A arte e a cultura na Festa do Avante em foco em sessão do PCP

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Sessão decorreu na noite de sexta-feira, na sede do PCP nas Caldas

Cultura e arte são um dos motores da festa, mas há mais no evento que caminha para os 50 anos

A arte e a cultura são, desde o primeiro ano, um dos motores da Festa do Avante e um dos grandes atrativos. Mas a festa é muito mais do que um cartaz musical.
Na noite de sexta-feira, 30 de agosto, na sede do PCP nas Caldas, José Carlos Faria e Daniel Figueiredo, membros do Conselho Nacional de Cultura do partido, falaram sobre a festa para uma plateia com mais de 20 pessoas.
Nas mesas, cravos vermelhos, numa sessão pontuada por momentos de pausa na conversa para escutar músicas de intervenção.
José Carlos Faria começou por notar que “a Festa do Avante foi perseguida desde o primeiro momento” e até recentemente, com a pandemia.
Notando que a festa “começou por ser conhecida pela excelência da seleção musical que tinha”, frisou que o Avante “não é só isso”, relevando a gastronomia de todo o país, o espaço internacional, a cultura dos livros e discos, o convívio, os comícios, encontros informais, conferências, debates e intervenções.
Os dois oradores destacaram o rol de artistas e bandas de relevo que passaram pelo evento neste quase meio século de história, partilhando algumas histórias curiosas.
Por exemplo, depois de tocarem na festa do partido comunista francês, os Pink Floyd foram contactados para tocar no Avante, em 1978 e até aceitaram, só que para o concerto da Tour era necessário material de 35 camiões TIR e não era possível garantir a logística necessária. Mas, diz José Carlos Faria, permite ver “a dimensão do prestígio que a festa rapidamente atingiu”. Também o momento em que Chico Buarque viu a multidão que o esperava e disse que não entrava em palco foi referido pelos oradores.
O cenógrafo caldense lembrou uma instalação artística na festa sobre as condições de trabalho em Portugal. Tratava-se de um mapa gigante em que se pedia às pessoas que assinalassem com um pequeno ponto vermelho os locais onde sabiam de situações de salários em atraso ou despedimentos injustificados. “A mancha vermelha ocupava quase o país inteiro”, recordou, salientando o impacto da mostra.
Da plateia houve quem recordasse a primeira ida do Rancho de Tornada à festa e o espanto com o que encontraram.
“A Festa do Avante tem uma dimensão nacional e está inscrita no imaginário da nossa vida coletiva”, defendeu José Carlos Faria.
Este ano a festa assinala os 500 anos do nascimento de Camões, mas também o centenário de Carlos Paredes e de Joly Braga Santos. “Continua a cumprir a sua missão”, afirmou, complementando: “que não seja alienante, que abra portas e janelas para o mundo”.
Daniel Figueiredo trouxe um dos primeiros textos do Jornal Avante com reportagem do evento, que partilhou com os presentes. Defendeu que a festa “continua a fazer sentido” e que “pode desdobrar-se em muitos pontos de vista”. Além da cultura, destacou a importância do desporto.
“A Festa do Avante foi pioneira” e “puxou para a frente Portugal”, afirmou Daniel Figueiredo. Trata-se “de uma festa que é maior do que o partido, como o partido quer” e que “é uma afirmação da organização do PCP”. O facto de assentar, desde sempre, numa base de trabalho voluntário dos militantes, é precisamente um dos fatores distintivos. Mas a existência de diversos estilos musicais, como o fado, o punk, o heavy metal, as bandas populares e os ranchos também é uma caraterística destacada pelo orador.
Foi ainda contada toda a história da Carvalhesa, ao som da qual terminou a tertúlia. ■