
O continente americano tem várias cidades míticas, desde Nova York ou Boston na costa Leste, a Seattle, S. Francisco e Los Angeles na costa Oeste, bem como uma cidade pequena em relação às anteriores, mas que encerra uma mística inconfundível. Trata-se de Nova Orleães, a capital mundial do jazz, na costa Sudeste, próximo do Golfo do México, fundada pelo colonizadores de origem francesa em 1718, mas que tem marcas deixadas também pela cultura hispânica e afro-americana, tanto na música como na culinária.
Na culinária encontram-se pontos distintivos dessa influência, como o uso de condimentos fortes à base de piri-piri, mariscos e outros condimentos trazidos pelos espanhóis e franceses, como é o caso do presunto. A culinária creoula deu aos apreciadoras um prato chamado jambalaya, imitando a paella (arroz à valenciana) tendo como ingredientes o camarão, a linguiça e o arroz.
O ambiente que se vive na cidade, ligado à sua história e tradição, bem como à influência da cultura das várias comunidades já referidas, com destaque para os afro-americanos que aqui fizeram emergir uma forma incontornável de música, está bem representada no Jazz.
New Orleães e o Jazz é um casamento indestrutível desde o início do séc. XX e pela cidade se vive a todo o momento essa comunhão, onde o visitante pode encontrar grupos ou músicos sozinhos tocando belas músicas tradicionais, bem como os bares que pululam no French Quarter (Bairro Francês), o velho quarteirão onde predomina a arquitectura influenciada pelos franceses, com casas de dois ou três andares, com bares ou clubes nocturnos nos pisos térreos, abertos sobre as ruas, com grupos no interior, onde o jazz se ouve durante a tarde nalguns e em todos à noite.
O bairro enche-se de amantes do Jazz, que deambulam por aquelas ruas e experimentam a toada de cada bar, podendo ficar naquele que lhe diga mais, na cidade também conhecida pelo título não oficial de “Deixe os bons tempos rolarem”.
No próximo ano New Orleães comemorará o 3º centenário da usa fundação por Jean Baptiste Moyne, que lhe deu aquele nome em homenagem a Filipe, Duque de Orleães e Regente de França, tornando-se a capital da Luisiana em 1722. Com os seus quase 350 mil habitantes e 1,2 milhões na região metropolitana, tem um vida económica e cultural muito dinâmica, que sofreu um rude golpe em 2005 aquando do tufão Katrina.
O facto de a cidade, e especialmente o seu centro, estar abaixo do nível da água do mar, defendido por diques, com as cheias provocadas pelo tufão Katrina, muitos dessas defesas ruíram inundando a cidade de água e matando muitas pessoas que não conseguiram fugir, cujo número total de vítimas ainda não é hoje conhecido.
A oportunidade que nos foi dada de visitar a cidade dois anos antes da tempestade ambiental, na sequência da participação numa conferência em Houston, no Texas, deixou-nos uma imensa recordação e encheu-nos de emoção. A viagem entre Houston e New Orleães foi feita num autocarro nocturno, transporte muito típico nos Estados Unidos, para atravessar grandes distâncias, em que os passageiros dormem, chegando à cidade de destino na manhã do dia seguinte.
O percurso feito nas autoestradas estaduais com paragens nas estações de serviço ao longo do percurso, permitem a entrada e saída de viajantes das profundezas da América, muitos trajando os seus modernos fatos de vaqueiro ou de cowboy.
A cidade era e está a voltar a ser um destino turístico muto importante a nível dos EUA, bem como internacional, quer pela vida típica da cidade, bem como por alguns eventos que atraem gente de todo o lado, como o célebre Carnaval ou os festivais de Jazz na Primavera (New Orleans Jazz & Heritage Festival), bem como jogos de futebol americano.
O Festival de Jazz é um dos mais importantes do mundo, juntando milhares de turistas vindos dos cinco continentes para uma festa que reúne também mercados de artesanato típico, de comes e bebes, com a deliciosa comida crioula, e arte.
Percorrer à tarde ou à noite as ruas Bourbon e Royal, ou as ruas mais pequenas do Bairro Francês, é uma experiência que ninguém esquece e beber uma bebida crioula, uma cerveja, ou um whisky na esplanada de um bar ou ao balcão, fica mesmo na memória como uma sensação fora de série. De vez em quando, no bairro encontram-se lindas mansões do séc. XIX construídas segundo o estilo europeu, especialmente francês.
Outra curiosidade é descer até ao Rio Mississipi que banha a cidade e depois fazer um pequeno cruzeiro de duas horas, ao som de uma orquestra de jazz, nos barcos típicos a vapor com rodas de pás, que permitem a locomoção e deslizar lentamente e sem sobressaltos.
Outra atracção que é sempre Benvinda para os caldenses é o mercado onde se podem encontrar produtos agrícolas e piscícolas da região, ou os célebres condimentos da cozinha crioula já referidos antes.
Em conclusão, New Orleães é uma das cidades norte-americanas que qualquer europeu, especialmente da região mediterrânica, gosta de visitar e nunca mais esquece, dando o Jazz aquele toque muito especial que a torna inconfundível.