Realizou-se a 15 de Dezembro, na Sala-Estúdio do Teatro da Rainha, o segundo encontro de especialistas dedicado aos temas do teatro, o espaço vazio e a democracia. Na iniciativa esteve presente o presidente da Câmara, Tinta Ferreira que afirmou que se referendasse junto dos caldenses e “tendo em conta que as nossas estradas não são perfeitas, não estou seguro que a resposta seria a favor da construção do teatro….”.
O edil caldense também lamentou a falta de apoio do poder central no financiamento desta obra que ultrapassa os dois milhões de euros e que é financiado pela Câmara Municipal das Caldas da Rainha.
Durante a realização do debate Tinta Ferreira referiu que se fosse lançado um referendo aos caldenses e tendo em conta que as nossas estradas não são perfeitas e se lhes perguntássemos se devia aplicar os dois milhões de euros nas estradas ou na sede do Teatro da Rainha “não estou seguro que a resposta seria a favor da construção do teatro….”.
O presidente da Câmara considera por isso que “estamos a decidir ao contrário do que a maioria responderia”. O edil caldense recordou também que a decisão de construir o Teatro foi aprovada por unanimidade entre todos os autarcas e por isso defendeu que “é importante a construção deste equipamento, apesar de não ser uma medida popular”.
O presidente da Câmara acrescentou que a autarquia está satisfeita com as actividades desenvolvidas pelo Teatro da Rainha e que está disponível para continuar a apoiar esta entidade.
A Câmara está a aguardar o parecer do Tribunal de Contas para poder avançar com as obras para a construção da sede do Teatro e que afinal “não vai estar pronto no final de 2019”, disse. Orçada em mais de dois milhões de euros, a obra deverá avançar em Março de 2019 e demorará 18 meses.
De qualquer modo o município “está a fazer o que deve e o que pode neste processo” e lamentou o facto do poder central “não estar a fazer o acompanhamento devido no que diz respeito ao financiamento desta obra”.
Para o autarca, a cidade necessita de ter várias valências como o novo equipamento para o grupo do teatro local.
Para Fernando Mora Ramos, um dos responsáveis pelo Teatro da Rainha, o processo de construção do edifício “está a seguir os trâmites que a burocracia impõe” e também espera que se possa iniciar a obra em Fevereiro ou Março próximos.
O encenador e actor estava muito satisfeito com a realização da segunda edição do colóquio “Teatro, Espaço Vazio e democracia”, tendo salientado a qualidade das intervenções de João Serra que deu uma visão sobre a cidade que deixou de ser uma peça central da integração social.
Para o investigador, é antes “uma peça da desigualdade, do preconceito e da fractura”. Seguiu-se a intervenção de cariz filosófico-cultural de Ana Paula Amendoeira, que é a actual directora regional de Cultura do Alentejo. A última intervenção do primeiro painel foi do poeta Henrique Fialho e centrou-se sobretudo no poder performativo da palavra e da sua ligação com o teatro.
Parcerias locais e internacionais
A segunda parte do colóquio contou com as intervenções de Jean Pierre Ryngaert (encenador, ensaísta e professor emérito do Instituto de Estudos Teatrais da Sorbonne Nouvelle), Joseph Danan (dramaturgo, ensaísta e professor do Instituto de Estudos Teatrais da Sorbonne Nouvelle) e de Nuno Ribeiro Lopes (arquitecto, autor do projecto da nova sede do Teatro da Rainha). A moderação esteve a cargo de Teresa Albuquerque, directora da Fundação da Casa de Mateus e responsável pela sua programação cultural.
Para Fernando Mora Ramos este colóquio dedicado à reflexão tem como intuito “ajudar-nos a inventar o futuro”.
Segundo o encenador, o Teatro da Rainha já está a trabalhar no próximo espectáculo de Verão e este vai reunir pessoas de sete entidades da cidade. Continuam também a desenvolver projectos de parceria com a Universidade Sénior. Elementos do grupo de teatro local estivera em Moçambique onde trabalharam com jovens universitários que estudam teatro. “Pretende-se que estas ligações lusófonas possam alimentar a futura sede”, rematou o encenador.