Assembleia-geral do Sporting das Caldas mandatou Comissão Administrativa até final de Junho

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O Sporting Clube das Caldas reuniu no passado dia 8 de Novembro em Assembleia-geral, que deu continuidade à sessão iniciada duas semanas antes depois da perda de quórum da direcção eleita em Abril deste ano. Os associados tinham a missão principal de constituir uma Comissão Administrativa para gerir o clube até ao final da temporada. A lista composta por Mário Pedro, João Neves, Diogo Guia, João Rodrigues, Mafalda Pedreira, Vítor Oliveira e António Ferreira foi aprovada por 13 dos 16 sócios presentes, com uma abstenção e dois votos contra.

SITUAÇÃO FINANCEIRA POR
ESCLARECER

Ainda antes de se proceder à eleição da única lista que se apresentou a sufrágio, foi discutido outro assunto que tem estado na actualidade do clube: a sua saúde financeira. De resto, tanto a direcção que agora se demitiu como a anterior emitiram comunicados em relação a este assunto.
Rui Reis, presidente que terminou o seu mandato no passado mês de Abril, disse na AG que havia rumores na cidade e que chegou ao seu conhecimento que “foi adiantado junto de entidades oficiais que o SCC tinha dívidas de 80 mil euros”, o que considerou exagerado. De resto acrescentou, “falei com presidente demissionário [Jorge Sousa] e as contas não eram essas. Muitos dos valores não eram dívida, mas obrigações do clube, como por exemplo encargos com jogadores até ao fim da época”. Além dos compromissos financeiros, “também existiam benefícios, como o protocolo com a Câmara, que ainda só se tinha recebido metade”.
A diferença entre a despesa e a receita projectada até ao final do mandato “dava os cerca de 10 mil euros” constantes no balancete apresentado à AG eleitoral, a 5 de Abril, afirmou Rui Reis.
No entanto, o ex-presidente não se ficou por aqui, dizendo que se dirigiu a esta AG “por uma questão de dignidade, porque diziam que havia um montante de dívidas que não era verdadeiro”.
Carlos Custódio, tesoureiro na direcção de Rui Reis, colocou várias questões de natureza financeira, nomeadamente qual o valor em dívida por altura da sua saída e quais os credores, quanto a Câmara das Caldas adiantou ao clube e como foram utilizadas as verbas, se para pagar dívidas ou para contratar jogadores.
Mário Pedro respondeu apenas que a direcção de Rui Reis apresentou Contas não ratificadas pelo Conselho Fiscal e que, “quando entrámos, a situação era diferente da que vocês deixaram”. Quanto aos valores em dívida, “o Conselho Fiscal irá apurar”, acrescentou.
Filipe Mateus, actual presidente do Conselho Fiscal, afirmou que já contactou ambas as direcções “para perceber o que está elencado nos documentos que suportam as Contas” e que já tem na sua posse alguma documentação, mas não toda. “Que há divergências, há”, apontou, acrescentando que “queremos resolver tudo a bem, porque estas divergências não levam a lado nenhum”.
Mário Tavares, presidente da MAG, anunciou que em breve será marcada uma nova AG “para clarificar os gastos, o que foi pago e como”.
A questão das Contas acaba por assumir maior dimensão porque os sócios ainda não foram chamados para aprovar as Contas relativas aos anos de 2017 e de 2018. Carlos Custódio disse mesmo não entender “como a Câmara disponibilizou tanto dinheiro sem Contas aprovadas há dois anos”, realçando que as referentes ao seu mandato só não foram aprovadas por razões que ultrapassam a direcção.

A POLÉMICA SUCESSÃO

Outra questão que mereceu justificação foi a própria cessação de funções da direcção de Rui Reis, em Abril deste ano, meses antes do final do seu mandato.
Mário Tavares, presidente da Mesa da Assembleia-geral (MAG) justificou a sua decisão de convocar uma eleição antecipada com o rumo que direcção de então tinha para a equipa sénior, a saída de dois elementos da direcção e apontando também outros “erros” ao executivo comandado por Rui Reis. “A vossa gerência começou com a questão do ténis de mesa [ndr: extinção da equipa depois da subida às competições nacionais], que gerou antipatia nalguns sectores do clube. Depois, a vossa concepção filosófica da equipa de voleibol sénior também causava forte discussão entre algumas pessoas ligadas ao clube, porque se corria o risco de não ter equipa conveniente para a I Divisão”, declarou.
Mário Tavares acrescentou que o Sporting devia manter-se na I Divisão Nacional, mas “não tinha equipa para isso nem perspectivas de jogadores. Abril era altura para ainda tentar recompor a equipa para uma participação digna na I Divisão Nacional”.
O presidente da MAG apontou ainda falta de acompanhamento da equipa por parte da direcção e o “erro que foi vender uma carrinha sem pedir uma assembleia-geral para isso”.
Mário Tavares recordou que a assembleia marcada para Abril previa eleições ou “recomposição” da equipa directiva, mas que não existiram diligências nesse sentido.
Além disso, Mário Tavares referiu que não houve uma apresentação devida das Contas, o que Rui Reis justificou por motivos de doença do presidente do Conselho Fiscal.
O anterior presidente do clube disse que Mário Tavares “provavelmente estaria enganado quanto a termos ou não uma equipa competitiva” para esta época. Rui Reis adiantou que a sua prioridade para o clube era ter uma equipa que pudesse ser chamariz para revitalizar a formação, algo que via como fundamental para o futuro do clube. “Aceitámos antecipar as eleições porque chegámos à conclusão que maioria dos sócios e o presidente da MAG, Mário Tavares, acharam que o rumo não era o melhor. Não quisemos candidatar-nos, se tivéssemos querido provavelmente teríamos ganho, porque estávamos em maioria na assembleia”, concluiu.
Carlos Custódio, tesoureiro da direcção que cessou funções em Abril, disse que a falta de acompanhamento à equipa sénior começou com a demissão do então director (e actual presidente da Comissão Administrativa) Mário Pedro. “Não havia quem acompanhasse a equipa e andei eu, que não sabia nada de voleibol”, afirmou.
Mário Pedro justificou que saiu porque “estavam previamente acordadas determinadas condições para garantir o funcionamento harmonioso da equipa, que não foram cumpridas”.