Convidados nacionais e internacionais debateram a diversidade cultural na ESAD.CR
“Vinte Anos, Muitas Vozes” designou a iniciativa que assinalou os 20 anos da Convenção da UNESCO sobre a Proteção e Promoção da Diversidade das Expressões Culturais. O evento decorreu na ESAD.CR a 6 de junho e reuniu especialistas internacionais e nacionais que debateram e apresentaram projetos relacionados com a diversidade cultural.
Um dos convidados foi Sverre Pederson, da ONG The State of Artistic Freedom 2025, que explicou que esta entidade monitoriza a liberdade artística em vários países, recolhendo informação por todo o mundo. “ China é um dos países mais difíceis e Rússia também, sobretudo desde a invasão da Ucrânia”, disse o convidado à Gazeta das Caldas acrescentando que qualquer artista que faça críticas ao regime de Putin “pode apanhar vários anos de prisão”. Só o facto de “estar em contacto connosco, pode significar cadeia”, disse o convidado norueguês. Há também vários países a implementar leis que são contra os direitos humanos e a liberdade de expressão, como na Rússia “e que estão a ser copiadas por alguns países como Hungria, a Sérvia e a Eslováquia”. Há muitos artistas em vários países que são censurados, vigiados, torturados e presos apenas por criticarem as ações dos seus governos. “Nalguns chegam a ser mortos pois são vistos como ameaça a tais regimes”, rematou Sverre Pederson que é também realizador de cinema, Já Susan Osideritse Keitumetse (UNESCO Chair on African Heritage Studies and Sustainable Development, University of Botswana – African Indigenous Knowledge, Communities and Heritage) relembrou que não basta proteger paisagens ou recursos naturais e animais. “Temos que incluir as próprias comunidades”, disse a docente que acha que os conhecimentos e memórias dessas pessoas “também podem ser bem acolhidas e trazidas para o mundo do turismo”.
Por seu lado, Filipa Francisco veio às Caldas para apresentar o projeto “A Viagem” que interliga as danças tradicionais com a contemporânea.
Há 14 anos que trabalha com ranchos folclóricos de todo o país. A autora deu a conhecer como tem sido feito este trabalho que deu origem a uma longa metragem que chega agora às salas de cinema. “Já trabalhei com 32 ranchos a quem se pede para improvisar”. Geralmente, no início, “há sempre alguma estranheza”, explicou a mentora que trabalha durante duas semanas com os grupos, acompanhada por bailarinos contemporâneos. No fim é feito um espetáculo “onde todos dão tudo e onde os dois mundos se unem”, rematou.
Da conferência fez parte uma original performance que foi coordenada por Tristany Mundu, artista que vive e trabalha na Linha de Sintra e que contou com elementos que estavam na plateia do auditório.“Num mundo onde é difícil manter a diversidade cultural é importante assinalar estes momentos”, disse Lurdes Camacho, diretora do GEPAC e ponto focal da Diversidade Cultural em Portugal.
Lígia Afonso, coordenadora da iniciativa contou que envolveu os seus alunos do mestrado de Gestão Cultural nesta realização de celebração que uniu as entidades públicas à escola de artes caldense.“Nunca é demais sublinhar que é necessário proteger a diversidade cultural”. Este tipo de iniciativas “que destacam as Caldas, a ESAD.CR e o IPL poderão também abrir portas para os nossos alunos”, acrescentou a docente.
A celebração continuou com a Academia do Bombo de Mafra que fizeram uma arruada e uma atuação no recinto exterior. Os PédeXumbo por seu lado ensinaram passos de danças tradicionais europeias e portuguesas e contaram com forte adesão do público. A ESAD.CR trabalhou com a autarquia das Caldas, com o Impulso e com o Plano Nacional das Artes.