A caldense Jéssica Lopes com os actores do Olho d’Água
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A necessidade de emigrar ou de procurar emprego na grande cidade foi algo que marcou gerações de oestinos. Uma caldense, formada em Teatro, leva estas memórias aos palcos da região

Foi representada, no auditório da Casa da Música em Óbidos, a 29 de Fevereiro, a peça “Gaveta de Memórias” pelo grupo de teatro amador Olho d’ Água. O texto e a encenação é da caldense Jéssica Lopes, 22 anos, que se formou em Teatro na ESAD.  A autora disse à Gazeta das Caldas que já desde os bancos da universidade que se interessou por teatro documental e contou que está a ser “um bom desafio” trabalhar com os seis elementos deste grupo de teatro amador com idades entre os 55 e os 80 anos.
A ensaiar com o grupo desde finais de Outubro de 2019, Jéssica Lopes, começou por realizar com o grupo um espectáculo em co-criação com colegas da ESAD – Inês Minor, Clara Cunha e Nicole Damião . Agora a solo, a autora percebeu que entre as memórias dos actores havia histórias comuns como o facto de haver vários que procuraram uma vidas melhores na capital ou até no estrangeiro. E deste modo, feita a pesquisa com os vários elementos do grupo, Jéssica Lopes decidiu levar ao palco a história de amor de um casal que está no grupo que se conheceu durante as viagens de autocarro em Lisboa.

Amor, política e Lisboa

Há outro caso de uma senhora que queria ser assistente de bordo e a família não deixou enquanto que outra personagem recorda na peça como foi divorciar-se, com filhos pequenos, no final dos anos 80, numa altura em que ainda não era socialmente bem aceite, sobretudo em meios pequenos.
“Apesar de não querer falar sobre política ou sobre cidades em específico, a verdade é que acabámos por tocar nestes temas”, contou a autora explicando que o casal de actores que se conheceu e se e se apaixonou nas viagens de camioneta indiciava que o espectáculo teria que referir uma história de amor vivida na capital. E que peça referia muito Lisboa ficou claro para a autora quando um dos seus actores lhe relatou que chegou a morar junto ao Teatro São Luís e consequentemente junto à sede da PIDE, tendo relatado o que por ali se vivia. Jéssica Lopes está satisfeita com o trabalho que está a desenvolver com o grupo de teatro amador Olho d’ Água (que já existe há 20 anos) e é com grande satisfação que vê cada elemento daquele colectivo evoluir no seu trabalho com a arte dramática. “Apesar de serem amadores tentamos trabalhar com grande seriedade”, disse a caldense que também tem desenvolve outros projectos pessoais onde trabalha com actores profissionais.

Nos palcos de Óbidos e das Caldas

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A peça “Gaveta de Memórias”, que estreou a 15 de Fevereiro no Salão do Povo, no Olho Marinho, reúne as memórias dos actores mas também cruza várias gerações e opiniões sobre as mais diversas temáticas.  Esta peça memorialística tem no  seu elenco Cândido José Alves, Helena Maurício, José Maurício, Odília Almeida, Virgínia Penteado e Vitória Alves. Jéssica Lopes com este seu trabalho de arte dramática, mais intimista, sobre o universo pessoal de cada um – mas que acaba por tocar no destino de muita gente – tem ainda um segundo objectivo. A caldense quer ainda com os seus projectos cativar mais público para assistir às propostas teatrais. “É preciso que as pessoas regressem às plateias para assistir às peças de teatro”, referiu a encenadora a quem não faltam ideias para desenvolver mais projectos na região. Ainda durante este mês de Março, “Gaveta de Memórias” vai ser representada na Associação Recreativa do Vau que também pertence ao concelho obidense. Segundo a encenadora, esta peça vai ser representada nas Caldas, dado que vai integrar a próxima edição do Festival Ofélia, evento que é organizado pelos alunos de Teatro da ESAD e que habitualmente decorre no mês de Maio.

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