Apesar de alguma indefinição quanto ao futuro, o museu, que foi desejado há quatro décadas pelos caldenses, deverá passar para a autarquia
O Museu de Cerâmica está a assinalar o seu 40º aniversário. A data foi celebrada nos dias 19 e 20 de maio com a inauguração de exposições de escolas, música ao vivo e também um jantar de celebração.
Em 1983, seis anos depois das primeiras diligências, Gazeta das Caldas noticiava a criação oficial do Museu de Cerâmica, nas Caldas da Rainha, com publicação em Diário da República. Em julho de 1984 Nicole Ballu Loureiro foi nomeada primeira diretora deste espaço museológico, instalado na antiga Quinta Visconde de Sacavém, adquirida para o efeito em 1981. Gazeta das Caldas deu nota que a Quinta, onde se encontra o Palacete, foi adquirida pelo Ministério das Finanças ao Instituto do Património Cultural.
O museu é atualmente constituído por um palacete tardo-romântico, que acolhe a exposição permanente e por um edifício secundário onde fica a Sala de Exposições Temporárias, a Loja, a Olaria e o Centro de Documentação. Guarda coleções, aquisições do Estado e doações de várias proveniências.
Todas as áreas precisam de ser intervencionadas, são necessárias obras de manutenção com especial incidência para o Palacete que há vários anos que está a precisar de intervenções de fundo no próprio edifício.
Em 2020, a Direção Regional de Cultura do Centro (DRCC), que ainda tutela o Museu de Cerâmica, fez uma intervenção no valor de 37 mil euros que reparou e substituiu as caixilharias de madeira. Também deu para reconstruir o alpendre nascente onde, há cerca de um ano, se interditou a passagem por razões de segurança.
Para a diretora do Museu, Nicole Costa – que acumula com a direção do Museu Malhoa e o da Nazaré – “todos os museus precisam de ser renovados nalgum momento” e concorda que o Palacete, um edifício do século XIX, precisa de intervenção urgente. Sob a sua coordenação o Museu de Cerâmica tem aberto as portas ao trabalho em parceria com vários grupos, autores e associações da comunidade. “Vamos continuar a trabalhar apostando nas parcerias”, disse a diretora que acredita que os museus devem ser espaços de diálogo.
Câmara otimista com passagem
O presidente da Câmara, Vítor Marques. afirmou que reuniu com a diretora da DRCC, Susana Menezes, e como tal ainda foi possível incluir a requalificação do Palacete no documento que enviaram para a CCDR do Centro, a fim de incluir esta requalificação na lista das intervenções que são prioritárias. “Ainda conseguimos fazer com que fosse a tempo, portanto, essa pretensão da requalificação do Museu de Cerâmica (Palacete, jardins e áreas adjacentes) já chegou à CCDR Centro”, disse. A questão é que a intervenção tinha um orçamento de um1,6 milhões de euros, valor já apurado há algum tempo e, por isso, agora já “deverá estar perto dos dois milhões de euros”, acrescentou o autarca.
A Câmara informou a DRCC que de que está “disponível para receber o museu com a garantia das verbas para a manutenção do espaço. Essa é a prioridade”, sublinhou Vítor Marques. E ainda foram pedidas verbas para “poder contratar mais recursos humanos pois os que existem estão muito aquém do que é necessário”, concretizou.
O autarca crê que seja possível a transferência de competências ainda durante a celebração dos 40 anos deste museu, ou seja, “até ao final deste ano”.
Comesta transferência de competências a autarquia caldense “aumentará a oferta museológica”. Margarida Araújo, a atual presidente da direção do Grupo de Amigos deste Museu sublinhou que o Palacete Visconde de Sacavém foi classificado em Setembro de 2022 como monumento de interesse público, “o que atesta a importância artística e arquitetónica do imóvel e de toda a sua envolvência ajardinada”. Na sua opinião, quem visita o Museu da Cerâmica “apercebe-se das suas fragilidades e carências que reclamam solução urgente, mas rapidamente se deixa encantar, nas alamedas do jardim e no interior do palacete”.
A dirigente ainda acrescentou que “o espaço continua a ser diminuto para a qualidade e representatividade que o legado exposto e as reservas contêm, merecendo por isso um novo espaço – desejo patente desde o início – o qual tem durante sucessivos anos congregado esforços empenhados”. O Grupo dos Amigos, desde 1989 e até hoje, é disso testemunha e, na medida do possível, tem tentado ajudar. “Continuaremos a ser suporte amigo e dinamizador com que o Museu e quem o dirige e o tutela pode contar”, rematou.■