Mulheres em destaque no design e nas várias vertentes artísticas

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C’Marie na execução de um dos muitos murais que faz e que neste momento já podem ser vistos em Portugal e estrangeiro
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Quem quiser encontrar Constança Bettencourt, aka. C’Marie, este fim de semana, terá que se deslocar ao Bairro da Graça, em Lisboa onde vai estar com outras mulheres artistas a pintar mais um mural. Será mais um trabalho coletivo que lhe foi proposto pelo coletivo “Yes You can Spray” e que será dedicado ao Dia da Mulher e onde “vamos representar mulheres de todo o mundo”, contou a autora à Gazeta das Caldas. É mais um dos mil projetos desta artista visual, formada nas Belas Artes e também na ESAD.CR. e que se destaca na arte urbana.

Foi também a artista convidada para ilustrar a primeira página da Gazeta das Caldas por causa do Dia da Mulher. E fê-lo com mestria ao propor uma ilustração onde surgem representadas duas mulheres. Esta proposta é símbolo “da igualdade , do encontro, sobre como nós mulheres somos poderosas e unidas”.

A ilustração de  C’Marie, natural de Lisboa, é uma ode  às mulheres, “à sua garra, coragem e resiliência que nos caracteriza, a como juntas somos mais fortes, como somos fogo”.

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A autora de 33 anos também é mãe e tem representado esta forte ligação nos seus trabalhos e peças de street, algumas feitas na cidade das Caldas como a figura feminina, situada em frente ao CCC, e uma outra, dedicada à  Ode à Primavera, e que fica no edifício da imobiliária  “O seu Bairro”, na R. General Queirós. Depois da arte urbana e da ilustração há uma terceira vertente a que C’Marie se dedica: a tatuagem. É uma das três tatuadoras da Juno, espaço que fica no Bairro Azul.

C’Marie trabalha com Egrito (João Margarido) com quem  forma dupla, na vida pessoal e profissional. Trabalham em conjunto desde 2014 e muitos dos seus murais podem ser apreciados em várias localidades do país e até no estrangeiro.

Vivem nas Caldas há 11 anos, ambos formaram-se na ESAD.CR e agora, além de terem uma filha “já comprámos casa no Nadadouro”, referiu a artista.

Têm em conjunto peças de arte urbana em Coimbra relacionadas com o 50 anos de Abril assim como os 55 anos das lutas estudantis. Têm obras em Aveiro, Porto e em Tomar. A dupla também possui murais assinados na Holanda e no Vietname.

Defensora dos direitos das mulheres e intolerante perante preconceitos e qualquer -ismo que surja, C’Marie vai continuar a trabalhar e a desenvolver, sempre que possível, trabalhos para e com as comunidades.

 

Cenografia e unir pedra a vime

Eneida Tavares foi uma das designers escolhidas para integrar o projeto BROOT. Ao todo foram cinco autores, duas mulheres. Dois dos cinco autores, convidados a integrar este projeto, vivem nas Caldas.  Vítor Reis e Eneida Tavares que se formou em Design de Produto na ESAD.CR. Escolheu ficar nas Caldas e tem o seu próprio atelier desde 2016.

Peças que Enieda Tavares criou têm sido apresentadas em feiras internacionais

O BROOT  visa a valorização dos materiais tradicionais portugueses, tem como material central a pedra, e é  promovida pela Associação Portuguesa da Indústria dos Recursos Minerais (Assimagra). O projeto teve curadoria do Estúdio Olivah e foi financiado  pelo Plano de Recuperação e Resiliência.

“Chegaram a mim pelo trabalho que tenho desenvolvido com as fibras vegetais”, disse a designer que neste projeto trabalhou com vime e em parceria com Alcídio Andrade, artesão dos Açores. A este material juntou a pedra vulcânica que é o basalto. “O conceito foi desenvolvido nos Açores, inspirado na paisagem dos vinhedos da ilha do Pico”, contou a autora que desenvolveu cinco peças para a BROOT e que estão agora a ser apresentadas em feiras internacionais. Desenhou um banco, uma cadeira, um candeeiro, uma fruteira e um vaso-cesto. “Foi a primeira vez que fiz algo com este alcance e também me estreei a trabalhar a pedra”. Estas obras têm sido apresentadas em certames internacionais na Arábia Saudita, Milão, Paris e Nova Iorque. Eneida Tavares – que já participou em exposições colectivas pela Europa, Brasil e Cabo Verde – aceitou um outro o desafio e está a experimentar a cenografia. Está a trabalhar na performance “Úlulu”, criação da poeta e artista transdisciplinar Raquel Lima. “Tem sido um processo desafiante, fluído e de muita aprendizagem, onde integrei materiais e processos das minhas práticas”, contou a autora acrescentando que Úlulu quer dizer placenta em forro ou lúngwa santomé. Segundo um ritual antigo da cultura são-tomense,” o úlulu é plantado, juntamente com o cordão umbilical, no grande quintal da família”. Assim, segundo as gerações mais antigas, as crianças crescem e viajam pelo mundo mas sabem sempre regressar à terra onde nascem.

A peça Úlulu” poderá ser vista de 3 a 5 de abril, no Teatro do Bairro Alto, em Lisboa e em maio no Festival Internacional de Teatro de Expressão Ibérica, no Porto.

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