Aniversário de Zé Povinho vai ser celebrado com exposições e conferências

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Zé Povinho foi criado em 1875 por Bordalo Pinheiro na Lanterna Mágica
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Abre ao público no próximo sábado, 28 de junho, no CCC, a mostra que assinala os 150 anos da personagem bordaliana que representa o povo

A inauguração da exposição “ZÉ POVINHO 1875–2025” está marcada para as 17h00 e promete ser surpreendente. E isto porque sob curadoria do designer Jorge Silva, a mostra apresenta uma viagem de 150 anos, integrada no Salão Bordallo 2025, e que integrará uma seleção de jornais e revistas humorísticas, e originais de grandes cartoonistas como Bordalo Pinheiro, Stuart, José Vilhena, João Abel Manta, António, Cristina Sampaio, Mantraste e André Carrilho.

Segundo o curador da mostra, o aniversário de Zé Povinho vai incluir, nas Caldas, exposições nos três agrupamentos escolares do concelho caldense e que terão conteúdos adaptados ao público jovem. “Estas farão um resumo da história de Zé Povinho e também dos valores e intenções do cartoon”, explicou o designer. Nas escolas também se realizarão conversas em volta do Zé Povinho.

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Será também inaugurada uma exposição na Biblioteca Municipal, baseada no seu próprio acervo, em volta de Bordalo e de Zé Povinho.

Esta iniciativa ainda vai incluir duas mesas-redondas – que vão decorrer no CCC – sobre liberdade de expressão, sátira política e cidadania ativa, com convidados das áreas do jornalismo, da ilustração, da história e da educação.

“Esta será a primeira grande exposição sobre o aniversário de Zé Povinho”, disse Jorge Silva, acrescentando que por exemplo em Lisboa, no Museu Bordalo Pinheiro, as iniciativas sobre Zé Povinho irão realizar-se no último trimestre do ano.

A mostra, que abre no sábado, “acompanha a evolução desta personagem”, contou o curador e não só está presente o primeiro desenho que Bordalo lhe dedicou e que foi publicado a 14 de junho de 1875, num cartoon político do jornal Lanterna Mágica, um homem de ar apalermado, até uma interpretação deste ano, publicado há poucas semanas no jornal Público e que é da autoria de Cristina Sampaio. Zé Povinho surgiu em traje rural e barba à passa-piolho, faz a sua aparição, tendo inscrito nas calças “seu zé povinho”.

A personagem assumirá, desde aí, o papel de vítima ideal da governança política, seja ela das esquerdas ou das direitas, da Monarquia ou da República e assumirá, até hoje, “o encargo de representar o país e o seu povo. Bordalo não mais deixará a sua genial criatura”, comentou o curador.

“Copiado” cinco anos depois de ter sido criado
Zé Povinho passou a ser presença assídua nos seus jornais António Maria, Pontos nos ii e Paródia.
Ainda em vida de Bordalo, Zé Povinho acabou por contagiar a imprensa satírica da época.
“Temos as melhores páginas de Zé Povinho do Bordalo Pinheiro e o que aconteceu de seguida pois cinco anos após ter sido criado, “já era “copiado” por outros autores e outras publicações”, disse Jorge Silva acrescentando que Zé Povinho ganhou o seu próprio espaço.
Na mostra estão presentes Zés criados por vários ilustradores e a servir os mais variados interesses das mais variadas facções políticas.

Após o 25 de Abril, o Zé Povinho até, nalguns trabalhos, “chega a ganhar contornos de alguma ordinarice e até machismo”, disse Jorge Silva sobre trabalhos de Carlos Alberto Santos e de José Vilhena.

Ao longo de todos estes anos, Zé Povinho surge nas mais variadas publicações, incluindo programas das revistas, representadas no Parque Mayer, além dos grandes jornais satíricos. “Viajamos até à atualidade para ir ter com as versões de Zé Povinho, uma geração excecional de ilustradores e cartoonistas onde estão André Carrilho, Cristina Sampaio, Nuno Saraiva”, disse o designer. Destaque ainda para os Zés Povinhos de António, o cartoonista do Expresso. “Temos sete obras dele e que são verdadeiramente impressionantes”, acrescentou Jorge Silva.

Em relação às conferências sobre o Zé, uma será relacionada a sua história e as estórias e uma interpretação histórica, sociológica e filosófica sobre a figura. A segunda conversa será sobretudo dedicada ao desenho e contará com ilustradores e cartoonistas contemporâneos com convidados.

A mostra que abre portas no sábado e – que vai estar patente até final de setembro – conta com obras de instituições públicas e colecionadores privados que disponibilizaram muitas das obras: o Museu da Presidência da República, o Museu Bordalo Pinheiro, o Museu da Cerâmica, e os colecionadores Isabel Castanheira, Joaquim Saloio, Norberto Correia, Biblioteca Silva, Luís Vilhena e família João Abel Manta.

“ZÉ POVINHO 1875–2025” – conta com apoio da Câmara das Caldas e do CCC – e terá um catálogo de 240 páginas com textos de Jorge Silva, João Alpuim Botelho, Raquel Henriques da Silva e Isabel Castanheira.

 

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