Agrupamentos caldenses integram Plano Nacional das Artes

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O comissário do PNA, Paulo Pires do Vale apresentou o documento na ESAD para a comunidade educativa e representantes autárquicos e de instuições culturais
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Os agrupamentos de escolas Raul Proença e Rafael Bordalo Pinheiro integram o Plano Nacional das Artes, que tem por objectivo tornar as artes e a cultura mais próxima dos cidadãos. O seu comissário, Paulo Pires do Vale, esteve na ESAD, a 27 de Fevereiro, a fazer a apresentação do plano que pretende promover a “democracia cultural”

Ter um artista a trabalhar durante uma semana com os alunos do primeiro ciclo na EB de Santo Onofre e a contaminar a comunidade. Este o desejo do Agrupamento de Escolas Raul Proença que concorreu a uma residência artística no âmbito do Plano Nacional das Artes. A docente, Elisabete Silva, explica que tendo em conta as múltiplas comunidades de alunos que ali estudam e o local sócio-educativo médio baixo onde se inserem, a arte é uma linguagem que querem explorar. “Temos que desenvolver todas as linguagens para que os nossos alunos possam descobrir neles quem são e o que podem acrescentar na sociedade”, destacou a docente, acrescentando que este agrupamento possui uma grande tradição de trabalhar a educação pela arte. Também o Agrupamento de Escolas Rafael Bordalo Pinheiro irá participar no plano, com a colaboração da ESAD. Maria do Céu Santos, directora deste agrupamento, explicou que irá para a escola um professor para se dedicar a tempo inteiro ao projecto. Será esse docente quem irá desenvolvê-lo, em articulação com o plano anual de actividades da escola e os departamentos das várias disciplinas. Maria do Céu Santos considera que na área das Artes, tal como já aconteceu com o Ambiente, deve-se investir nos mais pequenos, que irão depois sensibilizar as suas famílias. Destaca os exemplos das escolas Waldorf e Montessori, com modelos pedagógicos muito ligados à arte e ao fazer, que entende que faz falta nas escolas públicas. “É importante que se passe a pensar na componente lúdica ligada à aprendizagem e ao fazer”, explicou a responsável.
Maria do Céu Santos referiu ainda a necessidade de existência de um plano municipal, que permita que todos os agrupamentos estejam em rede com as várias estruturas culturais existentes no território.  Estes dois agrupamentos já integram o Plano Nacional das Artes, criado há um ano, pelos ministérios da Cultura e Educação, e que actualmente já conta com mais de 60 agrupamentos de escolas inscritos, entre outras entidades. O seu comissário, Paulo Pires do Vale, esteve na ESAD, no passado dia 27 de Fevereiro, a apresentar o plano às instituições culturais e escolas caldenses. De acordo com este responsável, já existem 63 agrupamentos de escolas interessados em trabalhar com o plano, desde Macedo Cavaleiros até Faro, com projectos muito diversos e adaptados à sua realidade. Paulo Pires do Vale explicou que o plano prevê a criação de uma estrutura dentro da escola, que envolve um coordenador, diferentes disciplinas e a identificação de um problema ao qual a cultura pode dar resposta.
“Há projectos culturais já muito desenvolvidos e até ancorados na sua escola e outros que estão a começar. O que queremos é que as coisas sejam feitas com tempo, cuidado e que criem raízes”, defendeu Paulo Pires do Vale, destacando que não lhes interessa apenas desenvolver actividades, mas que estes projectos deixem uma marca na estrutura da escola. E isso implica “tempo, trabalho conjunto e encontros para a criação de uma rede”. A finalidade, de acordo com este responsável, é de cruzar vários saber, diferentes disciplinas e que os alunos possam ter acesso à fruição artística e produção cultural.
Para além das escolas, tem havido interesse por parte de muitas outras entidades, com quem esta estrutura de missão pretende trabalhar em simultâneo. “As autarquias têm sido parceiros muito interessados”, disse, acrescentando que uma das medidas propostas é a da criação de um Plano Estratégico Municipal para a Cultura e Educação, que está a ser desenvolvido pela Universidade do Minho e que pretende ajudar as autarquias a repensar a sua actuação na área da cultura e a fazer a ligação com a educação. Uma das exigências destes documentos estratégicos é o conhecimento de quem são os agentes culturais, como se podem cruzar melhor e trabalhar em rede para as comunidades.

Plano assente em vontades

“Há que perceber que públicos têm e onde querem chegar”, explica o responsável, dando como exemplo uma entidade que se dedica à cultura popular e que poderá ter iniciativas de cultura erudita. A equipa que operacionaliza o plano está agora a trabalhar com as direcções regionais de cultura para poder, depois de criado o modelo, chegar às autarquias e darem formação aos técnicos que assim o desejarem. Contudo, Paulo Pires do Vale realça que este plano assenta em vontades: as coisas só acontecerão se as comunidades assim o desejarem, seja nas escolas, nas câmaras, ou nas instituições culturais. O Plano Nacional das Artes foi pensado a cinco anos, depois será avaliado e terá mais cinco anos. A intenção do seu comissário é que daqui por uma década, este seja “completamente dispensável”. Significa isto que os “vários actores tomaram consciência da responsabilidade que têm pela cultura de todos e que se apropriaram do plano, tornando-o seu”, disse, manifestando que o seu grande desejo “não é ele permaneça, mas que deixe de ser necessário”. Na apresentação, na ESAD, Paulo Pires do Vale, citou Sophia de Mello Breyner Andersen, que na Assembleia Constituinte de 1975, defendeu que “a cultura não existe para enfeitar a vida mas para a transformar”.

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