Praça da Criatividade foi o primeiro palco do Festival de Ópera de Óbidos onde a ópera-tango foi rainha. Seguiu-se homenagem a Camões nas Gaeiras
Foi com a ópera-tango “Maria de Buenos Aires” de Astor Piazzolla que abriu o Festival de Ópera de Óbidos (FOO) a 6 de setembro, numa das salas de espetáculo da Praça da Criatividade, área que resultou da requalificação da zona dos antigos armazéns da EPAC e do antigo quartel dos bombeiros.
O concerto esgotou e foi possível constatar que na plateia esteve gente de várias idades e muitos estrangeiros que quiseram vivenciar a abertura desta iniciativa. Pelo palco passou um espetáculo que uniu várias artes – a música e a dança – e que”levou” o público até à Argentina, com heroína Maria a enfrentar um destino trágico que simboliza a luta, a paixão e a resiliência feminina.
Estreada em 1968 com libreto do uruguaio-argentino Horacio Ferrer, “María de Buenos Aires” teve com direção musical de Daniel Schvetz e um elenco que conta com Ana Ester Neves (soprano solista), Christian Luján (barítono solista) e Guido Lisioli (recitante solista). Entre os músicos estiveram ainda Alexandre Frazão, (bateria) e Mário Delgado, (guitarra)conhecidos músicos do jazz luso O espetáculo voltou a subir ao palco no domingo à tarde, dia 8 de setembro, no mesmo espaço.
“Ficamos muito felizes de sentir este calor humano na abertura de festival de ópera de Óbidos”, disse o edil obidense, Filipe Daniel que referiu que a Praça da Criatividade se destina a experiências imersivas – como uma viagem de bateira sem esquecer borrifos de água – e que vão dar a conhecer momentos da história do concelho de Óbidos, das suas artes e ofícios . “Será uma sala multi-usos que deverá abrir no segundo semestre de 2025”, disse o presidente. De volta ao festival deixou a sugestão ao público para que este venha assistir ao espetáculo “A Filha do Regimento”, assim como à Gala de Ópera.
“Queremos levar a ópera às pessoas tal como fazemos com os livros no Fólio”, disse o autarca referindo-se ao facto de a Gala da Ópera ser apresentada ao ar livre no sábado, 14 de setembro, no Olho Marinho.
José Rafael Rodrigues, vice-presidente da ABA – Banda de Alcobaça e coordenador executivo do FOO – estava satisfeito com o facto do primeiro concerto ter esgotado os 250 lugares daquele espaço da Praça da Criatividade. Esta peça já tinha feito parte do Cistermúsica e “caía que nem uma luva na programação do FOO”e, por isso, decidimos avançar. Além do mais “destaca o papel da mulher algo que “é central para o FOO”.
No sábado, 7 de setembro, e com libreto de César Viana, foi apresentada a ópera “O Último Canto” que versou sobre o último período da vida de Camões. Uma peça encenada “de forma disruptiva, segundo José Rafael Rodrigues, e que levou muito público ao Convento de S. Miguel das Gaeiras para assistir ao espetáculo que também assinala os 500 anos de Camões.
O responsável ainda deu a conhecer que a ópera cómica de Donizetti, A Filha do Regimento está a ser ensaiada há um mês em Lisboa, num espetáculo que contará com 80 elementos, entre músicos e cantores.
“Estamos muito entusiasmados com esta apresentação assim como com a Gala”, disse o diretor acrescentando que nesta última serão por exemplo apresentadas árias de Puccini.
Do festival ainda faz parte um recital de ópera no Museu Abílio Matos, artista que esteve ligado ao Teatro de S. Carlos e que acontece hoje, dia 12 de setembro, pelas 17h30. Inclui visita ao museu e recital de canto com Joana Santos, acompanhada ao piano por Bernardo Pinhal. ■