Mário Cordeiro apresentou “Príncipes da Medicina” na Bertrand

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Mário Cordeiro partilhou com os presentes vários pormenores das cem biografias que estudou | NATACHA NARCISO
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“Príncipes da Medicina” é como se designa o último livro do pediatra Mário Cordeiro, que foi apresentado a 30 de Abril na livraria Bertrand, no La Vie. A obra conta um pouco sobre a vida de mais de uma centena de médicos desde o antigo Egipto até à contemporaneidade. Entre os biografados contam-se Tchékhov, Michael Crichton, Falópio, Fleming, Joseph-Ignace Guillotin, Miguel Bombarda, Garcia da Horta, Beatriz Angelo e Adelaide Cabete.

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“Sempre gostei muito da História e depois de ter feito a biografia do meu avô, também médico, decidi continuar a pesquisa”, contou o pediatra, muito ligado às Caldas onde deu consultas durante vários anos.

O médico sempre se interessou por saber o que leva os profissionais de saúde como ele a sair da sua zona de conforto e a desenvolver trabalho noutras áreas, seja na pintura ou na investigação. E há tantos motivos de interesse na vida dos médicos biografados. Veja-se alguns: o preservativo foi inventado no século XVI pelo medico italiano Falópio, “o mesmo que ficou para sempre ligado ao corpo feminino, através das trompas de Falópio”, contou o autor.
Foi também por acaso que Fleming descobriu a penicilina. “Ele foi de férias e esqueceu-se de uma série de placas onde estavam bactérias a cultivar. Quando voltou reparou que em certas zonas não tinham crescido bactérias mas sim um fungo”, disse Mário Cordeiro. Joseph-Ignace Guillotin, o inventor da guilhotina, “foi um dos homens que mais sabia de saúde pública e um dos maiores defensores das vacinas”. Como via que os condenados à morte sofriam, inventou um processo para abreviar o seu sofrimento.
Já Vesalius, considerado o pai da cirurgia, arriscou a vida dado que a Igreja proibia a dissecação de cadáveres e este andava pelos cemitérios de Paris a roubar cadáveres para os poder estudar. Nestas incursões ia acompanhado pelo seu amigo, Miguel Ângelo – o autor do tecto da Capela Sistina – que aproveitava para estudar a parte estética do corpo humano.
Entre os médicos nacionais não faltam também biografados com percursos interessantes desde Alfredo da Costa, que era obstetra e político e pensou que criar uma maternidade seria útil para melhorar a qualidade dos partos. O médico nunca viu o seu projecto implementado, apesar da maternidade lisboeta, construída mais tarde, ter ficado com o seu nome.
Egas Moniz, – o único Prémio Nobel da Medicina português – ao realizar a leucotomia (e não a lobotomia, como se diz habitualmente) queria apenas dar menos sofrimento e não “acalmar” os doentes. As médicas Beatriz Ângelo e Adelaide Cabete – que coseram a primeira bandeira da República – também têm a sua história contada nesta obra. Beatriz Ângelo foi a primeira portuguesa a votar e Adelaide Cabete quis prosseguir estudos de medicina e o seu marido, um sargento da GNR, apoiava-a e ficava com os filhos de modo a que esta pudesse frequentar a universidade.
“Aprendi muito nestes três anos de pesquisa e ainda me espanta como alguns conseguiram ter tempo para fazer tanta coisa tão bem”, comentou o médico acrescentando que antes da investigação não sabia que S. Lucas era o padroeiro da sua classe profissional. “Príncipes da Medicina” foi apresentado em Lisboa na passada terça-feira, 10 de Maio.

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