, no qual os visitantes podem desfrutar de um livro e de uma bebida num recanto da vila, e há jantares para casais em terraços privados, normalmente “vedados” ao público.
Também há particulares que estão a participar. “Conversas à janela” é um desses exemplos e consiste no conto de uma história, por parte do proprietário da casa, a determinada hora, que pode ser escutada por todos quantos ali passem. Dois miúdos partilham a sua biblioteca no terraço com famílias com filhos e falam sobre o livro que estão a ler, no projecto “Os cá de casa também contam”, entre muitos outros.
Em Setembro começam os “Lanchinhos com conversetas”, onde as pessoas têm acesso, ao fim de semana, a um lanche diferente, com produtos regionais servidos em artesanato que não está à venda nas lojas e criado por artistas locais.

AMPLIAR PROJECTO AOS CONCELHOS LIMITROFES

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“Há projectos gratuitos e outros pagos, quase todos feitos mediante reserva, pois é a única forma de mantermos segurança e, ao mesmo tempo, passarmos confiança”, explica Eurico Santos, acrescentando que este projecto está alinhado com os vouchers lançados pela autarquia e toda a mensagem comunicacional de segurança veiculada.
Para além da visita, os “Segredos de Óbidos” querem que os turistas passem mais tempo na vila, e na região, pelo que, numa segunda fase, querem ampliá-lo aos concelhos limítrofes, convidando outras empresas e particulares a apresentar os seus projectos.
“O que nos espera é um grande Inverno. Temos de ser muito criativos e selectivos naquilo que fazemos, de forma a fidelizar pessoas às regiões e às marcas, e a não deixar que as portas fechem”, salienta o empresário, acrescentando que a pandemia permite, por outro lado, uma oportunidade em termos de formação e partilha entre as várias entidades. Destacou o envolvimento da autarquia, Sociedade Vila Literária e da Obitec (entidade que gere o Parque Tecnológico) na procura de parcerias e criação de um site próprio e lojas online, para ajudar os comerciantes. “Quando se tem quatro mil visitantes por dia ninguém pensa que necessita de comunicar ou vender de forma digital, neste momento é fundamental”, remata o empresário.
Estes tempos de pandemia têm também possibilitado uma maior ligação e partilha de conhecimento. “Todos trabalhávamos em Óbidos mas pouco comunicávamos entre nós”, realça.
Eurico Santos defende, ainda, que esta é a oportunidade de criar uma plataforma que pense o futuro do turismo e o turismo do futuro. “Havia um negativismo muito grande dentro da vila e no país inteiro. As coisas foram acontecendo, acho que a forma de receber hoje em Óbidos também é diferente”, disse, reconhecendo que, embora alguns dos projectos não sejam rentáveis, são uma forma das empresas fidelizarem os clientes.
Grande parte do público dos “Segredos de Óbidos” vêm de Lisboa e do norte do país e também os ingleses que estão a residir na zona dos resorts no concelho. Há dias em que já decorrem três ou quatros projectos, mas a ideia será acontecerem 20 em simultâneo e que possam “alimentar” quem visita a vila.
Eurico Santos reconhece que alguns dos projectos não são rentáveis, mas é uma forma das empresas fidelizarem os clientes.
Actualmente, o empresário tem a Esplanada da Praça de Santa Maria a funcionar, mas o Wine Bar Arco da Cadeia, mantém as portas fechadas, decorrendo as experiências da casa em espaços abertos, para famílias e pequenos grupos. Com os projectos que dinamiza, continua a garantir o emprego dos seus seis colaboradores.

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