A indústria da região tem dificuldades em recrutar pessoal qualificado para profissões especializadas. Empregos em áreas como a serralharia, a mecânica industrial, ou a engenharia informática têm poucos profissionais habilitados em relação às necessidades das empresas. O problema não é novo, mas volta à discussão depois de revelado um estudo de competitividade regional que coloca o recrutamento como um dos problemas mais complicados para os empresários do distrito de Leiria.
Já o sector do comércio e serviços, que está em crescimento e a contratar, não tem registado problemas de maior em encontrar mão-de-obra.
Segundo o estudo para a Competitividade Regional, realizado a nível nacional pela Zaask e pela Universidade Católica, o recrutamento é a principal dificuldade dos empresários do distrito de Leiria e o sul do distrito não é alheio ao problema.
Há mais oferta de emprego do que procura em profissões especializadas como nas áreas da serralharia, metalomecânica, mecânica industrial, electromecânica e electricidade. O problema também afecta as empresas mais viradas para as novas tecnologias, onde as carências aumentam, por exemplo ao nível dos engenheiros informáticos e dos programadores.
Este é uma questão problemática principalmente para o sector industrial e tem sido discutida amplamente, quer pelos empresários, quer por responsáveis das escolas de formação profissional e também por responsáveis autárquicos.
Esta falta de mão-de-obra especializada causa um problema de competitividade na indústria da região. É que se além das dificuldades para as empresas que cá estão sedeadas, impede que outras se fixem na região. E como este tipo de mão-de-obra é escassa, os profissionais destas áreas acabam por procurar emprego em regiões onde os salários oferecidos são mais elevados.
COMÉRCIO E SERVIÇOS ESTÁ A CONTRATAR
No sector do comércio e serviços (o mais abundante nas Caldas), a falta de mão-de-obra disponível não é um problema, revela Paulo Agostinho, presidente da ACCCRO. “Não são profissões técnicas e a procura existe, até porque a taxa de desemprego continua elevada”, observa.
O que se verifica, no entanto, é que os empresários começam, também nestas áreas profissionais a procurar pessoas cada vez mais competentes e com mais formação. “O capital humano é muito importante e é visto como um investimento que é necessário fazer porque tem implicações nos resultados das empresas”, diz Paulo Agostinho.
Nesse aspecto a região está bem servida, acrescenta, muito por influência das escolas e dos cursos profissionais, que também estão a contribuir para pessoal mais qualificado nestas áreas.
Paulo Agostinho refere que os próprios comerciantes têm pedido à associação comercial oferta formativa para os profissionais que já têm nos seus quadros a fim de dar resposta às exigências cada vez maiores do sector para melhor servir os clientes.
O que também se verifica, acrescenta Paulo Agostinho, é que ainda existe alguma rotação nestes empregos, sobretudo quando se tratam de pessoas que têm formação para actividades diferentes das que estão a exercer.
O presidente da ACCCRO salienta que o sector do comércio, restauração e serviços está a crescer e a contratar, muito por influência do crescimento do turismo na região, que acaba por influenciar todos os sectores. “Já não se nota tanto os picos que se verificavam no Verão e próximo do Natal, a actividade começa a estabilizar durante todo o ano”, sustenta.
Gazeta das Caldas tentou também contactar o Centro de Emprego das Caldas da Rainha, mas não obteve resposta por parte da directora Célia Roque sobre esta problemática. O Centro de Emprego também não respondeu ao nosso jornal sobre quais as propostas de emprego que demoram mais tempo a preencher.
MAIS OFERTA PARA EMPREGO NÃO QUALIFICADO
Uma análise pelas propostas de emprego disponíveis na página do IEFP na internet permite detectar alguns padrões na região. Há mais ofertas de emprego em áreas como a construção civil, a restauração e bar, a indústria transformadora e na limpeza. Há também procura por motoristas, mecânicos, embaladores, comerciais e operadores de máquinas.
A maioria das ofertas não pede qualificação avançada, mas também não oferece remunerações muito acima do salário mínimo nacional.
Uma questão que também parece ser problemática e que leva vários candidatos a recusar empregos, sobretudo quando se trata de trabalhos por turnos, é a falta de transporte. O problema é geral, mas agudiza-se nas zonas rurais, e deve-se às carências da rede de transportes públicos em termos de horários.
Voltando ao estudo de competitividade regional da Zaask e da Universidade Católica, que teve por base inquéritos a empresários, a facilidade em contratar mereceu a nota global de 2,4 valores em 5 possíveis. Com classificação inferior a nível nacional ficaram apenas a região autónoma dos Açores, com 2,2, Beja e Guarda, ambos com 2,3 valores.
Os empresários do distrito de Leiria colocam também a falta de acompanhamento do governo como uma das principais dificuldades que atravessam, atribuindo também 2,4 valores a esta rubrica.
Pela positiva, os empresários destacam as perspectivas de evolução empresarial, com 3,5 valores, o que os leva a aconselhar o distrito para lançar um negócio, com nota de 3,6 valores. A situação financeira das empresas está acima da média nacional, com 2,9 valores para uma média nacional de 2,8.