O músico alcobacense actuou nos três hospitais do CHO, num projecto solidário de agradecimento aos profissionais de saúde

Conhecido por tocar nos locais mais improváveis, desde o cimo do Monte Branco às ondas gigantes da Nazaré, o violinista Nuno Santos, deu um pequeno concerto na sala de espera do hospital das Caldas. Uma homenagem aos profissionais de saúde, que o músico da Vestiaria já dinamizou nas três unidades do Centro Hospitalar do Oeste e que pretende agora levar a Coimbra e Leiria

Duas colunas, um banco e um microfone instalados na sala de espera das Consultas Externas do hospital caldense, passavam despercebidas a quem, na tarde chuvosa de 20 de Agosto, esperava pelo atendimento médico. Pouco depois tudo mudava. Nuno Santos chegava com o seu violino e, aos primeiros acordes, os pacientes e profissionais de saúde começavam a juntar-se para, nos próximos 30 minutos, assistir a um concerto improvável.
A “canção do mar”, deu início ao espectáculo e a curiosidade foi dando lugar às fotos e vídeos para as redes sociais. Seguiu-se uma mão cheia de outras músicas portuguesas, como “Sei de um Rio”, “Quem me dera”, “Amor ladrão” ou “Meu Amor de Longe”. Por fim, o violinista tocou um tema da sua autoria, “Fado Improvável”, que também intitula o seu último trabalho.
Esta actuação, que decorreu no hospital caldense está integrada no projecto “Som & Salvo”, que o músico da Vestiaria, concelho de Alcobaça, está dinamizar e com o qual pretende homenagear os profissionais de saúde, com concertos transmitidos on-line na sua página de facebook. A iniciativa solidária arrancou a 6 de Agosto, na entrada principal do Hospital de Torres Vedras, seguindo-se uma actuação em Peniche e, por último nas Caldas, na semana passada. Nuno Santos quer “agradecer a todos os médicos, enfermeiros, farmacêuticos, pessoal auxiliar e administrativos pelo esforço incansável desde o início da pandemia, e ainda relembrar a importância da cultura durante os tempos de confinamento”, explicou. Nestes concertos, o seu repertório é composto essencialmente por música portuguesa, ainda que no Hospital de Torres Vedras tenha interpretado um tema do compositor italiano Ennio Morricone, falecido recentemente.
Ainda que sejam espaços improváveis para acolher um espectáculo musical, os hospitais têm sido “muito receptivos e as administrações muito generosas”, partilhou o músico que, com esta iniciativa pretende também continuar o seu trabalho, numa altura em que a actividade cultural está mais parada. “A cultura sempre foi um parente pobre da sociedade, nunca viveu tempos áureos, mas a pandemia veio acentuar as dificuldades”, disse, acrescentando que para fazer face a estas adversidades é necessário manter o espírito positivo e ocupados com projectos, mesmo que sejam mais pequenos.
Os próximos concertos ainda não estão confirmados, mas Nuno Santos gostaria de actuar nos Hospitais de Leiria e de Coimbra.

PROJECTO SETE

A pandemia veio trocar um pouco as voltas ao músico aventureiro, mas este continua focado no seu projecto “Sete”. Assente numa simbologia relacionada com o número, o álbum foi lançado a 7 de Março (data do aniversário da filha) e o objectivo passa por escalar as montanhas mais altas dos sete continentes (inclui o considerado novo continente Zelândia) e surfar as maiores ondas dos sete mares. “Gostaria muito de escalar o Monte Everest (montanha mais alta da Terra, situada sul da Ásia) e tocar violino no cimo”, conta, dando nota que anda a preparar-se, também fisicamente, para esse desafio há anos. O projecto, como não podia deixar de ser, tem uma duração temporal de sete anos.
E como se adapta o violino a estas aventuras? Nos espectáculos Nuno Santos utiliza o violino eléctrico, para as montanhas leva o seu violino clássico e para surfar as ondas tem um protótipo feito em fibra de carbono, à prova de água.