Cerâmica para conhecer em espaços e museus das Caldas e de Alcobaça

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O Museu de Cerâmica guarda várias colecções de louça das Caldas

Em que espaços se pode encontrar e conhecer melhor a cerâmica local? Gazeta das Caldas apresenta um percurso pelos espaços do Oeste onde se pode apreciar produção industrial e também de autor

Caldas e em Alcobaça concentram espaços onde se pode conhecer a cerâmica da região. Na cidade termal pode ser visitado o Museu de Cerâmica, que guarda várias coleções – incluíndo de azulejaria e de miniaturas – de vários centros cerâmicos portugueses e estrangeiros, desde o século XVI até à atualidade. Predomina a produção local, desde as formas oláricas e a produção artística do século XIX, com autores como Manuel Mafra e Bordalo, até às criações contemporâneas de ceramistas caldenses, como Eduardo Nery, Ferreira da Silva ou Eduardo Constantino.
Por seu lado, Museu Malhoa possui um núcleo de cerâmica com peças que datam do século XIX e do século XX. Podem ser apreciadas obras desde Maria dos Cacos, Manuel Mafra, Rafael Bordalo Pinheiro e filho, Manuel Gustavo, de Avelino Belo, Francisco Elias ou de Costa Mota Sobrinho. A produção de autor está presente com obras de Hansi Staël, que foi também diretora artística da Secla. Este espaço acolhe o conjunto de cerca de 60 figuras em terracota, à escala humana que formam “A Paixão de Cristo”. Esta foi criada por Rafael Bordalo Pinheiro, entre 1887 e 1899, por encomenda do Estado à Fábrica de Faianças e tinha como destino as capelas do Mata do Buçaco. Por vicissitudes várias, o conjunto escultórico não foi terminado e permaneceu nas Caldas desde então.
Além dos museus também pode ser visitada a Casa Museu São Rafael que guarda peças que marcam a evolução da Fábrica Bordallo Pinheiro. O núcleo museológico fica nas instalações da unidade fabril que ficam junto ao Parque D. Carlos.
No coração da cidade, na Praça da Fruta, num edifício que albergou um balcão de um banco, hoje guarda a coleção de cerâmica de João Maria Ferreira, constituída por cerca de duas mil peças, que, na maioria, se referem à cerâmica das Caldas, desde Maria dos Cacos, Manuel Mafra, Bordalo numa viagem até à contemporaneidade já que inclui peças de autores como Ferreira da Silva, Armando Correia e Mário Reis. Na fábrica e na coleção privada é possível fazer visitas guiadas por marcação prévia, no pós-confinamento.
Em Alcobaça, a cerâmica pode ser apreciada no Museu Raul da Bernarda – adquirido pela Câmara em 2010 – e que guarda a “Coleção de Cerâmica Raul da Bernarda”. A Raul da Bernarda & Filhos era a fábrica de louça mais antiga do concelho vizinho e a coleção documenta 135 anos de memórias que atestam a importância da cerâmica local.
O Museu da Faiança de Alcobaça – “Maria do Céu e Luís Pereira de Sampaio” acolhe 2800 peças com fortes núcleos de Juncal, Cavaquinho e da Fábrica do professor Vandelli. Tem um importante acervo de louça de Alcobaça com exemplares da primeira fábrica local até à produção atual. Situado na Rua Frei Fortunato, este projeto foi distinguido com o Prémio Colecionador da Associação Portuguesa de Museologia- que reconheceu postumamente o papel de Luís Sampaio como colecionador. Obteve também uma menção honrosa na categoria de Coleção Visitável.
A Casa São Bernardo, desenvolvida pelo colecionador Rui Serrenho, é, também, ponto de visita obrigatório para os apaixonado pela cerâmica na cidade de Cister.
No Museu do Vinho há um núcleo de cerâmica sobre a temática daquele espaço. Inclui peças bordalianas, de Sacavém e de Alcobaça que farão parte de uma instalação que poderá ser vista quando o museu reabrir. ■

 

A coleção de João Maria Ferreira inclui duas mil peças e dedica-se à produção cerâmica caldense

 

Em Alcobaça, há uma coleção particular premiada pela APOM e que também abre as portas ao público