CLN está a mudar-se para o espaço público

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Há 26 anos que o Caldas Late Night (CLN) sai à rua e, este ano, voltou a trazer milhares de visitantes à cidade

Foram três dias animados, com milhares de pessoas, a visitar as Caldas, nos dias 25, 26 e 27 de maio. Na quinta-feira, o CLN começou, de forma calma, mas com o avançar da noite foi-se confirmando uma nota que marcou o evento deste ano: festas que aconteceram em espaço público como aconteceu na Praça 5 de Outubro e no espaço exterior do Museu do Hospital. A 26 de maio, sexta-feira à tarde, decorreram os tradicionais Slide e Luta de Almofadas, momentos de animação que conquistam gente de várias gerações. O primeiro decorreu na Rua entre o Café Ilha e a Rainha, na descida íngreme, coberta de plástico. A rua vai sendo molhada e coloca-se lava-loiça no plástico para ajudar na descida nas bóias de praia, usadas pelos participantes. Findo o Slide, altura de preparar as almofadas para a grande luta que regressou ao tabuleiro da Praça da Fruta. Há famílias, crianças e uma banda de rock da pesada que dá diferentes ritmos ao “fight”.

Na Praça houve uma outra proposta, de Maria Carnall, aluna de mestrado de Design de Produto da ESAD que,com a ajuda da sua equipa, preparou dezenas de refeições apenas com o que se vende no mercado diário.
“Estamos preparados para servir 60 refeições”, disse a jovem que apostou, por exemplo, num estufado de legumes. Além da diversão, há espaço para a apresentação de trabalhos académicos. Na antiga Bongosto, uma estreita loja onde uma senhora apanhava as malhas de meias – abriu uma mostra coletiva de vários artistas locais enquanto que, na Galeria Grupius, além de sessões de tatuagens (flash tatoos) houve inauguração de exposição, performance de pintura e degustação de cocktails.

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Parque recebeu Feira das Artes
Já no sábado, o Parque D. Carlos recebeu uma animada Feira das Arte com mais de meia centena de participantes que eram, sobretudo, alunos e antigos estudantes que vieram ali apresentar as suas propostas artísticas. Já a Mercearia Zen, próximo do CCC, abriu as portas ao CLN pela primeira vez. Houve animação com DJ, venda de produtos em segunda mão e a apresentação de trabalhos no interior da loja. “90% das pessoas, entraram aqui pela primeira vez”, disse a responsável, Elsa Zenário, para quem a participação no evento “foi muito positiva” e que vai querer voltar a participar no futuro.
Já o espaço de co-work da Partnia estava transformado em galeria e em atelier de tatuagem. A caldense Carolina Rodrigues, 20 anos, está a frequentar o curso de Arte e Design em Coimbra. Fez questão de participar no CLN, com pinturas sobre o “Nu Feminino”, que mostrou numa das salas daquele espaço. “Tive muita sorte com o espaço que me calhou para expôr”, disse a jovem, que não pensou em abrir a sua casa pois vive com os seus pais e em zona fora da cidade. Entre os visitantes contou-se Isa Afonso que se licenciou em Design Industrial na ESAD e que atualmente vive em Bristol (Inglaterra) e veio para o CLN.
“Gostei muito de reviver o evento e de reencontrar muita gente!”, disse a antiga estudante que ainda trouxe uma amiga da Cornualha, que também adorou o evento. Ambas querem voltar no próximo ano.Pedro Basílio, 43 anos, expôs fotografia na Galeria Farinha, nos Silos. A mostra “ABC Urbano” contou com muitos visitantes e até recebeu turmas da EB1 Sto Onofre. Mariana Sampaio, autora que vive o CLN desde 2014, considera que o evento está em mudança.
“Há menos casas, mas as pessoas continuam a viver intesamente o evento que atrai muita gente à cidade”, rematou a artista plástica. Nos Silos, vários espaços abriram as portas como foi o caso da artista Liliana Ferreira, 26 anos, que tirou o curso de Pintura nas Belas Artes de Lisboa e que prossegue estudos na ESAD. “Foi a primeira vez que abri o meu atelier e foi bom, sobretudo para mostrar o processo criativo”, disse a autora. Nicola Henriques acompanha o evento desde 2002. Primeiro como visitante, depois como aluno da ESAD e também como organizador com eventos no CLN como por exemplo, a festa final, que decorreu nas antigas instalações da Secla. “Creio que o CLN é fruto do contexto e vai mudando ao longo dos tempos”, disse o responsável dos Silos Contentor Criativo, acrescentando que o evento atrai milhares à cidade, “causando um impacto económico brutal”. José Ferro, um dos elementos da organização do CLN referiu que a 26ª edição “tem um balanço muito positivo” pois “locais, visitantes nacionais e estrangeiros divertiram-se e apreciaram a dinâmica da iniciativa”. Na organização estiveram alunos e antigos alunos da ESAD.
O evento tem vindo a modificar-se com a organização de mostras de arte de forma coletiva, em espaços comerciais ou de caráter público, uma tendência que se tem vindo a acentuar nos últimos anos. ■

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