O atletismo já deu grandes alegrias ao Arneirense e à cidade das Caldas da Rainha, com atletas de referência a nível nacional. De há dez anos para cá, a modalidade praticamente “morreu” na cidade termal, estando agora a renascer das cinzas naquela associação. O número de atletas voltou, no último ano, a rondar a meia centena. O futuro é risonho para um clube com muita história na modalidade
Há mais de 30 anos que existe atletismo na ACDR Arneirense e foi essa modalidade a responsável pelos mais importantes feitos da colectividade, com medalhas a nível distrital e nacional e a promoção de atletas para os maiores clubes nacionais. Só que, depois do sucesso, na última década, o atletismo praticamente desapareceu no clube. Foi no último ano que o Arneirense ganhou um novo fôlego, voltando a crescer em número de atletas e resultados. “Está a renascer das cinzas, mas este é um projecto que já começou há alguns anos e que agora começou a dar frutos”, contou Carlos Matos, treinador dos juvenis, juniores e seniores do clube.
Foi na época de 1996/97 que o Arneirense teve mais atletas federados, num total de 68. No entanto, desde 2007 para cá esses números ficavam-se entre os 20 e os 38 atletas. Na última época, a de 2018/19, o clube já conseguiu ter 52 atletas inscritos e este ano conta, já em Fevereiro, com 47, sendo que as inscrições estão abertas durante toda a época.
“O Arneirense é um clube de formação e, depois de ter terminado aquele ciclo de atletas, saíram dois treinadores e também veio a crise”, fez notar Carlos Matos, que já é treinador desde 2006. Ao seu lado na equipa técnica conta com a esposa, Madalena Carriço, uma antiga atleta que agora treina os infantis. O casal penichense tem uma filha, Carolina, de 5 anos, que também já treina no clube.
Apesar de a Escola de Atletismo do Arneirense se ter afirmado na velocidade, o objectivo é ter mais atletas em todas as modalidades, para “criar uma base sólida”. Os atletas têm entre os 6 e os… 42 anos. É que apesar de o “limite” ser os 35 anos, porque não tem equipa de veteranos (algo que não está fora dos planos), há uma excepção para Luís Botelho, por ser o atleta que há mais anos representa o clube, desde… os seus 15 anos (ainda que com uma paragem).
O número de federados ainda pode aumentar. “Em Março e Abril costuma ser o período em que se filiam mais atletas”, contou Alexandre Cardeira, antigo atleta e actual treinador dos iniciados. “Gostava que o clube ficasse perto do galardão de bronze, que distingue aqueles que atingem os 75 atletas”, confidenciou. Os bambis fazem um treino por semana, os traquinas e benjamins dois e os iniciados quatro. Dos juvenis para cima há treinos todos os dias. Estes começam sempre entre as 18h00 e as 18h30 no complexo desportivo (excepto quando chove muito, em que treinam no pavilhão do colectividade).
Face às dificuldades, o clube começou a cobrar uma mensalidade simbólica de 7,50 euros, que não chega para cobrir os gastos de inscrições e transportes. “Damos sempre uma semana para experimentarem se gostam”, contou Alexandre Cardeira. O “recrutamento” tem sido feito através de visitas às escolas e das redes sociais. “O primeiro objectivo nos atletas dos escalões até aos iniciados é formar como pessoas e depois trabalhar as capacidades físicas básicas. Nos iniciados já inserimos competição, mas não especializamos, trabalham todas as disciplinas”, explicou. Essa especialização acontece já nos juvenis.
A equipa técnica fica completa com António Vasconcelos, que é o treinador de meio-fundo e que está neste projecto desde a sua criação, sendo o actual responsável pela secção desportiva da associação.
A pista de atletismo do complexo desportivo apresenta um desgaste visível, no entanto, Alexandre Cardeira até considera que há outras prioridades. “É um assunto antigo. Não deixamos de formar campeões, independentemente das condições. Gostávamos de ter uma pista melhor, mas em termos de provas de corrida não faz muita diferença”, excepto o facto de não haver provas nas Caldas. “As caixas de areia ainda dão para treinar, mas para o salto à vara e salto em altura não temos equipamentos, porque não temos colchões. Não temos condições para treinar essas disciplinas, temos que nos adaptar e encontrar soluções, então fazemos saltos de tesoura para a areia ou pomos um fio e saltam para a caixa”, contou, ressalvando, ainda assim, que quando se ganhavam medalhas nacionais havia “pior material que hoje!”.