Os Almanaques são desde o seu aparecimento o meio ideal de divulgação dos factos que fazem parte do dia a dia das pessoas. Contendo conselhos de vária ordem dão relevância aos assuntos relacionados com a agricultura, não esquecendo as datas religiosas e os festejos profanos. As informações quanto ao tempo, fases da lua e marés, estão sempre presentes. De fácil leitura, por hábito muito ilustrados, de pequeno formato e baixo custo, eles são ainda hoje uma fonte de informação privilegiada para uma determinada faixa de população, que por curiosidade, tradição ou por falta de outras hipóteses, os consulta.
Se houve artista que tivesse colaborado na ilustração de Almanaques, foi Rafael Bordalo Pinheiro, sendo o primeiro almanaque publicado com trabalhos seus, datado de 1872; um simples ramo de flores, transformado em letra capitular, ou seja letra de início de capítulo.
Mas hoje o que chama a nossa atenção é uma página do Almanaque do António Maria para 1882. A página dedicada ao mês de Agosto, cuja ilustração em forma de medalhão ocupa toda a página, tendo este no seu interior as informações referentes aos dias do mês. Mas o interessante nesta página é que a ilustração retrata o combate ao fogo feito pelos heroicos bombeiros que com valentia e destemor lutam contra as chamas e as labaredas que sobrem até ao topo da página; tendo esta imagem 137 anos, a questão dos fogos não é recente mas é uma problema que se vem arrastando aos longo dos anos.
Por vezes as páginas amarelecidas de modestos folhetos proporcionam-nos informações que podem ser surpreendentes; podemos deduzir que já naqueles tempos os fogos constituíam um problema sério para merecerem por parte de Bordalo Pinheiro o destaque que este lhes concedeu ao dedicar-lhes uma página inteira.