Um grupo de oito aguarelistas – do Brasil, Bélgica, Rússia e de Portugal – esteve entre os dias 3 e 12 de Agosto nas Caldas da Rainha para pintar cantos e recantos, não só da cidade como de todo o concelho. Liderados por António Bártolo, os artistas retrataram paisagens em Alvorninha, Salir do Porto, Foz do Arelho e Paul de Tornada.
Neste V Encontro Internacional de Aguarela das Caldas da Rainha participou também a artista espanhola Teresa Jorda Vitó que está a expor até domingo, 19 de Agosto, na galeria do CCC.
“Caldas da Rainha começa a ser conhecida entre os aguarelistas de todo o mundo”. Quem o diz é António Bártolo, o coordenador destes encontros internacionais, que este ano contou com a vinda de oito artistas do Brasil, Canadá, Espanha, Rússia, Bélgica e Portugal.
O pintor considera que a aguarela está a ganhar cada vez mais força nos meios artísticos de todo o mundo e diz que há encontros internacionais que reúnem milhares de aguarelistas em Praga, China, México, EUA, Malásia e Indonésia. Em Portugal, “estamos a dar os primeiros passos”, afirmou o aguarelista, que coordena os Encontros Internacionais de Aguarela das Caldas há oito anos, a decorrer a cada dois anos no CCC. Acha que a aguarela é divulgada por autodidactas dado que tem sido um pouco descurada nas escolas superiores portuguesas. “No Peru, na Universidade de Belas Artes, a disciplina de aguarela tornou-se autónoma e tem produzido óptimos resultados”, disse o pintor.
António Bártolo diz que as Caldas tem muito para oferecer a estes artistas desde arquitectura contemporânea, ao centro histórico sem esquecer “a beleza de cada área do Parque D. Carlos I”. A Foz do Arelho é para o artista uma fonte de inspiração constante. “É sempre muito bela e as suas paisagens mudam de tons consoante as horas”, disse o artista, que se sente sempre bem acolhido por todas as freguesias, alvo de visita. Este ano, o grupo foi a Alvorninha pela primeira vez e ficaram surpreendidos com o moinho de madeira que ali existe e que foi retratado por todos, assim como a barragem e os seus casarios.
“Todos os dias a exposição do CCC vai sendo acrescentada com os novos trabalhos”, disse António Bártolo. O aguarelista contou também que este ano participou a espanhola Teresa Jordà Vitó, uma octogenária que apresentou as suas inovadoras aguarelas na galeria do CCC. Estas podem ser apreciadas até ao próximo domingo, 19 de Agosto.
A aguarelista russa Galina Gomzina gostou de vir pela primeira vez às Caldas para pintar. “É uma zona especial, com campo e mar”, disse a pintora que prefere pintar as ambiências de mar. Estudou Design Industrial, mas há 15 anos que prefere dedicar-se à aguarela.
Ari de Goes Júnior veio de Florianópolis (Brasil) para participar nesta iniciativa. Esteve ligado ao mundo da publicidade, mas hoje dedica-se a leccionar aguarela. Gostou de ter vindo às Caldas e apreciou sobretudo o trabalho feito ao ar livre no centro histórico e nas zonas junto ao mar.
O pintor já está a tentar também fazer iniciativas semelhantes do outro lado do Atlântico.
Marie-Paule Dupuis é belga e há 18 anos que se dedica à aguarela. Antes só desenhava a preto e branco. “Sou daltónica, misturo o verde com o vermelho”, disse a aguarelista que tem trabalhos fantásticos, onde não se sente a falta daquelas cores.
Cristina Mateus é aguarelista há dez anos e dedica-se sobretudo ao retrato e às paisagens marítimas. Mora na Foz, logo os pescadores e os veraneantes são uma constante do seu trabalho. Foi a primeira vez que esta artista participou no workshop da sua cidade, apesar de já ter integrado o grupo de aguarelistas que faz um evento similar em Santa Cruz. A autora também se dedica à pintura de azulejo.
Renato Palmuti veio de São Paulo e esteve pela primeira vez em Portugal. Dedica-se à aguarela há oito anos e já lecciona em workshops. Também acha que é preciso levar a ideia do workshop para o outro lado do Atlântico, dado que “foi óptima a partilha entre autores”.