CP reduz oferta na linha do Oeste e acaba com comboios directos para Coimbra

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Dois meses depois de ter eliminado dois comboios do seu horário, a CP prepara-se para acabar com mais quatro circulações na linha do Oeste e matar o serviço directo para Coimbra. A partir de 1 de Junho os comboios para norte das Caldas da Rainha passam de seis para três e terminam a marcha em Bifurcação de Lares onde os passageiros terão de fazer transbordo para Coimbra.
A empresa alega que não tem material circulante e que parte da sua frota a diesel está imobilizada porque as oficinas da EMEF não têm pessoal para a manter e reparar, situação que deverá agravar-se nos próximos meses.
A Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste já emitiu um comunicado onde diz que estas medidas representam “mais uma machadada” neste eixo ferroviário e “faz um apelo para que autarcas, deputados agentes económicos, sociais e culturais, população em geral, se manifestem contra esta e outras decisões da CP, que só põem em causa o futuro da Linha do Oeste”.
O Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, contactado pela Gazeta das Caldas, respondeu através de fonte oficial que “o governo defende o reforço, e não a diminuição, do serviço ferroviário, tendo entretanto reforçado essa sua posição junto do Conselho de Administração da CP”.

A partir de 10 de Junho a CP acaba com o serviço que mais êxito teve na linha do Oeste nos últimos seis anos – os comboios directos Caldas – Coimbra que faziam esta viagem em apenas 1 hora e 58 minutos e davam ligação naquela cidade aos serviços para a linha do Norte.
A transportadora pública vai transformar esses Inter-regionais em comboios regionais (com paragem em todas as estações e apeadeiros) que terminarão a sua marcha em Bifurcação de Lares, uma estação perdida no meio dos arrozais do Mondego, onde passam os suburbanos entre Figueira da Foz e Coimbra.
O tempo de viagem sai, obviamente, muito aumentado e o modo ferroviário fica a perder. Por exemplo, das Caldas para Aveiro ou Porto passa a ser necessário fazer dois transbordos e apanhar três comboios. Desaparecem ainda seis circulações diárias (três em cada sentido) entre Caldas e Leiria. E o último comboio do dia para o norte das Caldas da Rainha passa a sair às 16h28.
Esta redução da oferta acontece dois meses depois de a CP ter eliminado outros dois comboios alegando também falta de material circulante. Como isso não foi suficiente (tem continuado a haver supressões quase todos os dias) a empresa realiza mais um corte na sua oferta.

FALTA DE PESSOAL NAS OFICINAS

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Questionada pela Gazeta das Caldas, a CP assume que tem “carências estruturais de mão-de-obra” nas oficinas de Contumil (Porto), onde se realiza a manutenção e reparação de grande parte da frota de automotoras a diesel, situação agravada por uma greve a meio tempo que durou cinco semanas e que fez aumentar o material imobilizado.
A empresa diz que o governo não tem autorizado a contratação de mais pessoal para a EMEF (empresa do grupo CP que possui as oficinas de manutenção e reparação), o que faz com que este problema continue a ser estrutural e não se resolva tão cedo.
A mesma fonte oficial diz que a CP não penaliza especialmente a linha do Oeste. “Estamos a adoptar modelos de exploração em que todos os serviços saem afectados”, disse, incluindo as linhas do Douro, Minho, Alentejo e Algarve onde também circulam automotoras a diesel.
Este problema levou a que, em 2017, a CP tivesse suprimido na linha do Oeste 623 comboios (dos quais 428 em todo o seu percurso). Este ano, entre Janeiro e Abril já tinham sido suprimidos 233 (dos quais 222 em todo o seu percurso).
Desde 1 de Janeiro até ao momento a CP já gastou 15.550 euros em aluguer de autocarros para substituir comboios.
Os dados são da própria empresa que diz não ter nada a esconder no que diz respeito a este “problema estrutural” da falta de material circulante e de mão-de-obra para as suas oficinas.

“ACÇÃO DE LUTA” PARA BREVE

A Comissão Para a Defesa da Linha do Oeste diz, em comunicado, que considera “inaceitável” as alterações de horário propostas pela CP, em particular a supressão dos comboios directos entre as Caldas da Rainha e Coimbra, contra a qual anuncia para breve uma “acção de luta” em data a definir.
Quanto a um eventual reforço da oferta para S. Martinho do Porto, como aconteceu nos últimos verões, a CP diz que não sabe se tal será possível este ano, precisamente pela falta de material circulante.
Já o governo não parece alinhar pelas posições da CP. Em resposta a perguntas da Gazeta das Caldas endereçadas ao Ministério do Planeamento e das Infraestruturas, fonte daquele ministério disse que “o governo não teve conhecimento prévio” desta decisão da CP e que “defende o reforço, e não a diminuição, do serviço ferroviário, tendo entretanto reforçado essa sua posição junto do Conselho de Administração da CP”.

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