Programa já tem 470 candidaturas de um total de 955 projetos a apoiar na região e 167 já receberam os cheques que podem ir de 500 a 1500 euros
A Aceleradora do Comércio Digital da Região Oeste, que está a ser dinamizada pela ACIRO e pela ACCCRO, já atingiu o objetivo para o primeiro ano, ao ultrapassar as 500 candidaturas. O programa, que visa apoiar perto de 1000 micro, pequenas e médias empresas da região na transição digital com uma dotação orçamental de 1,2 milhões de euros apresentou um primeiro balanço da operação numa conferência que teve lugar no auditório da Expoeste no passado dia 7 de novembro.
O Acelerar 2030 Oeste é mais que um programa de financiamento às empresas. Cátia Bernardino, gestora de transição digital da aceleradora do Oeste, explicou que o programa envolve um acompanhamento total do processo de digitalização. Cada empresa que pretenda aderir ao programa começa por fazer uma análise da sua maturidade digital e das suas necessidades através do preenchimento de um questionário simples.
O diagnóstico avalia a capacitação digital da empresa em seis dimensões, que são a estratégia e inovação; clientes; capital e finanças; cyber segurança e privacidade; processos e operações; e parcerias.
“Após o diagnóstico, ou é feita uma candidatura ao apoio para planos de transição digital, ou a empresa tem acesso a consultoria personalizada, formação e workshops com conteúdo de capacitação digital”, descreveu. Aquilatadas as necessidades e estabelecido o plano de ação, as empresas têm, então, acesso a um voucher de 500, 1000 ou 1500 euros, “de acordo com maturidade apurada”, realçou a gestora. Esses vouchers são convertidos em serviços de um catálogo de transição digital existente. Este dispõe de “294 serviços, distribuídos por 8 áreas distintas, fornecidos por 37 entidades acreditadas”, acrescentou.
Entre os serviços disponíveis estão alojamento em sites; publicidade e marketing digital; e-commerce; gestão de relacionamento com clientes; soluções de pagamento digitais, cyber segurança e proteção de dados; automatização de processos; análise de dados; consultoria em transição digital; e ferramentas de comunicação e moderação online.
O programa está acessível a micro, pequenas e médias empresas dos setores do comércio e serviços, incluindo restauração e similares, e ainda para o artesanato.
Cátia Bernardino afirmou que o programa no Oeste, que decorre até 30 de setembro do próximo ano, tem um envelope financeiro de 1,2 milhões de euros para apoiar um total de 955 empresas. No primeiro ano de atividade, conta com 470 candidaturas efetuadas, das quais 167 vouchers foram já atribuídos.
Trabalho terá continuidade
O programa Aceleradoras de Comércio Digital é um consórcio que tem como líder o Conselho Empresarial do Centro, uma entidade que o presidente Rogério Hilário descreveu como “uma cúpula de associativismo” que integra e zela pelos interesses das associações empresariais da região Centro.
Em termos gerais, o programa desenvolvido ao abrigo do PRR resulta de uma candidatura que conseguiu captar 11 milhões de euros de financiamento para apoiar até 5525 empresas. A CEC optou por fazer uma gestão descentralizada do programa, constituindo oito aceleradoras regionais. “Queremos ter proximidade às empresas e quem a tem são as associações e os seus técnicos”, afirmou.
Rogério Hilário explicou que este é um programa democrático de desburocratizado. “Os empresários só têm que estar disponíveis e perceber a mais-valia do projeto. Todos podem ter este serviço sem fazer absolutamente nada. Os técnicos das associações vão à empresa, fazem o diagnóstico, fazem a mediação com as empresas fornecedoras, têm de 100% financiamento, se assim entenderem”, afirmou.
O presidente do CEC acrescentou que o programa não terminará a 30 de setembro de 2025. Já esta semana irá arrancar a capacitação das associações para poderem continuar a prestá-lo. “Vamos tentar arranjar financiamento e o CEC vai fornecer ferramentas às associações para continuarem a trabalhar o pós-financiamento das empresas. É fundamental continuar este processo”, rematou.
Rogério Hilário disse que, mais que o futuro das empresas de comércio, o que está em jogo é a sua sobrevivência. E deu alguns exemplos, como o de uma cabeleireira que através da Acelerar 2030 adquiriu um serviço de agenda digital para gerir as marcações. Este permite que o agendamento seja feito pelos clientes numa plataforma online, que só tem que ser validado ao final do dia. “O tempo que gastava a gerir a agenda manualmente permitiu-lhe passar a fazer mais três ou quatro atendimentos e isso significa mais dinheiro na caixa ao final do dia”, realçou.
Luís Gomes, presidente da ACCCRO, disse que, por vezes, os empresários descuram o investimento em tecnologia por não ser algo tangível. “É preciso saber a importância que esta tem para as empresas serem mais eficientes”, destacou. Vítor Marques, presidente da Câmara das Caldas, disse que este é um programa “bastante importante”, porque investe “no que é um património muito significativo do nosso território, as nossas empresas”, apelando aos empresários que tenham “a mente aberta” para estas questões.
Presenta na apresentação esteve também Fábio Fernandes, chefe da divisão de avaliação de políticas para o comércio e serviços da Direção-Geral de Atividades Económicas. O dirigente disse que este é um projeto em que a DGAE acredita e que pode ser articulado com outro direcionado igualmente ao comércio e serviços, os Bairros de Comércio Digitais. “Caldas da Rainha tem um projeto aprovado com 450 lojas nos Bairros Digitais, que podem ser apoiadas pela aceleradora”, sustentou. ■