Caldense de 28 anos assumiu cargo em janeiro deste ano
Desde janeiro deste ano a Associação de Basquetebol de Leiria (ABL) tem na presidência do Conselho de Arbitragem (CA) um caldense. Aos 28 anos, Gonçalo Chust assumiu a liderança do órgão, que está a tentar revitalizar com projetos para angariar, mas, sobretudo, reter novos árbitros para uma modalidade que tem vindo a crescer na região.
O convite surgiu em novembro do ano passado pelo presidente da ABL, Pedro Brilhante, e pelo diretor técnico regional. “Precisavam de alguém para assumir o CA com urgência e disseram que o meu nome tinha surgido em conversas com os clubes”, conta, acrescentando que se sentiu “lisonjeado” com o convite.
Gonçalo Chust estava algo afastado da arbitragem depois de uma carreira que começou aos 15 anos e que o levou à categoria nacional, mas tinha conhecimento do abandono que estava a afetar a arbitragem a nível distrital. “Pedi algum tempo para pensar e perceber se conseguia construir uma boa estrutura, o que consegui”, realça, com um grupo jovem – aos 28 anos é o segundo mais velho –, multidisciplinar e representativo das várias zonas do distrito.
Em janeiro assumiu interinamente o comando do CA e, em março, realizaram-se as eleições.
“É uma responsabilidade muito grande. A arbitragem já é algo desprotegida no desporto e nós, no CA de Leiria, temos muitos árbitros jovens. Cerca de 80% são árbitros jovens, com menos de 25 anos, e diria até que a maioria são menores”, realça. “É preciso que essas pessoas não só ganhem gosto pela arbitragem, como, dentro das suas ambições, se sintam protegidas e com vontade de continuar a arbitrar”, completa.
A angariação de novos árbitros acontecia muito por iniciativa dos clubes, quer com atletas, quer com familiares destes. “Os clubes fazem a difusão dessa informação porque há alta de árbitros, mas também porque isso lhes reduz os custos”, refere o dirigente. A dificuldade é mantê-los na arbitragem.
“O que acontecia muito era que as pessoas tiravam o curso e, como existe árbitro de campo e árbitro de mesa, passado algum tempo queriam ir para a mesa, porque arbitrar envolve muita pressão e não havia um acompanhamento, que é o que nós, neste momento, já estamos a fazer”, conta.
Isto colocou problemas na arbitragem, quer a nível da quantidade, quer da qualidade. “A ABL tem crescido imenso nos últimos anos, atingiu-se há pouco tempo a marca histórica de 1000 atletas. Há mais equipas, mais jogadores, mais jogos, mais qualidade e nós, na arbitragem, também precisamos de trabalhar nesse sentido para acompanhar essa evolução”, sustenta.
Na parte final da última temporada, já foi realizado um curso que formou 40 novos árbitros. “Penso que tenha sido o maior curso de arbitragem da ABL”, destaca. Para a próxima época, há muitos planos na calha. “Já estamos a preparar um novo curso. Também estamos a planear um torneio de abertura com o diretor técnico regional, não só para os clubes se prepararem, como também para os nossos árbitros, tanto os novos, como os que vão entrar em programas de subida de categoria”, conta. Além disso, está a ser preparado um plano de formação contínua. Mas um dos projetos que mais orgulha Gonçalo Chust, que já iniciou na época passada, é o programa “Jovens atletas, futuros árbitros”, que leva jovens a arbitrar nos torneios de minibasket, com acompanhamento do CA. Os jovens recebem 20 euros e direito a realizarem gratuitamente o curso de arbitragem. “Já deu muito bons resultados no ano passado”, salienta.
A ligação de Gonçalo Chust com o basquetebol é quase umbilical. Começou a jogar nos Pimpões com cerca de 6 anos. Fez uma carreira interessante como jogador. Individualmente, chegou a ser chamado à seleção distrital. Coletivamente, fez parte de uma geração dos Pimpões que atingiu bom plano a nível nacional.
O apelo da arbitragem chegou aos 15 anos, por influência do pai, Rafael Chust. “Percebi que a arbitragem trouxe muitas valências à minha formação como jogador e que tinha talento para arbitrar”, recorda. Aos 17, decidiu que teria mais futuro na modalidade a arbitrar e enveredou por essa via, chegando à categoria nacional.
A modalidade está, de resto, bem enraizada na família. Rafael Chust é oficial de mesa e chegou a fazer jogos da Liga, além de ter traduzido livros oficiais de regras de inglês para português para a federação. Guilherme Chust, irmão de Gonçalo, é árbitro da categoria nacional e a mãe, Susana D’el Rio Chust, além de ser presidente dos Pimpões, tirou igualmente o curso de árbitro. ■