Se for pela rua, ou estiver na praia, e encontrar um pintor a trabalhar, não estranhe. Até amanhã, 11 artistas originários de Portugal, França, Espanha, Macedónia, Moldávia e Argentina estão nas Caldas da Rainha a participar no primeiro Encontro Internacional de Aguarelistas.
“Esta é uma belíssima cidade para pintar”, conta o organizador do encontro, António Bártolo, destacando ainda as excelentes condições que encontrou no CCC, para os artistas trabalharem nas oficinas e também para expor os seus trabalhos.
De acordo com o responsável o trabalho de rua é o mais rápido. “Eles quando estão a pintar a rua olham consoante o seu interesse artístico, não estão preocupados apenas com a questão do património, que é rico”, explicou.
António Bártolo adiantou ainda que os participantes vão procurando os espaços onde resolver o seu trabalho. “A hora mais difícil é a do almoço, não só pelo calor mas pela questão das sombras”, pelo que normalmente trabalham de manhã. Por exemplo, há um artista francês que começa a pintar às 7 horas, depois pára e recomeça ao final da tarde, até ao por do sol.
Como grupo também se entendem todos muito bem. “Vivemos quase como uma família”, conta António Bártolo.
No passado sábado realizou-se um workshop orientado por um artista, que partilha o seu método de trabalho. “Nesta oficina participaram seis pessoas, algumas delas da zona de Lisboa, que não quiseram perder porque já conheciam o professor”, explicou António Bartolo.
Muitos dos trabalhos já se encontram em exposição no CCC. “Eles é que escolhem os trabalhos que querem divulgar”, diz António Bártolo, acrescentando que de início apenas trouxeram alguns trabalhos.
Na segunda-feira passaram o dia na Foz do Arelho e “produziram imenso”, conta o responsável, acrescentando que alguns deles querem voltar para junto da praia.
“Vão descobrindo as Caldas no dia-a-dia”, diz, acrescentando que a escolha dos motivos é dos próprios pintores, sendo que a organização inicialmente sugeriu alguns locais que são emblemáticos e representativos da cidade, como a Igreja de Nossa Senhora do Pópulo ou o Parque D. Carlos I.
“O mais bonito, na minha óptica, deste tipo de encontro é a diversidade de sensibilidades e formas de trabalhar a aguarela”, salienta António Bártolo, especificando que há uns que se dedicam mais ao retrato, outros ao naturalismo e “isso é que enriquece o certame”.
António Bártolo destacou ainda a forma como o CCC recebeu os artistas. Durante este período têm ido a diversos restaurantes para conhecer a gastronomia e na segunda-feira foram jantar à Expoeste, para entrar em contacto com a cultura popular.
No final cada um dos artistas deixará um dos trabalhos feitos durante o encontro para o CCC. Esta é uma iniciativa cultural conjunta do centro cultural e da autarquia para a promoção do conceito Wonderful Place.
António Bártolo organizou, há três anos, um evento similar em Santa Cruz (Torres Vedras), apoiado pelo município de Torres Vedras.
“A cidade dá muito de si, tem edifícios muito interessantes”
“É uma experiência muito interessante porque temos a oportunidade de nos reunirmos com outros aguarelistas. A cidade dá muito de si, porque tem edifícios muito interessantes e o mercado ou o parque. Pintei muito a igreja, o balneário termal, também há muitas glicínias (flores) que têm uma luz especial, e o parque também tem um potencial que me chama muito a atenção.
Pessoalmente estou a trabalhar muito todos os dias e, no final, ficamos com uma ideia conjunta de como todos vemos a cidade, embora cada um com o seu estilo bem definido.
É a primeira vez que estou nas Caldas, mas gosto muito de Portugal e venho cá muitas vezes. Sou aguarelista, mas não me dedico apenas à pintura, sou funcionária pública”.
Rossana Soriano Pólo, Espanha
“Gostei particularmente de pintar a parte velha da cidade”
“Estou muito contente de estar nas Caldas da Rainha pois fomos muito bem recebidos, por toda a gente que temos encontrado, por onde temos trabalhado durante esta semana. É a primeira vez que cá estou e tenho pintado as ruas. Ontem, para variar, estivemos a pintar a lagoa.
Gostei particularmente de pintar a parte velha da cidade, pela cor das casas, que faz lembrar Veneza, assim como o parque D. Carlos I”.
Alan Besoin, França
“O mar é das coisas que mais gosto de pintar”
“As Caldas da Rainha é um sitio muito acolhedor, onde se come muito bem e me têm tratado lindamente. Estou muito contente de cá estar e poder participar neste encontro com os meus companheiros aguarelistas.
Já conhecia cerca de metade dos participantes, principalmente os espanhóis e os franceses.
Aqui há o oceano Atlântico perto e uma paisagem bonita, é um sitio com muitos motivos para poder pintar e fazer boas obras.
O mar é das coisas que mais gosto de pintar, com as dunas, água, calor e as cores que lhes são características.
Gosto tanto da comida de cá que creio que vou regressar a Espanha com um quilo a mais. Gostei da comida típica portuguesa, mas sobretudo dos pasteis de nata.
Vim a minha companheira e que também é pintora e está a participar”.
Rafael Barbudo, Espanha