MESTRA celebrou a cerâmica durante três dias no Parque

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A foto de família
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Meia centena de ceramistas, da região e de outras zonas do país, reuniram na MESTRA, evento que após três edições prova que a cerâmica contemporânea atrai público de várias idades. Houve gastronomia e animação num evento que se consolida e que prova que as Caldas honra as suas tradição cerâmica

Foi ao som dos bombos e cabeçudos da Escola Técnica Empresarial do Oeste que a MESTRA abriu ao público, a 20 de junho. O parque das bicicletas ganhou uma nova vida sobretudo por causa de uma grande tenda que albergou as bancas de 50 ceramistas que trouxeram as suas propostas para esta mostra mercado de cerâmica.

Nas zonas laterais da grande tenda, estiveram representadas as escolas caldenses que apresentaram os seus projetos assim como o Cencal que permitiu aos visitantes executar peças à roda.

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Na abertura, além do executivo camarário marcou também presença Anabela Freitas, vice-presidente da Turismo Centro de Portugal (TCP).

“Queremos abrir este evento com informalidade pois somos todos somos amigos da cerâmica e esta Cidade Criativa muito deve à sua cerâmica”. Palavras da vereadora da Cultura, Conceição Henriques, que recordou as antigas feiras da cerâmica que tinham uma forte componente industrial e que hoje “já não se justificam”. Caldas “tem hoje uma componente da criatividade e são muitos os autores que se dedicam a esta arte”. A autarca ainda destacou a exposição “Rainha Mestra” que integrou vários azulejos feitos por ceramistas e que se referiram ao legado que D. Leonor deixou nas Caldas. Esteve presente à entrada da mostra-mercado.

A vereadora ainda explicou que a MESTRA “está maior e mais rica do que nos anos anteriores”, acrescentando que no ano anterior esta não se realizou por causa da conferência internacional de cerâmica, que uniu os esforços dos concelhos caldense e alcobacense.

Unir a cerâmica ao Turismo
Anabela Freitas, do TCP, sublinhou a ligação da cerâmica e do turismo, pois “são ambos atividade económicas”.

Quem faz cerâmica “tem que ter criatividade e colocar um pouco se si nas obras, dando-lhes autenticidade”. Segundo a convidada “52% dos turistas estão dispostos a alterar o seu destino se lhes for apresentado um outro que lhe proporcione contacto com a comunidade local e participação em projetos comuns”. Ou seja, “os turistas procuram autenticidade, sem esquecer que todos os que estão na cadeia de valor têm que ganhar dinheiro”. Como tal, procura-se oferecer experiências autênticas a quem nos visita e por isso a ligação às comunidades locais estão hoje na ordem do dia, assim como as questões “ligadas à preservação da nossa cultura e da nossa identidade”.

O presidente da Câmara, Vitor Marques, estava contente com a nova MESTRA e com quem nela participa pois “é malta gira, que faz realmente um trabalho fantástico!”. O edil caldense passou em revista as novidades desta edição passando sobretudo pelo trabalho feito pelas escolas e também dos museus, aliados da MESTRA. “Temos agora este novo caminho para trilhar, um novo desígnio par a cerâmica”, disse o autarca que espera que esta mostra possa ser uma montra para os ceramistas. Espera ainda que estes se sintam motivados a participar também no próximo ano.

Nesta terceira edição foi possível conhecer os projetos dos agrupamentos Bordalo Pinheiro, D. João e Raul Proença. “Os nossos agrupamentos acompanham de forma notável a tradição criativa das Caldas e fazem-nos acreditar que a cidade tem futuro com estes jovens que acompanham a criatividade”, referiu Vítor Marques, que está apostado “em fortificar este pilar que é a cerâmica na nossa comunidade”.

“Uma boa energia no evento”
Fernando e Milena Miguel estavam contentes de fazer parte da MESTRA pois o evento no parque estava a atrair gente de todas as idades. O casal que vai marcar presença na FIA, trouxe as suas peças satíricas e sacras, muitas com o Zé Povinho representado. Presente e em destaque estiveram peças que os autores realizaram para o centenário da Gazeta das Caldas.

A norte-americana Nicole Curcio. que tem vários projetos em parceria com a ceramista e artista plástica Mariana Sampaio. também apreciou ter feito parte desta MESTRA pois “há uma boa energia em volta do evento”.

Liliana Sousa veio de Alcobaça e trouxe peças de cerâmica diferentes das que costuma fazer e que têm sobretudo uma função decorativa. Criou objetos eróticos e tirou partido de texturas para criar peças de lingerie em cerâmica. “Está sempre tudo escondido e ninguém fala sobre o erotismo”, disse a autora que quer desenvolver mais esta área.

Mariana Sampaio esteve presente na abertura da Mestra mas durante o fim de semana seguiu para Guimarães onde esteve a realizar uma residência artística. A ceramista, que trabalha há vários anos nas Caldas, foi convidada para ensinar sobre a azulejaria portuguesa. Em julho a autora vai dar workshops de cerâmica para crianças, a partir dos seis anos, no seu atelier, nos Silos.

“O sítio é bom, há uma ótima apresentação e acho que está tudo a correr bem”, disse Carlos Neto um dos autores da Casa da Olaria que veio representar Porto de Mós nesta iniciativa. Com Ana Lousada, estavam satisfeitos em participar com peças de porcelana feitas com celulose e obras em grés que lembram pedaços de lava.

A apreciar estas peças estava Domingos S. Pedro. O visitante que trabalha na área da iluminação também dá uns toques na cerâmica e fez um candeeiro, usando material que recolheu do vulcão dos Capelinhos (Faial, Açores). O visitante, acompanhado pela esposa, tem casa há 30 anos nas Caldas da Rainha e sobre a MESTRA afirmou: “de tudo o que eu vi até aqui, o evento está cinco estrelas!”.

Cães-paliteiros na moda
Alunos do 8º ano da D. João II participaram num projeto de cerâmica e cada um fez uma peça: um cão-paliteiro. Os estudantes mais novos inspiraram-se na produção de Maria de Cacos para criar as suas próprias obras.

De volta aos cães: várias pessoas mostraram interesse em adquiri-las mas estas não estavam à venda pois pertencem aos alunos. Na banca do agrupamento podiam ver-se cães-unicórnio, um outro cão-aviador ou ornamentado com um laço. Outros, explicaram as professoras, reproduziam animais que fazem parte das próprias famílias dos autores. Este projeto, que envolveu o Cencal e ligou várias escolas da região teve coordenação do Museu Machado de Castro. O resultado foi uma “ótima” adesão dos alunos.

Durante três dias, além das oficinas para os mais novos, o espaço da MESTRA recebeu performances, relacionadas com o Plano Nacional das Artes, de escolas não só das Caldas como também de Alcobaça. A iniciativa teve várias visitas guiadas pela cidade em busca da azulejaria local e teve início na Igreja de N. Sra. do Pópulo. Também os museus abriram portas para atividades, além de concertos com grupos como o projeto local Coro do Bairro e ainda o Trio Marabilha que mostrou as capacidades de fazer música com peças de barro.

 

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