Novo livro dedicado a Bordallo será lançado em junho na escola e no CCC

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O auditório da escola secundária acolheu a conferência onde se falou sobre o novo livro bordaliano
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“Quase todo o Bordallo” chegará às livrarias daqui a dois meses e na apresentação será homenageado J.P. Cotrim

A primeira apresentação sobre o livro “Quase todo o Bordallo” vai acontecer no próximo mês de junho, na Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro, nas Caldas, antecedendo uma segunda apresentação, no CCC, onde será feita “também uma homenagem ao editor João Paulo Cotrim”, revelou Carlos Querido, o moderador da conferência “Bordallo: Modernidade e Irreverência” que aconteceu a 1 de abril, no auditório da Escola Rafael Bordalo Pinheiro.
A secundária e a Câmara das Caldas são as parceiras institucionais desta iniciativa editorial, que foi o último projeto de João Paulo Cotrim, da editora Abysmo, que publicou obras de vários autores das Caldas.
A obra, que será lançada daqui a dois meses, é de grande escala, possui 378 páginas e tinha a ambição inicial de reunir toda a obra gráfica de Bordalo Pinheiro.
As centenas de imagens que vão constar em “Quase todo o Bordalo” foram reunidas ao longo de décadas pela livreira Isabel Castanheira, apaixonada confessa de Bordalo. Vão constar outras de museus e bibliotecas, num trabalho do designer gráfico Jorge Silva. Este último, também historiador sobre o design gráfico em Portugal, depressa percebeu que a pretensão de reunir a maioria da obra gráfica bordaliana só seria possível “se fizéssemos vários volumes”, explicou.
E isto porque Bordalo, a partir de 1870 desenhou jornais, capas de livros, menus, cartazes e também trabalhou para uma das suas áreas de eleição: o teatro. “Foi um artista muito prolífico, que foi inovador em Portugal nas áreas da caricatura, da tira cómica e da banda desenhada”, referiu Jorge Silva que ainda sublinhou que Bordalo Pinheiro foi um autor inovador nesta área . Nos seus jornais não poupou políticos tendo, por vezes, “chegado a ser violento nas críticas”. Bordalo nunca foi preso nem exilado, apesar da virulência com que retratava a classe social e política da sua época.
“Era uma figura extraordinária a nível social e de boémia”, disseo designer, referindo que apesar de ter ajudado a sepultar a monarquia – chegou a ter jornais suspensos pelos seus desenhos – “adorava a Rainha D. Amélia e estava presente nos seus eventos de caráter solidário”.
Na sua opinião, o artista tornou-se “uma marca e quando criou Zé Povinho ainda se tornou mais conhecido”. Bordalo conseguiu também ser entronizado em vida, “algo que é muito raro em Portugal”. referiu Jorge Silva, enquanto apresentou vários trabalhos de diferentes fases da vida de Bordalo, onde parodiou políticos e monárquicos em desenhos que provocavam sorrisos e até gargalhadas entre os seus leitores.
A livreira Isabel Castanheira deu a conhecer como surgiu o seu interesse por este artista, que teve grande presença nas Caldas e que na sua opinião “não tinha qualquer defeito”.
Primeiro, a autora teve acesso à cerâmica bordaliana mas, na verdade, “interessou-me mais o seu trabalho gráfico”, confessou. Vítor Marques confirmou o apoio da Câmara a este livro que pretende fazer jus à obra gráfica bordaliana.
“Quase todo o Bordalo” não é apenas um livro pois o facto do projeto ter como parceira a Escola Rafael Bordalo Pinheiro já permitiu a realização de outros eventos como a participação do designer Jorge Silva numa conferência interativa com os alunos de artes.

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