O Campeonato do Mundo de Artes Marciais (World All-Styles Championship) trouxe 5100 atletas de 56 países à Expoeste. As equipas dos vários países ficaram alojadas pela região durante o fim de semana, contribuindo também para a restauração e comércio, com um impacto económico total estimado em um milhão de euros. Segundo a organização foram cerca de 20 mil visitantes, numa prova que custa 400 mil euros a organizar e que contou com um apoio da Câmara avaliado em 40 mil.
Se durante este fim de semana viu grupos de estrangeiros com fatos de treino ou fatos de combate a passear pela cidade, a sair dos hotéis, a comer em restaurantes ou a passar com sacos de compras, eis a resposta: o Campeonato do Mundo de Artes Marciais. O WAC trouxe às Caldas 5100 atletas entre os quatro e os 70 anos. Oriundos de 56 países, os atletas proporcionaram três dias de intenso espectáculo, com um leque enorme de artes marciais para os espectadores desfrutarem.
Depois de Torres Novas, Madrid e Vagos, a sexta edição do torneio realizou-se nas Caldas. Na Expoeste montaram-se 23 áreas (incluindo ringue e jaula). A sexta-feira foi dedicada aos mais novos, o sábado aos adultos e o domingo para as finais. Na noite de sábado houve ainda o Demo Show, um concurso em que as várias equipas demonstraram em palco aquilo que fazem, destacando o lado cultural das artes marciais. O Uzbequistão conquistou os mil euros em jogo.
Foram distribuídos 412 títulos, dos quais 12 profissionais que agora vão disputar o WAC Pro.
Os combates no ringue e na jaula foram os que causaram mais sensação junto do público, que aplaudiu, cantou e torceu durante a prova.
Na organização participaram 250 voluntários, entre os quais um grupo da Escola Secundária Rafael Bordalo Pinheiro e outro da Escola Superior de Turismo e Tecnologias do Mar (Peniche). O evento contou ainda com 100 árbitros, entre nacionais e internacionais.
Para além disso e tendo em conta que os atletas e familiares passam a maior parte do tempo dentro do recinto, houve uma feira de produtos regionais e artesanato, com 32 expositores.
Bruno Rebelo, presidente da WAC Association, no final do evento afirmou que este “foi um sucesso”. A Câmara foi o único apoio, ajudando com 30 mil euros e a utilização do espaço da Expoeste (avaliado em 10 mil euros). A organização deste evento “custa cerca de 400 mil euros, porque não é só o que é investido aqui. Para estas equipas todas cá estarem, nós temos de ir a 19 provas no estrangeiro, cumprir o circuito internacional, que vai colidir aqui. Aqui termina uma época inteira”, explicou.
Disse que foi ultrapassado o número de competidores e visitantes e que se puder manter o campeonato nas Caldas assim o fará, exigindo no entanto, mais condições, como bancadas (só havia uma). Também serão precisos mais árbitros, staff e transportes, pelo que serão precisos mais patrocinadores.
Este ano foi apenas um patrocinador, um ginásio caldense, que forneceu um apoio de dois mil euros. “Funcionamos com os pack’s de inscrição, que têm a hotelaria, o transporte e o seguro”, explicou.
Este “é considerado o campeonato mais lowcost do mundo”, porque “um atleta pode vir, passar três noites, com pequeno-almoço, campeonato e transporte do aeroporto por 100 euros”, esclareceu.
Duplicámos o número de visitantes e todos os dirigentes das diversas equipas elogiaram os caldenses. “Faziam uma pergunta, toda a gente os recebia bem, com um sorriso. Tanto que foram eles próprios a dizer que para o ano era aqui, que gostaram mesmo desta terrinha. Ficaram impressionados como é que uma cidade desta dimensão ainda consegue ser anfitriã”.
Bruno Rebelo foi ainda graduado com o 8º Dan (professor) de kempo chinês e kajukenbo.
Do Líbano vieram Ali Ayoub e Rabih Akiki, que estão pela terceira vez em Portugal. “As pessoas são muito simpáticas, por isso é que voltamos todos os anos”, explicou o treinador dos competidores, antes de elogiar a cidade que “é linda”. Na sua opinião, a Expoeste “tem condições, mas é preciso mais preparação e mais lugares para as pessoas se sentarem”.
Já depois de elogiar o alojamento e a comida, notou que “houve muitos erros na arbitragem deste campeonato, mas no geral foi tudo óptimo”. Queixou-se das dificuldades em obter Visa para viajar para Portugal e contou que na terça-feira, dia em que partem, o voo demora três horas até Paris e depois mais quatro até ao Líbano.
Do Azerbeijão veio o grande mestre Suleyman Mammuelli, que está pela primeira vez em Portugal. Elogiou Portugal, os portugueses, a Expoeste e o Sana Silver Coast Hotel (onde ficou alojado), mas criticou o facto de um dos seus atletas ter combatido contra um português e todos os árbitros serem portugueses, o que pode condicionar o julgamento. “Mas os portugueses são muito boas pessoas”, ressalvou.
A atleta de kempo chinês caldense Maria João Beijinha, considerou que este campeonato está muito melhor organizado que outros em que participou. “O nível de exigência da competição está muito forte”, notou, antes de relevar a importância do campeonato, porque “dá a conhecer as Caldas a muita gente” e mexe com a economia local.
Já Andreia Rebelo, também ela caldense, já participou em vários campeonatos, mas disse que este, por ser em Portugal, “é diferente”.
Maria Baptista faz a mesma modalidade na mesma escola, a Associação de Kempo Chinês de Caldas da Rainha, mas neste campeonato assumiu funções de staff. “É sempre muito trabalho e responsabilidade, mas compensa quando vemos os atletas a competir, os treinadores a elogiar e os espectadores a desfrutar”, afirmou. Na sua óptica o espaço tem todas as condições, porque tem áreas para os atletas aquecerem, podem beber um sumo natural e há doces para os visitantes. A terminar notou que nunca havia sido feito um evento deste tipo nas Caldas.
Tinta Ferreira, presidente da Câmara, disse que esta foi “mais uma aposta vencedora da Câmara”. Isto porque os milhares de visitantes e competidores “ocuparam completamente a nossa hotelaria, tiveram um impacto significativo na restauração e espero que no comércio”. O edil recordou ainda os vários torneios desportivos de larga escala que têm acontecido na cidade, salientando a importância do turismo desportivo.
Sobre as artes marciais, notou que “têm algum contacto físico, mas seguem determinadas regras e exigem o respeito pelo adversário, para além da promoção cultural”.
Para além disso, o evento “demonstra que a Expoeste reúne condições para vários tipos de actividade”.