Filipe Mateus
Inspetor/Professor do Ensino Superior/Formador
Nesta semana vamos falar das associações centenárias ou quase centenárias do concelho das Caldas da Rainha. É certo que nestas instituições ao longo da sua vida foram vivenciadas inúmeras experiências boas e menos boas das suas atividades.
Existem no concelho das Caldas algumas associações como Associação Mutualista Montepio Rainha Dona Leonor, uma associação que atravessa uma grave crise financeira, apesar do seu Conselho de Administração ter anunciado por diversas ocasiões a construção do hipotético hospital que tarda a chegar, apesar da sua estratégia comunicacional quer demonstrar a vitalidade da instituição. Na senda do relatado já apresentaram o projeto hospitalar ao executivo camarário, mas desconhece-se o plano de negócios, bem como se existem fundos, investidores ou parceiros que se possam juntar para colocar de pé esta obra vital para a cidade. Para equilibrar as contas vende-se os anéis da instituição que são as residências do condomínio. Depois de esgotadas as fontes de rendimentos, questiona-se o destino a dar a esta instituição e se o hospital não irá passar de uma miragem.
Seguidamente temos a Santa Casa da Misericórdia das Caldas da Rainha, instituição quase centenária, celebra os 100 anos no ano de 2028, apresenta uma situação financeira que se pode considerar desafogada fruto de uma gestão rigorosa da sua mesa administrativa nestes últimos anos e que se espera que continue a produzir os seus frutos na senda da sustentabilidade financeira.
O Caldas Sport Clube, clube centenário, que recentemente elegeu uma direção maioritariamente jovem, com intuito de ultrapassar a situação financeira débil, em que foram gastos mais de 972 mil euros nos últimos 3 exercícios económicos da coletividade. Contudo estes novos órgãos sociais pretendem alcançar os resultados desejados na Liga 3 e sobretudo nas equipas de formação, mas urge que tomem medidas necessárias que vão de encontro à sustentabilidade financeira. É uma situação hercúlea, mas passível de realização.
O Sporting Clube das Caldas, outro clube centenário da cidade, que após uma restruturação financeira iniciada em 2020 e concluída em 2022, encontra-se na atualidade num patamar aceitável em termos financeiros de forma que atual direção possa fazer face aos encargos que acarretam a manutenção das modalidades e equipas que se encontram em atividade no clube.
Outra instituição que para o ano irá ter o seu centenário (se lá chegar!!!), é o jornal Gazeta das Caldas. A Cooperativa Editorial Caldense, entidade que detém o jornal, também para o ano vai celebrar os 50 anos. Aqui a situação financeira já viveu melhores dias, é urgente a sua reestruturação financeira e a feitura de um plano estratégico exequível de forma que a esta entidade possa sobreviver no curto prazo e que se crie as bases para a sua sustentabilidade financeira.
Como se pode verificar estas instituições deverão merecer uma melhor atenção dos seus associados, cooperadores e da própria autarquia local. São entidades onde já passaram milhares de pessoas e que de forma ou outra pertencem ao património imaterial da cidade. As necessidades que qualquer uma delas possa passar, deverá merecer, salvo melhor opinião, um “tratamento especial” e não pode estar sujeita aos ensejos pessoais dos decisores políticos.
Porém, caberá ao leitor saber fazer a destrinça de cada uma delas e caso seja possível, possa ser mais um elemento agregador para ultrapassar vicissitudes em termos de sustentabilidade financeira destas coletividades. ■