Exposição leva Mosteiro de Alcobaça ao Museu do Hospital e das Caldas

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Jorge Prata captou recentemente fotografias do Mosteiro para apresentar nesta exposição nas Caldas da Rainha
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Foi inaugurada no passado sábado, 18 de Janeiro, a exposição de fotografia “Mosteiro de Alcobaça: História, Tempo e Memória”, de Jorge Prata que vai estar patente até 8 de Fevereiro. A mostra, de imagens a preto e branco, acolhe a visão de um historiador-fotógrafo que usa a fotografia para reflectir sobre aquele exemplar arquitectónico cisterciense

“Mosteiro de Alcobaça: História; Tempo; Memória” é como se designa a mostra de fotografia a preto e branco de Jorge Prata, que esta patente no Museu do Hospital e das Caldas. O autor – que é também historiador e docente na Escola Secundária Inês de Castro, em Alcobaça – conta que há vários anos que estuda o Mosteiro e através da imagem e da história acaba por se dedicar ao estudo daquele património que é central para toda a região Oeste.
“Proponho através da fotografia pensar sobre o olhar e sobre a história”, contou à Gazeta Jorge Prata durante uma visita guiada pela mostra. Nela, o autor tem a intenção de pensar sobre o que seria a essência do próprio Mosteiro, quando foi criado e, por isso, apresenta imagens onde a luz possui um papel essencial.
“Creio que a intenção de Bernardo de Claraval, fundador da Ordem de Cister, tinha inerente essa ideia de que a luz tem um papel de revelação para o ser humano”, disse o historiador-fotógrafo, que captou as imagens recentemente, de propósito para a exposição nas Caldas da Rainha. E se o espaço geométrico e a luz têm um papel central nas imagens deste autor, há noutras a presença de um corpo que “representa a dor e sofrimento”.
O autor também reflecte sobre o desgaste a que o património está sujeito. Jorge Prata chama a atenção e regista os vários elementos que foram acrescentados àquele espaço nas remodelações, feitas ao longo dos séculos. No que diz respeito à memória, Jorge Prata remete para o amor de Pedro e Inês, cujos túmulos se encontram naquele espaço. O amor entre o casal casal “foi algo desejado e não concretizado num período prévio, mas que pode agora ser celebrado no presente”, referiu.
Jorge Prata também captou várias gárgulas do Mosteiro e diz que estas, tal como nos manuscritos alcobacenses, são uma espécie de anotações à margem do próprio edíficio.
Jorge Prata – que pertence ao Grupo de Fotografia de Alcobaça (GAFA) – gostaria de, um dia, publicar um livro com as suas fotografias. Ainda, hoje, passados 23 anos, o historiador deixa-se fascinar pelo Mosteiro e sua história. O que mais o atrai naquele edifício são os túmulos de Pedro e Inês, pois “contêm elementos que não se encontram em mais lado nenhum”. O autor referia-se por exemplo ao facto de Judas estar representado com uma pedra na mão para ferir o pastor, Jesus. Na sua opinião D. Pedro era alguém que os monges apreciavam em detrimento do pai, D. Afonso V que lhe retirou o poder. Como D. Pedro lhes restitui o que lhes foi retirado, o historiador diz que o amor deste monarca com D. Inês “é algo que foi criado e alimentado pelos próprios monges de Alcobaça. Eles contribuíram muito para a criação da lenda”, rematou.
A exposição, que tem curadoria de Carlos Victorino, vai estar patente até 8 de Fevereiro, no Museu do Hospital e das Caldas.

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