Treinador entra na segunda temporada ao serviço dos casalenses e volta a apontar a mira à manutenção, tendo como objectivo
continuar a tirar partido da qualidade das camadas jovens do clube. Apesar de haver ainda muita indefi nição quanto aos quadros competitivos da modalidade a nível nacional, o caldense acredita que o Casal Velho pode lutar pela permanência na 2ª Divisão
O Casal Velho decidiu prolongar a ligação com o técnico Nuno
Teles, que se mantém ao comando da equipa da freguesia de Alfeizerão na 2ª Divisão nacional e terá Ruben Siopa como adjunto. Em entrevista, o caldense explica os objectivos para a nova temporada.
GAZETA DAS CALDAS (GC): Como foi esta experiência na 2ª Divisão, depois de vários anos na formação? A época correu dentro das previsões?
NUNO TELES (NT): Apesar de já ter tido experiência no escalão,
este projecto foi muito mais difícil e desafi ante, por estarmos a
falar de uma 2ª Divisão. No entanto, creio que foi uma experiência positiva. Não foi fácil, porque em termos de equipa técnica apenas tive um adjunto, mas foi uma época de grande evolução e em que os atletas tiveram de assimilar novos processos e ideias. Houve uma aprendizagem mútua.
Tínhamos o objectivo de ficar um pouco mais acima na tabela, mas atingimos o objectivo principal, que era a manutenção.
Apesar da forma como terminou, acabou por ser uma época globalmente positiva.
GC: O Casal Velho é um clube estável. Há condições para
ambicionar algo mais do que a manutenção?
NT: Neste momento nada é estável. Os clubes, de uma forma geral, vivem momentos difíceis. É muito complicado gerir clubes amadores. No entanto, o Casal Velho tem uma grande estrutura, muitos escalões de formação e jovens de qualidade. Penso que o futuro não passa por investimentos e temos que conseguir manter os jogadores de qualidade no clube e devemos dar abertura aos atletas mais jovens com qualidade. É dessa maneira que podemos dar estabilidade ao clube e, com tempo, construir algo que nos permita sonhar com outras metas.
GC: Há ainda muita indefi nição sobre a próxima temporada. De que maneira o clube se está a preparar? E o que esperam encontrar no regresso?
NT: Há muita especulação sobre a nova época. Foram apresentadas alternativas para os quadros competitivos.
Fala-se do regresso da 3ª Divisão em 2021/22 o que fará da
próxima uma temporada de transição. Espero que a Federação pondere sobre o que vai fazer. Acredito que uma futura 3ª Divisão pode trazer competitividade ao futsal nacional, mas será necessário fazer uma transição.
GC: O plantel da próxima época vai ter muitas mexidas?
NT: Estamos a preparar a equipa, já renovámos com alguns jogadores e vamos promover jovens, com o propósito de lutarmos pela manutenção na 2ª Divisão. Mas é certo que haverá mexidas.
GC: Especula-se sobre a extinção da equipa do Olho Marinho.
É um sinal dos tempos que se avizinham?
NT: Espero que isso não aconteça. O Olho Marinho merece todo o
respeito por tudo o que tem feito e pela história desportiva que exibe. Os tempos que se avizinham são de desinvestimento. Os clubes precisam de parar, reestruturar-se e projectar com passos sólidos o que querem para o futuro e defi nir os investimentos. A não ser que tenham investidores sérios e apoios autárquicos que permitam projectar os clubes para um outro nível, é praticamente impossível manter este modelo. É importante ter ambição, mas com os pés na terra e ajustados à bolsa de cada clube. Se as coisas já não estavam fáceis, com todos os problemas económicos gerados pela crise, agora é ainda mais
importante ter ideias bem definidas para concretizar os projectos. As autarquias deviam premiar o rendimento desportivo das equipas e a Federação devia ter mais incentivos.
GC: Conquistou tudo o que havia para conquistar no Burinhosa. Como olha para o clube ao nível da equipa principal e na formação?
NT: O que a nossa equipa conquistou no Burinhosa é um feito para o distrito e não será fácil fazê-lo novamente. Estavam reunidas todas as condições no clube para que aquele sucesso chegasse, mas é difícil repetir. O Casal Velho está consolidado na 2ª Divisão nacional, mas tem um plantel maioritariamente
constituído por jogadores formados no clube e outros que, não sendo ali formados, têm já muitos anos no clube.
O Casal Velho tem todos os escalões, consegue ser competitivo
e formar j o g a -d o -res de grande qualidade e permite-lhe ter uma mística que só quem lá passa consegue perceber. Isso
vem desde os mais jovens, que têm uma garra e atitude que é a
imagem de marca do clube. Temos vários atletas já a treinar com a equipa sénior e o que esperamos para o futuro é que os jovens que estão a despontar sejam uma mais-valia para o Casal Velho. O futuro do clube assenta em manter a base e na aposta nas novas ‘fornadas’. E o treinador que estiver no clube tem de estar
atento e, ao máximo, potenciar esse talento.