Ideia partiu da admiração pelo realizador e começou com um simples e-mail
Na última semana o realizador Boris Lehman, que nasceu em Lausanne e, atualmente com 81 anos, vive em Bruxelas, esteve nas Caldas, onde apresentou algumas das suas obras. A vinda à região ocorreu após um convite do Cineclube das Caldas da Rainha.
Guilherme Rocha, que é estudante do mestrado de Som e Imagem da ESAD, explicou que o Cineclube.CR já faz iniciativas nas Caldas há mais de cinco anos, como mostras de filmes, um festival anual de cinema com três dias e outros eventos. O convite a Boris “começou com a curiosidade que tinha com a obra dele e achámos que seria uma boa programação para este ano”, contou, esclarecendo que fazem uma programação anual de cinema, com apresentações de duas em duas semanas, com a participação de realizadores. Esta foi a primeira vez que tiveram um realizador estrangeiro.
Tudo começou, após ver o filme “Babel”, conta Guilherme: “mandei-lhe um e-mail muito inocente a dizer que gostava dos filmes dele e que gostava que viesse às Caldas e, no dia seguinte, respondeu-me claro que sim, estou super entusiasmado, vamos combinar”.
O grupo teve a ideia de, neste sexto ciclo, fazer uma retrospetiva da obra do realizador, que admiravam. Durante a semana foram apresentados “Muet Comme Une Carpe”, “À la recherche du lieu de ma naissance”, “Fantômes du passé”, “Histoire de mes cheveux” e “Leçon de Vie” em diferentes espaços da cidade, nomeadamente, nos Silos, na ESAD e também no Museu José Malhoa. As sessões tinham entrada livre e os filmes eram legendados em inglês.
A experiência de passar uma semana com este realizador foi “super interessante”, analisou Guilherme, realçando a descontração com que se apresenta. “Os filmes são uma extensão dele próprio” e “faz filmes há mais de 50 anos sendo só ele próprio”, analisa, acrescentando que “é um cinema feito de amor e amizade”, feito “com pessoas que lhe são próximas e assuntos que lhe são muito próximos também”.
O jovem fez uma licenciatura em Som e Imagem na ESAD e atualmente está no primeiro ano do mestrado. Além da programação, o gosto pela cinema leva-o a produzir também os seus filmes.
O realizador já tinha vindo a esta região ter com amigos, mas conhecia melhor Lisboa e Porto, dado ter sido convidado para festivais de cinema. Gazeta das Caldas recordou-o de uma vinda ao Fantasporto, em 1984. “Ah, sim! O Manoel de Oliveira esteve na sala a ver o meu filme”, lembrou-se.
Boris gostou de vir às Caldas e de passar uma semana junto desta comunidade, tendo registado vários momentos, locais e pormenores em fotografias. “Temos tido um público jovem e tenho gostado muito do ambiente nas projeções”, revelou, realçando a simpatia das pessoas com quem se cruzou.
O realizador tem-se dedicado, além de escrever e produzir, a recuperar os filmes que produziu ainda em película.