Pelo quinto ano consecutivo a Banda Comércio e Indústria das Caldas subiu ao palco do CCC para dar as boas vindas ao novo ano. Ao contrário das edições anteriores, em 2017 os grupos corais da cidade não participaram. O formato alterou-se para não se tornar repetitivo, justificou o maestro Adelino Mota, que desta vez convidou os solistas Paulo Santos, Filipe de Moura, Nuno Mendes e Júlia Valentim. Mais de 600 espectadores assistiram ao espectáculo, que se realizou no dia 8 de Janeiro.
A Banda Comércio e Indústria apresentou-se elegante no seu primeiro concerto do ano, com os 65 músicos, dos 11 aos 55 anos, vestidos formalmente para uma tarde de festa. Neste concerto a farda da banda foi substituída por vestidos e fatos de gala.
Pela primeira vez em cinco anos, não foi Adelino Mota a apresentar o espectáculo de Ano Novo, mas sim Vitor D’Andrade. O actor caldense teve o primeiro contacto com este grupo de músicos a propósito da peça teatral Sforzando, encenada em 2015 por Mafalda Saloio, onde contracenou lado a lado com a Banda Comércio e Indústria. Desde então este teatro-musicado já foi apresentado uma segunda vez no CCC e recentemente em Vila Real.
Onze temas marcaram o espectáculo da banda das Caldas. “Allerseelen” (Richard Strauss) deu o arranque, seguindo-se “El Cid” (Bert Appermont), peça à qual se juntou o solista Paulo Santos. O jovem trompetista iniciou-se na música com Adelino Mota e Margarida Louro em Valado dos Frades e integra a Banda Comércio e Indústria há sete anos. Actualmente estuda na Escola Profissional Metropolitana.
A terceira música – “Herlequin Suite” – foi uma estreia em Portugal. “Esta obra com três andamentos tem um grau de dificuldade avançado e em 2014 foi obrigatória num dos mais importantes concursos de bandas da Europa, em Valência”, disse Vitor D’Andrade.
A meio do concerto foi a vez do tenor Filipe de Moura entrar em palco, interpretando a operetta do filme “Paganini”, composta por Franz Lehár, e a peça “Granada”, que já foi cantada por nomes como Carreras, Domingo e Pavarotti. O jovem que actualmente estuda na Guildhall School, em Londres, actuou pela primeira vez com a Banda e no grande auditório do CCC. A sua estreia foi aplaudida de pé pelo público.
Imediatamente em seguida, o saxofonista Nuno Mendes juntou-se aos músicos para tocar “Pequeña Czarda”. O solista que é um colaborador regular da Banda também se iniciou na música sob a orientação do maestro Adelino Mota na Orquestra da Nazaré. Depois da versão reduzida de “Bolero” (Maurice Ravel) – oito minutos em vez de 15, num arranjo de Adelino Mota – a última convidada da tarde, Júlia Valentim, juntou-se à Banda para cantar “You Raise Me Up” e “Collors of the Wind”. Este último tema é uma das mais conhecidas melodias criadas para os filmes da Walt Disney, neste caso para Pocahontas.
O espectáculo terminou com composições de Rossini e Strauss e com o auditório lotado a dar os parabéns à Banda Comércio e Indústria. Adelino Mota revelou que quis “acabar o concerto de forma mais leve e acessível, colocando as pessoas a sorrir fora da sala”. Para o maestro, esgotar o espectáculo é “um sinal que a cidade reconhece a qualidade da banda, pois não são apenas os familiares dos músicos que nos vieram ver”.
“QUISEMOS FAZER ALGO DIFERENTE”
Pelo primeiro ano sem a presença dos coros das Caldas, Adelino Mota justificou a mudança de formato dizendo que “o director do CCC, Carlos Mota, sugeriu que se fizesse algo diferente para que o modelo não se tornasse repetitivo”. Até porque Dezembro e Janeiro são meses com uma agenda repleta de concertos para os grupos corais, o que dificulta a gestão dos ensaios. “Não quer dizer que no futuro não se façam mais eventos com os coros, mas este novo concerto foi uma aposta ganha”, acrescentou.
Adelino Mota realçou que o elevado nível de qualidade da Banda atinge-se graças a três factores: ao trabalho dos músicos, que embora sejam amadores são responsabilizados como profissionais, ao trabalho do próprio maestro e também ao CCC, pois “sem uma sala como esta não teríamos tanto público nem conseguiríamos fazer este brilharete”.