“Luzes da Cidade”, um dos mais conhecidos filmes de Charlie Chaplin, foi musicado ao vivo pelo pianista Paulo Melo, no passado dia 5 de Julho, no cine-teatro de Alcobaça. O olhar de Chaplin é, já de si, muito expressivo, mas o filme musicado ao vivo transmitiu as emoções com mais intensidade. O espectáculo integrou o festival Cistermúsica.
A sala do cine-teatro de Alcobaça estava bem composta, com perto de duas centenas de pessoas. Na noite de 5 de Julho, uma quarta-feira, mal se apagaram as luzes, numa tela apareceu o nome do filme “City Lights” (Luzes da Cidade).
Trata-se de um filme mudo, a preto e branco, do famoso Charlie Chaplin. Realizado em 1931, trata a história do boémio Chaplin quando se apaixona por uma florista cega, tudo fazendo para a ajudar.
No mesmo dia em que conhece a mulher dos seus olhos, acontece-lhe, por um acaso, salvar a vida a um milionário que se queria suicidar e de quem fica amigo.
O apaixonado Chaplin quer arranjar formas de ajudar a florista, que vive com dificuldades económicas, e procura vários trabalhos, mas sem sucesso em nenhum. Acaba por ser o amigo milionário que vai ajudar a florista, oferecendo-lhe dinheiro. Só que fá-lo num momento em que está bêbado, acabando por não se recordar de nada quando acorda sóbrio.
Chaplin é, assim, acusado de roubo e vai preso. Quando sai da prisão, sem dinheiro e com um fato esfarrapado, reencontra por acaso a sua amada florista, agora empresária do ramo e com uma vida desafogada graças ao dinheiro do milionário. Mais: a florista agora já não é cega porque tinha sido operada à vista.
O filme tem um final feliz, terminando com Charlie Chaplin com a alegria estampada no rosto.
O romance é já de si bastante expressivo, apesar de não ter falas. As imagens e os sons conferem-lhe uma intensidade grande, mas musicado ao vivo por Paulo Melo foi mais emocionante ainda.
Com grande mestria, durante uma hora e meia o pianista brasileiro musicou o filme. Houve momentos de autêntico concerto e outros de precisa sonoplastia.
Nuno Jorge veio de Turquel para assistir ao filme. “Já tinha visto há muitos anos atrás, na televisão, mas nunca ao vivo com um piano, que deu mais vida e torna-nos mais próximos do filme”, disse à Gazeta das Caldas, acrescentando que “sentem-se mais as emoções que o filme faz transparecer”.
Na opinião de Nuno Jorge, esta foi “uma aposta ganha, a repetir”. A terminar elogiou o festival, que “a nível cultural é das poucas coisas na região com o mínimo de qualidade”.
Espectáculo de dança adiado devido à chuva
Também integrado no Cistermúsica, estava previsto para a noite de 7 de Julho o espectáculo de dança “Murmúrios” (interpretado pela Academia de Dança de Alcobaça), que se realizaria na escadaria do Mosteiro de Alcobaça. No entanto, devido às condições climatéricas adversas, o mesmo teve de ser adiado, para data a definir.
O Cistermúsica continua até 27 de Julho, a espalhar música clássica por vários espaços de Alcobaça. Hoje, às 21h30, o Quarteto Alfama (Bélgica) interpreta obras de Mozart e Schubert no Celeiro do Mosteiro. Amanhã a alemã Silke Aichhorn dará um recital de harpa na Sala do Capítulo do Mosteiro. Em ambos a entrada custa oito euros, seis euros para menores de 18 anos e maiores de 65, sócios da Banda de Alcobaça, funcionários do município de Alcobaça e assinantes do Região de Cister.
No domingo, às 16h00, na Adega dos Balseiros (Museu do Vinho) irá ouvir-se serenatas para sopros, pela Camerata de Sopros Silva Dionísio. A entrada custa cinco euros.
Na quinta-feira (20 de Julho), pelas 21h30, a russa Irina Chistiakova dará um recital de piano no Claustro D. Dinis (Mosteiro), onde estreia uma obra do maestro António Vitorino de Almeida que foi encomendada especialmente para o quarto de século do festival. A entrada custa oito euros (ou seis euros nas condições referidas acima).
Amanhã, 15 de Julho, às 23h30, na programação Off, há combos dos cursos rockschool na esplanada do Ala Sul Café.