Geada destruiu culturas de Inverno mas pode ajudar a pêra e a maçã

0
1562
Noticias das Caldas
Mesmo dentro das estufas o frio extremo e prolongado causou estragos nas culturas. Ao ar livre não foi possível salvar os produtos. F.F.
- publicidade -

O frio intenso que fez baixar os termómetros a temperaturas negativas durante grande parte do mês de Janeiro causou prejuízos aos produtores de hortícolas na região. As culturas mais afectadas foram as de couve, alface e curgete, mas também a batata e o tomate. Contudo nem tudo são más notícias: para as árvores de fruto mais comuns na região, as macieiras e as pereiras, a vaga de frio pode significar uma campanha de 2017 produtiva.

No primeiro mês de 2017 o frio foi extremo, com baixos índices de humidade relativa e durante um período prolongado, o que acabou por prejudicar os agricultores que arriscaram cultivar.
As temperaturas negativas provocadas pela geada destruíram completamente as culturas ao ar livre, como a batata, a couve e a curgete, adianta o presidente da Associação. Mas também afectou com gravidade as plantações em estufa não aquecida, que representam a grande maioria das culturas na região. Nestas, a alface teve perdas parciais. Já o tomate tem como principal consequência o atraso da chegada deste fruto ao consumidor. “Queimou os rebentos e as flores, o que vai provocar um atraso de um mês na produção”, disse à Gazeta das Caldas o presidente da Associação Interprofissional de Hortícolas do Oeste (AHIO), António Gomes. Por norma o tomate chega ao mercado em Abril.
António Gomes refere que não é possível quantificar as perdas, mas adianta que “são sempre valores altos, que podem chegar aos milhões de euros”.
Além dos prejuízos para os agricultores, este é um problema que vai acabar por afectar os consumidores. Ao atraso na chegada de alguns produtos, também se estima que haja um aumento dos preços, até porque não foi só em Portugal que o problema surgiu. No sul de Espanha, na Costa do Sol, de onde vêm a maioria dos produtos nesta altura do ano, também houve muita geada, o que faz com que haja falta de produtos, tendo em conta a procura grande que existe também por parte dos mercados da Europa do Norte.
Emídio Silva, engenheiro agrícola, explica que as plantas são afectadas ou mesmo mortas por acção do frio devido à cristalização da água, que provoca que as células das folhas das plantas quebrem.
Além dos hortícolas, também algumas frutas são afectadas, nomeadamente as que nesta altura do ano ainda têm folhas, como as laranjeiras e outras espécies tropicais ou semi-tropicais, que não são tão adaptadas ao rigor deste tipo de inverno.
Em relação à batata, apesar de quem arriscou a plantação nesta altura do ano ter sido afectado, o engenheiro agrícola refere que as perdas podem não ser totais nos casos em que a planta, semeada em Dezembro, não tenha ainda saído da terra e a chuva caída nos últimos dias até pode dar uma ajuda.

- publicidade -

 

FRIO FAVORECE MAÇÃ E PERA

 

Se para os hortícolas o frio intenso causou prejuízos, para a maçã e para a pêra rocha o frio que se registou pode significar uma campanha de 2017 promissora caso as  condições se mantenham favoráveis. As pomóideas (como as macieiras e as pereiras) e as prunóideas (como os pessegueiros, cerejeiras e ameixoeiras) passam por um processo natural de vernalização. “O efeito é que a floração ocorrerá mais cedo e será mais homogéneo”, refere Emídio Silva, que acrescenta, no entanto, que é importante que não surja agora uma segunda fase de geada, que, aí sim, poderia ser desastrosa para estas culturas.
“Se a temperatura subir, nas pronóideas a floração pode começar na primeira quinzena de Fevereiro, o que expõe as árvores a esse risco”, refere o engenheiro agrícola. Este é o receio dos fruticultores nesta altura, acrescenta, “mas a esperança é que vai ser um ano bom para estas frutas”.
Além do frio, o que também está a preocupar os agricultores da região é a falta de chuva, que pode resultar em falta de água nos meses mais quentes.
Este é, acrescenta, um problema que já se está a sentir noutras zonas do país, como no Alentejo para as culturas de cereais.

Noticias das Caldas
|J.R.
Noticias da Caldas
| J.R.

 

- publicidade -