Formou-se na ESAD.CR e emigrou para Bélgica onde viveu uma década. Agora voltou às Caldas criou o seu próprio negócio ligado à cerâmica
Ana Cabral tirou o curso de Design de Cerâmica em 1994 na ESAD.CR.
Aos 50 anos abriu a sua oficina de cerâmica em pleno centro da cidade e trabalha para outras empresas e também desenvolve o seu próprio trabalho artístico.
Dedica-se sobretudo a criar peças em grés e em porcelana, utilitárias e decorativas.
O atelier fica na Travessa do Parque nº 12, numa das artérias que conduz ao parque D. Carlos I.
A autora veio da Grande Lisboa para as Caldas aos 19 anos para estudar. Por cá casou, constituiu família e decidiu emigrar para Bélgica.
Esteve naquele país entre 2014 e 2023, tendo trabalhado em vários empregos, incluindo fábricas de chocolate, de pão e por último de produção de microchips.
Numa das localidades onde viveram, em Ieper, – que fica na zona flamenga, perto de França e do mar – Ana Cabral encontrou uma academia dedicada às artes, entre estas, a cerâmica, onde teve a oportunidade de regressar ao barro. “Gostei muito de voltar à cerâmica que acabava por funcionar como uma terapia”, contou a autora.
Apoio do Estado para regressar
Só que as saudades de Portugal eram mais que muitas e, por isso, marido e filha foram os primeiros e dizer que queriam voltar e Ana Cabral acabou por concordar com a volta ao país, tendo usufruído do apoio do Estado, através do programa Regressar a Portugal.
Surgiu no início deste ano a oportunidade de arrendar o espaço onde trabalha e ainda de colaborar com o Laboratório de Histórias, marca caldense de designers que estudaram na ESAD.CR com Ana Cabral.
A autora adquiriu dois fornos e, para além das suas peças, também coze para outros autores. Ana Cabral também participou na Ode à Primavera tendo posteriormente feito uma exposição no Café Local.
Também coordena workshops não só no seu espaço como também no 19 Tile. Teve uma montra com as suas peças na imobiliária “O Seu Bairro”.
Ana Cabral tem a sua banca no mercado criativo Bazar à Noite e foi convidada a mostrar o seu trabalho nas três edições da iniciativa Amassar o Barro que aposta na aproximação da cerâmica contemporânea com o público.
Também vende as suas peças no próprio atelier e, no verão, abre a porta da rua para dar a conhecer o seu trabalho ao público. As suas peças que também decoram várias zonas da sua oficina custam entre os cinco e os 200 euros.
A cerâmica, para esta autora, é o seu modo de expressão de eleição. “É a minha forma de mostrar o que está cá dentro”, referiu a artista para quem o setor da cerâmica de autor “vive um bom momento” pois as pessoas “querem perceber melhor o processo e como tal valorizam o trabalho manual”, rematou a autora.■