Jovem autora abriu a sua oficina e loja no Largo João de Deus. A ceramista é a nova ocupante do espaço que acolhia a Capelista das Termas
É de Arruda dos Vinhos mas há seis anos que vive nas Caldas onde já abriu o seu espaço onde vende e cria as suas próprias peças de cerâmica. Margarida Viegas veio para o espaço da Capelista das Termas que fica na Rua Rafael Bordalo Pinheiro nº 2, no final do ano transato mas foi recentemente que abriu ao público para dar a conhecer a sua cerâmica.
Margarida Viegas, de 25 anos, frequentou a Escola Secundária António Arroio para se formar. “Cresci com as artes em volta”, contou a ceramista, partilhando que o pai se dedicava à pintura e ao desenho. Foi aconselhada pelo pai que seguiu para a António Arroio onde teve a oportunidade de experimentar ourivesaria, cerâmica e até design multimédia. “Identifiquei-me de imediato com a cerâmica”, disse a jovem de 25 anos que experimentou na secundária o trabalho na roda, assim como estudou a escultura e a modelação.
Decidiu então vir para as Caldas estudar Design de Produto na ESAD.CR continuando ligada à cerâmica.
“Gostei muito do curso pois deu-me as bases todas que eu precisava relacionadas com o design e com a parte mais comercial ”, disse a autora que, entretanto, se especializou frequentando ações de formação de roda na Cencal.
Terminada a licenciatura, Margarida Viegas ainda fez o curso de Cerâmica Criativa do Cencal e “foi aí que verdadeiramente me apaixonei por esta arte, sobretudo pelo trabalho na roda”. Depois, a autora foi estagiar para a aldeia de xisto, Cerdeira, onde funciona um projeto criativo sustentável que inclui várias vertentes da formação em cerâmica. “Estive dois meses e fiz cinco cursos com formadores estrangeiros”, contou a jovem que aprendeu técnicas de cerâmica japonesa e teve a oportunidade de fazer cozeduras alternativas – Sagar e Raku – e também a lenha. “Fizemos algumas de 50 horas”, contou a autora enquanto mostrava algumas das peças feitas durante este estágio em Cerdeira e que pertencem à sua coleção.
Um sonho antecipado
“Sabia que ia ficar ligada às Caldas mas achava que ter o meu próprio atelier era um sonho que só alcançaria mais tarde…aí aos 40 anos”, disse a ceramista que arrendou este espaço próximo do Largo João de Deus que, depois ter uma autora de Bordados das Caldas, também acolheu a marca caldense Quinze.
Margarida Viegas já coordena workshops de cerâmica e tem feito várias ações para crianças e para muitas “é a primeira experiência que têm com o barro”.
Margarida Viegas já corresponde a pedidos de encomenda para fazer peças à mão, tal como aconteceu com um conjunto de pratos feitos à mão em faiança à roda e que foram um pedido de uma loja de Lisboa.
“A maioria das pessoas que vem comprar aqui peças são estrangeiros”, partilhou a autora, acrescentando que parte das encomendas lhe chegam de Lisboa através das redes sociais.
Já fez copos, chávenas, pratos e também grandes taças.
O espaço de Margarida Viegas é decorado com trabalhos feitos em renda e em macramé. Foram feitos pela sua mãe e dão um ar feliz ao espaço, aliando-se bem com as peças de cerâmica”. Há também muitas plantas que trazem a natureza a este espaço do centro histórico caldense.
Margarida Viegas considera que a cerâmica contemporânea vive um bom momento, pois “há muita gente nova a criar obras com a sua própria linguagem”.
Algumas peças são apenas decorativas mas a ceramista gosta que as pessoas atribuam às peças funcionalidades que necessitam ou desejam. As obras de Margarida Viegas custam cinco, sete, dez, 20 ou 50 euros, consoante o tamanho e podem ser adquiridas no seu espaço, nos workshops em cerâmica e por isso é nessa altura que está mais presente. A ceramista também trabalha noutro lugar e por isso quem a quiser contatar deverá fazê-lo previamente através das redes sociais.
“Sim, estou feliz de trabalhar por cá”, disse a autora que gosta das Caldas, do CCC “dos seus concertos e o ciclos de cinema”.
Margarida Viegas para já mantêm-se a solo na Capelista das Termas mas se um dia for preciso, vê-se a dividir espaço com alguém que tenho “o mesmo espírito de trabalho e de entrega”. A ceramista vê com bons olhos prosseguir estudos para mestrado mas ainda não sabe onde pretende prosseguir os seus estudos académicos.
A autora vai participar no Ecomercado, uma realização criativa com a qual Margarida Viegas se identifica pois a jovem também defende a sustentabilidade pois recicla toda a pasta que usa nos seus trabalhos, além de ser cuidadosa com todos os recursos que utiliza. Para si, a cerâmica “significa tudo…Não me imagino a fazer outra coisa…É verdadeiramente terapêutica”, rematou. ■