Jovens produtores frutícolas podem candidatar-se à Academia Compal

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agricEstá a decorrer até 10 de Março a fase de candidaturas para a terceira Academia do Centro de Frutologia da Compal. A iniciativa é dirigida a jovens agricultores (até aos 40 anos de idade) que estejam a lançar novos projectos de produção e o prémio para os três melhores é uma bolsa de 20 mil euros.

Esta iniciativa procura estimular a inovação na fruticultura nacional e é dirigida a candidatos que estão a instalar-se pela primeira vez, a aumentar ou a reconverter a exploração frutícola.
Das candidaturas submetidas, 12 formandos vão frequentar a academia. O objecto do estudo envolve as vertentes técnicas da produção, com módulos teóricos e sessões práticas no terreno. E este ano são introduzidas algumas novidades que respondem às necessidades dos participantes nas áreas da gestão agrícola, do associativismo, da tecnologia e da sustentabilidade.
José Jordão, presidente do Centro de Frutologia Compal, refere que um dos desafios para este ano é a remodelação dos modelos de negócios, porque os actuais “não são nada simpáticos para quem quer começar”, considera.
“Os modelos de negócio têm incumbentes – as partes interessadas que dominam a corrente de valores – que nunca vão deixar de dominar neste modelo de negócio”, explicou, referindo-se principalmente às cadeias de supermercados que ditam as regras na relação com os produtores ao nível dos preços e dos prazos de pagamentos.
O Centro de Frutologia vai passar ainda a ter um laboratório para investigar novas espécies.
As candidaturas estão abertas até 10 de Março e incidem sobre as regiões do Oeste, Algarve, Alentejo, Beira Interior Sul, Cova da Beira, Douro e Ribatejo e abrangem um alargado leque de espécies, que incluem a maçã e a pêra rocha.
As inscrições podem ser feitas em www.centrofrutologiacompal.pt.

A experiência de Miguel Canha

Na abertura das candidaturas deste ano, o Centro de Frutologia Compal organizou uma visita à exploração de Miguel Canha, um alcobacense que participou na primeira edição da academia.
Engenheiro Agrícola de profissão, Miguel Canha contou que já estava a começar quando tomou conhecimento da Academia e, por isso, não pôde mudar muitas coisas na exploração. Mas a participação permitiu-lhe aprofundar os conhecimentos técnicos a variados níveis, pelo que recomenda a experiência aos produtores da região.
“Mostraram explorações, ensaios de preparação de solo, as diferentes regas. Ajuda muito a perceber se se justifica determinado investimento ou não e a rentabilidade que se obtém”, referiu.
O jovem empresário, com 36 anos, não se dedica a tempo inteiro à exploração. Tem três hectares de pêra rocha, mais 1,5 hectares de maçã na Chiqueda, junto ao Parque dos Monges.
Plantada em 2012, a exploração é ainda jovem e só deu fruta em 2013. Para já, apenas 2,6 toneladas. A próxima será, por isso, a primeira época de produção rentável.
“Cada vez mais isto é alta competição, temos que treinar o máximo possível cada árvore e dar-lhes as melhores condições possíveis, através da maquinaria, da adubação, da rega, para que ela produza o máximo possível”, realça o jovem fruticultor. Que acrescenta, nesse âmbito, que qualquer erro é suficiente para comprometer toda uma campanha, por causa das doenças ou das pragas. “Temos que ser cada vez mais profissionais”, concluiu.